Cautela prevalece com escalada da desaceleração global
O Ibovespa encerrou a semana em alta de 1,46% registrando 108.489 pontos, destoando das bolsas estrangeiras, que seguem em clima de cautela com a escalada da desaceleração global. Desta vez, as ações de commodities ajudaram o índice, acompanhando o movimento de incentivo econômico do banco central chinês, que diminuiu os juros além das expectativas. Com isso, ações da Vale e Petrobras contribuíram positivamente, já as companhias de consumo como Magazine Luiza, pesaram no lado negativo com balanço ruim da varejista e um ambiente desafiador. Também contribuíram para alta do índice na semana as ações do setor financeiro, após temporada de balanços, com ações do Banco do Brasil contribuindo positivamente. Desta forma, os índices setoriais em destaque na semana foram o UTIL, com alta de 3,23%, IMAT avançando 2,86% e IFNC subindo 2,69%. Em contrapartida o ICON caiu 2,24% na semana.
No cenário macroeconômico, o monitor do PIB da FGV reforçou o quadro positivo para a atividade no primeiro trimestre, apontando para crescimento de 1,5% na comparação ao trimestre anterior. Em particular, esse desempenho positivo está associado à recuperação da prestação de serviços e à utilização da poupança acumulada ao longo dos últimos anos pelas famílias. Além disso, a inflação medida pelo IGP-10 mostrou forte desaceleração para 0,1%, puxada pela deflação de 0,1% no IPA, o que está associado à normalização de preços de produtos agropecuários. Prospectivamente, no entanto, a possibilidade de um novo reajuste da gasolina é um risco relevante para a evolução do quadro inflacionário.
No tocante ao quadro fiscal, o Setor Público divulgou superávit de R$ 4,7 bilhões em março, acumulando 1,4% em 12 meses. Vale citar que o resultado do mês é bastante influenciado pelo superávit do agregado dos governos regionais de cerca de R$ 11,9 bilhões, enquanto as despesas com juros aceleraram, em linha com o avanço da Selic e do IPCA. No médio prazo, ainda vemos um cenário de relativa melhora para as contas públicas, mesmo incorporando as isenções fiscais concedidas recentemente, de forma a permitir a estabilização da dívida bruta como fração do PIB nos próximos anos.
No cenário externo, as principais economias mostraram sinalizações distintas. Na China, as vendas no varejo retraíram 11,1% em abril na comparação interanual, enquanto a produção industrial teve queda de 2,9% na mesma base, mostrando um quadro de atividade econômica ainda bastante restrita pelo combate à pandemia. Por outro lado, os indicadores de atividade nos Estados Unidos cresceram no mês, e já superam a tendência pré-pandemia, o que aponta na direção de uma economia sobreaquecida, dificultando a tarefa do FED de trazer a inflação de volta à meta nos próximos meses.
Empresas e Setores
Fogo em refinaria da Petrobras (PETR4) em Cubatão, SP não deixou feridos e segundo a empresa não impactará a produção de derivados ou risco de abastecimento. | Lucro despencando. A Auren Energia (AURE3) reportou queda de 86,9% no a/a de seu lucro líquido no 1T22. A receita líquida da empresa foi de R$ 1,38 bi (-1,9% a/a) e EBITDA somou R$ 340,3 mm (-4,4% a/a). | Resultado abaixo do esperado da Cemig (CMIG4), com aumento de 11,6% a/a das despesas operacionais. A energia faturada pela Cemig GT foi de 6,9 mm de MWh (-3,2% a/a), enquanto Cemig Distribuição registrou volume final de 11,1 mm MWh (-3,4% a/a). A Gasmig transportou 2,9 mm de m3 /dia (-21,6% a/a). (Comentário CMIG4) | Pressão de custos traz desempenho operacional abaixo da expectativa para a Copasa (CSMG3) no 1T22, que reportou receita líquida de R$ 1,27 bi (-1% t/t) enquanto seus custos avançaram 12,3% a/a, totalizando R$ 1 bi. O EBITDA da companhia encerrou o trimestre em R$ 445 mm (-14,4% a/a). (Comentário CSMG3) | Desaquecimento operacional. A Cyrela (CYRE3) reportou no 1T22 um VGV de R$ 882 mm em lançamentos (+54% R/E) e R$ 1.194 mm em vendas líquidas (-12% t/t e +31% a/a). O EBITDA estimado foi de R$ 196 mm (-27% t/t e -13% a/a). (Comentário CYRE3) | Desempenho financeiro positivo para o resultado. A Eletrobras (ELET6) reportou R$ 9.181 mm em receita líquida para o 1T22, 12% maior que o mesmo período de 2021. O EBITDA da empresa foi de R$ 3.752 mm (-2,7% a/a). O lucro líquido da companhia foi 69% maior que o ano anterior, somando R$ 2.716 mm. | Recentes aquisições auxiliam o resultado. A Equatorial (EQTL3) divulgou resultados positivos no 1T22 com EBITDA e lucro líquido ajustados de R$ 1,7 bi e R$ 505 mm, respectivamente. (Comentário EQTL3) | Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades. A Hapvida (HAPV3) trouxe seu primeiro resultado consolidado desde sua fusão com a Notredame Intermédica. A receita líquida consolidada foi de R$ 2.599 mm (+108,4% a/a). O EBITDA consolidado foi de R$ 284 mm (-39,1% a/a) e o prejuízo reportado foi de R$ 182 mm (vs. lucro líquido de R$ 152 mm no 1T21). (Comentário HAPV3) | Apesar do lucro, sinistralidade pressionou operacional. O IRB Brasil (IRBR3) reportou resultados em linha com nossas expectativas para o 1T22, com lucro líquido de R$ 81 mm (+58,3% a/a e +3,2% R/E), o resultado foi beneficiado pelo efeito não recorrente de ganhos em ações judiciais. (Comentário IRBR3) | Dinâmica macro dificulta vendas e rentabilidade da Magalu (MGLU3) que divulgou resultados mistos no 1T22, a receita líquida da companhia foi de R$ 8,8 bi (+6,2% a/a) enquanto seu EBITDA ajustado somou R$ 434,2 mm (+1,7% a/a). (Comentário MGLU3)
IPOs & Afins
Nesta quarta-feira (18/05), o Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou por 7 votos a 1 a segunda etapa do processo de privatização da Eletrobras. O plano é utilizar o modelo de capitalização no qual a empresa, por meio de oferta subsequente de ações (follow-on), diluirá a posição do acionista controlador. Os ministros avaliaram a modelagem de venda proposta pela União, que deve reduzir a participação do governo de 72% para 45% no capital da Eletrobras. A operação tem potencial para movimentar até R$ 30 bilhões de reais e poderá aquecer o mercado de oferta de ações esse ano, que até então esteve bem parado.
Fusões e Aquisições
Na segunda-feira (16), a Totvs (TOTS3) comunicou que o governo de Cingapura, através da GIC Private Limited, passou a deter o total de 6,43% do capital social da companhia, após anunciar nessa semana a obtenção de forma isolada da participação de 4,9%, equivalente a 30.316.119 ações ordinárias. Segundo a companhia, o GIC não possui a pretensão de modificar a estrutura ou adquirir controle acionário da Totvs. | Além disso, na terça-feira (17), o Fleury (FLRY3) em conjunto com a Atlântica Hospitais, controlada do Bradesco (BBDC4), e a Beneficência Portuguesa, comunicaram a criação de uma joint venture para o desenvolvimento de toda jornada de pacientes oncológicos. Para a operação serão investidos R$ 678 milhões em cinco anos, no qual cada integrante deterá 1/3 da nova companhia. | Por fim, na quarta-feira (18), a BR Properties (BRPR3) informou ao mercado sobre a venda de 80% do seu portfólio para Brookfield por R$ 5,9 bilhões, com o objetivo de otimizar a sua estrutura de capital, assim como ampliar a rentabilização de suas operações com a reciclagem de seu portfólio. (Confira nosso comentário aqui)
Fundos Imobiliários
Em semana de nova correção, o IFIX teve variação de +0,5%. Seguem os principais fatos relevantes da semana: AFHI11: Foi comunicada o encerramento de sua 2ª oferta publica de emissão, onde foram emitidas e integralizadas 437.378 novas cotas, perfazendo o montante total de R$ 342 mm captado. | BTLG11: Em complemento ao fato relevante do dia 15/03/2022, em que foi informada a assinatura de aditivo ao CVC referente à venda dos seguintes imóveis: 1) Itambé São Paulo, 2) BTLG Dutra RJ, 3) Magna Vinhedo, e 4) Ceratti Vinhedo, vêm pela presente, informar aos cotistas e ao mercado em geral, que: i) No dia 13/05/2022, foi lavrada a escritura de compra e venda dos ativos Magna Vinhedo e Ceratti Vinhedo, formalizando a venda dos ativos pelo montante de R$ 110.071.177,92, sendo acusado naquela data o recebimento de R$ 45.833.618,40. ii) Ademais, informamos que o distrato do ativo BTLG Dutra RJ está em fase de finalização e assim que for concluído, será avisado de forma tempestiva ao mercado, efetivando a operação de Venda. | VGHF11: O administrador aprovou a realização da 4ª emissão de cotas do fundo, com montante total de até R$ 250 mm, correspondente a até 26.595.745 novas cotas a serem emitidas pelo preço unitário de R$ 9,40. | MXRF11: Foi comunicado, nesta data, que o colegiado da CVM, em Reunião nº 17/2022, deu provimento, por unanimidade, ao pedido de reconsideração da requerente, e, reconsiderando entendimento da rescisão anterior, decidiu reconhecer a regularidade do tratamento contábil dado à distribuição de lucro caixa excedente em prejuízos/lucros acumulados, e não como amortização de cotas integralizadas, observadas, prospectivamente, as considerações feitas a respeito dos aspectos informacionais necessários à adequada proteção dos investidores, dada a coexistência de elementos pertinentes a regimes distintos de apuração e distribuição de lucros pelo fundo.
Agenda da Semana
O principal indicador econômico da agenda doméstica na próxima semana será o IPCA-15 de maio. Esperamos que o indicador desacelere para 0,3%, abaixo da mediana do mercado, o que reflete principalmente o impacto da bandeira tarifária em patamar verde definida em meados de abril. Outro número importante será a criação de empregos formais em abril, que deve mostrar leitura próxima de 140 mil novas vagas, em linha com o observado no mês anterior. Completam a agenda o dado de confiança do consumidor e o relatório da dívida mobiliária federal. Externamente, será divulgada a ata da última decisão de política monetária nos Estados Unidos, com a percepção do FED a respeito da conjuntura econômica do país. Além disso, conheceremos também a inflação de abril medida pelo PCE, cujo núcleo deve recuar para 4,9% em 12 meses, ante 5,2% no mês anterior.
Top da Semana
Ações da Locaweb (LWSA3) apresentaram a maior alta da semana – 27,1% - após o fundo, General Atlantic, aumentar participação. A Ecorodovias (ECOR3) subiu 16% após vencer o leilão de sistema rodoviário Rio-Governador Valadares. Com recompra de ações, CSN (CSNA3) teve a terceira maior alta de 10,7%. Graças ao aval do TCU, Eletrobras (ELET3; ELET6) terminou a semana no azul. Fechando as maiores altas estiveram a Cielo (CIEL3), Eneva (ENEV3), Via (VIIA3), Cemig (CMIG4), CSN Mineração (CMIN3). Por outro lado, dentre as maiores perdas da semana, a Hapvida (HAPV3) recebeu o primeiro lugar, com queda de -17,3%, em reflexo ao prejuízo divulgado no 1T22. Em complemento, a Magazine Luiza (MGLU3) também espelhou resultados negativos e fechou com perda de 16,2%. Petz (PETZ3) apresentou balanço abaixo das expectativas e caiu 9,4%. Completando as maiores quedas com Embraer (EMBR3), PetroRio (PRIO3), Alpargatas (ALPA4), Banco Pan (BPAN4), GPA (PCAR3), JBS (JBSS3) e Dexco (DXCO3).