O Mercado na Semana
A bolsa brasileira caiu -0,65% na semana, com aumento do risco externo e repercussões fiscais no radar. O S&P 500 sofreu queda de -3,05%, reflexo das tensões geopolíticas e resiliência da economia americana. Por consequência da aversão ao risco internacional, o dólar foi bastante impactado essa semana e fechou a R$5,20, alta de 1,6%.
Brasil
No Brasil, a semana foi marcada pelo estresse nos mercados causado pela piora no cenário internacional, aumentando a aversão ao risco do investidor estrangeiro, levando a uma forte depreciação do real e queda da bolsa, além da abertura da curva de juros. Apesar de grande parte da piora ser consequência do cenário externo, o ambiente doméstico não contribuiu, em particular, o cenário fiscal apresentou deterioração, com o ministério da Fazenda alterando a meta fiscal de 2025. Até então, a meta era de alcançar um superávit primário no próximo ano, com a meta agora sendo déficit zero, o que, pelas regras do novo arcabouço fiscal, permite até um déficit de 0,25% do PIB. Como consequência, observa-se a taxa de juros real de um ano saltou de 6,05% para 6,24% em um mês, e o banco central já passa a adotar um discurso mais cauteloso sobre os próximos passos da política monetária, elevando ainda mais a incerteza.
Internacional
No âmbito internacional, o cenário continua apontando para uma resiliência da economia americana. Os dados de venda no varejo vieram muito acima do esperado, enquanto a produção industrial continua em patamar robusto. Além disso, o mercado de trabalho dá sinais de que continua bastante aquecido, com os novos pedidos de seguro-desemprego abaixo da expectativa. A projeção de momento é que o PIB americano irá crescer 2,9% no 1º trimestre na taxa anualizada, indicando que o aperto monetário não tem sido suficiente para induzir uma desaceleração. Com o resultado ruim de inflação de fevereiro e as tensões geopolíticas, o mercado se tornou bem mais pessimista, antecipando juros elevados por ainda mais tempo, gerando repercussões na economia mundial.
Próxima semana
Na próxima semana, a agenda doméstica será tímida, com a principal divulgação sendo o IPCA-15 de abril, na sexta-feira. Além disso, teremos a divulgação do indicador de confiança do consumidor na quarta-feira e do saldo de empregos formais na sexta-feira. Nos EUA, as atenções estarão voltadas à divulgação da inflação de março medida pelo PCE, na sexta-feira. Além disso, teremos decisões de política monetária na China e no Japão, com potencial de gerar ruídos no mercado internacional.