Macroeconomia


O Mercado na Semana

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Rafaela Vitória

Publicado 22/abr5 min de leitura

Risk off

Em semana marcada pela aversão ao risco que se instaurou nos mercados internacionais, com revisões para baixo de projeções de crescimento global, o FED com discurso mais hawkish quanto às medidas para controle da inflação e incertezas quanto à guerra na Ucrânia e seus desdobramentos, o Ibovespa seguiu o fluxo e despencou 4,4% no acumulado semanal, refletindo em especial a queda significativa das ações do setor de Siderurgia e Mineração, após dados da economia chinesa decepcionarem em março e com resultados aquém do esperado tanto de Vale quanto de Usiminas. Com isso, o IMAT foi o grande destaque negativo do período, com queda acumulada de 6,97%, totalizando mais de 10% de perdas no mês. Na outra ponta, o IMOB fechou de lado, com leve queda de 0,11%.

Lá fora, tivemos novas declarações do presidente do Fed admitindo que o aumento de juros na próxima reunião deve ser maior, chegando a 50 bps. Apesar do mercado já discutir essa possibilidade há algum tempo, a realidade foi uma nova onda de aversão a risco com queda nas bolsas, aumento dos juros e alta do dólar. Outras notícias também contribuíram para esse movimento, como as revisões de crescimento global pelo FMI e pelo banco Mundial. A nova onda de Covid e o lockdown na China, assim como a guerra que já está no seu segundo mês, reduziram as expectativas de crescimento, principalmente para os países da Europa e da Ásia. Com menos crescimento e menores juros, o mercado mudou para o modo risk off. A menor expectativa de crescimento global também teve impacto nos preços das commodities que tiveram queda de 1% na semana, mostrando uma acomodação na margem, o que pode significar alívio para a inflação global.

Aqui no Brasil, tivemos mais um adiamento do TCU sobre a privatização da Eletrobrás, que pode ser postergada para julho, aumentando a chance de não ocorrer esse ano devido ao calendário eleitoral. A inflação medida pelo IGP- 10 de abril ainda foi bastante alta, 2,48%, mas a inflação a partir da segunda quinzena de abril terá impacto negativo bem significativo das contas de energia elétrica, bem como o fim do impacto da alta dos combustíveis. Nós revisamos nossas projeções para o ano e esperamos um PIB maior, 0,8%, resultado das surpresas positivas, principalmente do varejo, no primeiro trimestre, que pode já mostrar um crescimento na margem de 0,5%. Também revisamos nossa expectativa para a inflação, com o impacto maior da alta dos combustíveis em março, mas com o cambio em R$4,90, esperamos que o BC suba a Selic até 12,75%. O presidente do banco central voltou a falar que o fim do ajuste da Selic está próximo e com a volta da divulgação do Focus, com a suspensão da greve do BC, poderemos novamente ter a leitura das expectativas para 2023, que pode confirmar o atual plano do Copom ou indicar que um ajuste adicional em junho talvez seja necessário. Confira aqui nosso relatório de revisão de cenário!

Empresas e Setores

Inaugurações somando resultados positivos. A varejista Assaí (ASAI3) apresentou recorde na receita líquida totalizando de R$ 11,4 bi (+21,1% a/a) no 1T22, o resultado vem após expansão do número de unidades ao longo dos últimos meses. | Distribuição de energia e proventos. A Auren (AURE3) anunciou o pagamento de R$ 100 mm em dividendos, o valor equivale a R$ 0,10/ação. Dividendos bilionários. A Braskem (BRKM5) comunicou o pagamento de dividendos complementares de R$ 1,350 bilhão, correspondendo a R$ 1,696/ação. | Mais dividendos! A CCR (CCRO3) comunicou o pagamento de dividendos no total de R$ 176,6 mm, o valor por cota equivale a R$ 0,087. | Andou de lado. O Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) reportou seus dados operacionais para o 1T22, a receita de vendas da companhia foi de R$ 3,8 bi (vs. 4,3 bi 1T21, desconsiderando o segmento Extra). | Bons resultados para a varejista. O Carrefour Brasil (CRFB3) apresentou os dados operacionais do 1T22, com receita líquida de R$ 20,7 bi (+14,5% a/a) com destaque para o crescimento de 51% no volume bruto de mercadorias vendidas por meio da plataforma digital da companhia. | Desempenho moderado, dados neutros. A EZTec (EZTC3) apresentou seus dados operacionais para o 1T22, a receita da empresa foi de R$ 489 mm (-0,4% t/t). | Crise na gigante do streaming. A Netflix (NFLX34) anunciou seus resultados do 1T22, com uma queda de 200 mil assinantes no período, as ações da companhia despencaram, na Nasdaq a queda chegou a ser de 37%, os BDRs recuaram mais de 25%. | Pingando aí? O Santander (SANB11) aprovou a distribuição de R$ 1 bi na forma de juros sobre capital próprio a serem pagos no dia 16 de maio. O valor pago por unit será de R$ 0,268. | Receitas acima, mas custos pesam. A Usiminas (USIM5) inicia a temporada de balanços do setor apresentando uma receita líquida de R$ 7.845 mm (-2,5% t/t e +10% Inter Research), o EBITDA Ajustado foi de R$ 1.560 mm (-36,6% t/t e -9% Inter Research). (Comentário USIM5

IPOs & Afins

Com feriado no meio da semana, o noticiário de IPOs e afins segue devagar no Brasil. Assim, o destaque vai para um movimento que ocorre no exterior, com a Deezer anunciando seus planos de abertura de capital em Paris. Vale comentar que a concorrente da plataforma de streaming, o Spotify, realizou IPO em 2018 e hoje possui um valor de mercado de 23 bilhões de dólares. 

Fusões e Aquisições

Na segunda-feira (18), a Tupy (TUPY3) anunciou a aquisição da MWM do Brasil, fabricante de motores de terceiros, por um montante de R$ 865 milhões. A operação segue com a estratégia de expansão da Tupy, no qual a partir da combinação entre os negócios a companhia pretende agregar valor aos seus produtos, assim como ingressar no ascendente segmento de soluções para descarbonização. | Além disso, através de suas controladas, o Itaú (ITUB4) comunicou a aquisição de 12,82% do marketplace de agronegócio, Orbia, com o objetivo de ampliar a sua atuação no setor e facilitar o acesso ao crédito para base de clientes da adquirida. | Já, na terça-feira (19), a Aliansce Sonae (ALSO3) apresentou nova proposta para fusão com a BrMalls (BRML3), no qual foi ofertado R$ 1,25 bi em dinheiro mais a entrega de 326 milhões de ações de sua emissão. (Confira nosso comentário). | Por outro lado, com propósito de gerar sinergias e obter ganhos de escala, a Mills (MILS3) anunciou a aquisição de 100% da Tecpar Equipamentos, por R$ 45,8 milhões. | Não o bastante, a Viveo (VVEO3) informou a sua quinta aquisição do ano, com a compra da Boxifarma, motivada pelo objetivo de agregar as operações da adquirida ao seu ecossistema, além de gerar mais valor para o seu negócio com serviços de unitarização. | Além disso, na quarta-feira (20) a Oi (OIBR3) concluiu a venda de seus ativos UPI Móveis para Tim, Claro e Vivo por R$ 15,92 milhões. | Por fim, o Grupo GPS (GGPS3) comunicou o mercado sobre a compra da Global, prestadora de serviços em recursos humanos, por meio de sua controlada. 

Fundos Imobiliários

Com comportamento estável, o IFIX fechou a semana com variação de 0,09%. Seguem os principais fatos relevantes da semana: 

CVBI11: Foi aprovada a 7a emissão primária do fundo, com esforços restritos de colocação nos termos da Instrução CVM no 476, com montante estimado de R$ 100 mm a serem levantados com a oferta, por meio da emissão de 1.002.406 novas cotas pelo valor unitário de R$ 99,76, sem considerar os custos da emissão. | HFOF11: A administradora aprovou a 12a emissão primária de cotas do fundo, com esforços restritos nos termos da Instrução CVM no 476. O montante total da oferta é estimado em R$ 86 mm através da emissão de 1.012.993 novas cotas. | BTCR11: O fundo comunicou a aprovação da distribuição pública primária de cotas da 5a emissão nos termos da Instrução CVM no 400, onde pretende-se captar um montante inicial aproximado de R$ 258 mm, por meio da distribuição de 2.607.969 novas cotas, com preço unitário fixado em R$ 95,86. | VGIP11: Foi comunicado pelo fundo o início de sua de sua 7a emissão primária de cotas, que deve variar entre o lote mínimo de 212.450 e o máximo de 2.655.620 novas cotas com preço unitário fixado em R$ 94,14, o que deve totalizar um levantamento de capital entre R$ 20 mm e R$ 250 mm. | SDIL11: O fundo comunicou o pagamento da 3a e última parcela de aquisição do Centro Logístico Contagem, no valor de R$ 130 mm. O pagamento da parcela e demais custos da operação foram concretizados por meio da estruturação de um CRI no valor de R$ 160 mm.

 

Agenda da Semana

A próxima semana trará diversos indicadores importantes a nível doméstico e internacional. Internamente, no âmbito da inflação, conheceremos o IPCA- 15 de abril, para o qual projetamos alta de 1,85%, com a pressão sobre combustíveis e alimentos. O IGP-M, por sua vez, deverá mostrar sinais heterogêneos na inflação ao produtor, com os preços em reais de algumas matérias primas beneficiados pela valorização do câmbio contrapostos ao aumento persistente do diesel e de fertilizantes. Além disso, será divulgada também a taxa de desemprego do primeiro trimestre, indicador cuja dinâmica será importante para a evolução prospectiva da massa salarial e da demanda do consumidor. Por fim, conheceremos a arrecadação tributária de março, para a qual se espera leitura expressiva de R$ 163,0 bilhões, ainda compatível com um cenário positivo para as contas públicas. Externamente, o dado mais importante será o crescimento do PIB americano no primeiro trimestre, com projeção de alta anualizada de apenas 1,0%, bem abaixo do desempenho do período anterior. Adicionalmente, a métrica de núcleo de inflação, medida pelo PCE, pode desacelerar em março, com expectativa de acumular 5,3% nos últimos 12 meses. 

Top da Semana

 Com nova proposta de fusão, BR Malls (BRML3) acumulou alta de 6,2%, ao passo que após melhora no tráfego aéreo, a Azul (AZUL4) também teve um bom desempenho na semana. Já, com bom momento, Totvs (TOTS3) teve uma alta de 2%. No setor de infraestrutura, a Rumo (RAIL3) e Ecorodovias (ECOR3) tiveram uma boa performance na semana. Por fim, fechando as maiores altas estão as empresas JHSF (JHSF3), Grupo Soma (SOMA3), Embraer (EMBR3), RaiaDrogasil (RADL3) e Banco BTG (BPAC11). Em contrapartida, Natura (NTCO3) caiu 17,5% com expectativas negativas sobre o resultado. Além disso, com queda no minério de ferro, Vale (VALE3) teve queda de 11,2% na semana. A CSN (CSNA3) foi a terceira maior queda, acumulando uma perda de 11,1%. No varejo, Carrefour (CRFB3) e Via (VIIA3) terminaram a semana no vermelho. Completando as maiores quedas estão Bradespar (BRAP4), Sabesp (SBSP3), Cogna (COGN3), Usiminas (USIM5) e CSN Mineração (CMIN3).


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