Macroeconomia


O Mercado na Semana

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Rafaela Vitória

Publicado 20/out5 min de leitura

Resumo

O ambiente incerto permanece, com os mercados digerindo os bons dados de atividade americana e a fala do presidente do Fed, além da intensificação da guerra no Oriente Médio. Aqui, o Ibovespa caminha para queda de quase 3% no mês, com destaque negativo dos subíndices IMOB (Imobiliário) e IMAT (Materiais Básicos) que cederam 5,3% e 5,2% na semana, respectivamente.

Brasil

No Brasil, os dados de atividade de agosto vieram piores que o esperado. Dentre os setores, apenas a indústria teve variação positiva e o IBC-Br, a prévia do PIB calculada pelo banco central, registrou queda 0,8% no mês, pior que a expectativa de queda de 0,3%. Isso sugere que mesmo com o início do ciclo de cortes, as taxas de juros ainda estão em patamar bastante restritivo, o que deve concretizar em terceiro trimestre mais fraco. Ainda assim, o PIB em 2023 deve crescer por volta dos 3%. Por outro lado, o desempenho da atividade em agosto dá ainda mais tranquilidade para o banco central prosseguir com o ciclo de cortes na intensidade contratada de 50 p.b por reunião. Como visto nos dados de inflação na semana passada, a dinâmica inflacionária não preocupa e com a demanda enfraquecida, a probabilidade de os cortes nos juros reaquecer o processo inflacionário é muito baixa.

No lado político, a semana foi agitada em relação à reforma tributária, com a expectativa da leitura do relatório pelo senador Eduardo Braga. Entretanto, as discussões continuam e o relatório só deve ser lido na semana que vem. Ainda assim, o ministro Fernando Haddad se mostra confiante em promulgar a reforma tributária ainda esse ano. Além disso, a discussão sobre a taxação de Offshores, assim como deliberação dos vetos fiscais do novo arcabouço fiscal e do CARF, também ficaram para a semana que vem.

Internacional

Nos Estados Unidos, a volatilidade nos yields das Treasuries continuou após a divulgação de dados de atividade muito melhores que o esperado. Esses dados, juntamente com os dados do payroll do mês passado, sugerem que a economia americana continua aquecida, portanto, os investidores antecipam que os juros terão que ficar no atual patamar por mais tempo. Essa visão foi reforçada pelo presidente do Fed, Jerome Powell que em discurso praticamente confirmou que não haverá nova alta na taxa de juros na reunião do dia 01 de novembro, indicando que a manutenção do atual patamar de restrição será necessária para alcançar o mandato duplo do banco central americano.

A China finalmente começa a dar alguns sinais mais claros de recuperação, com todos os dados de atividade surpreendendo positivamente. Isso sugere que as diversas medidas adotadas pelo governo chinês recentemente, estão finalmente tendo algum efeito, o que torna a meta de crescimento de 5% esse ano bastante factível. Entretanto, o mercado imobiliário continua sendo uma dor de cabeça e nessa semana mais uma grande empresa do setor anunciou problemas de insolvência.

Próxima semana

Na agenda da próxima semana, mercado acompanhará por aqui dados fiscais, de crédito e do setor externo. Além disso, teremos a divulgação do IPCA-15 de outubro, com a expectativa de continuidade da atual dinâmica inflacionária. Lá fora, as atenções estarão voltadas para os dados de PMI dos diversos países e da divulgação da inflação de setembro nos Estados Unidos medida pelo PCE, a medida preferida do Fed. Além disso, teremos a divulgação do PIB americano do 3º trimestre que deve indicar uma atividade ainda bastante robusta. Por fim, o Banco Central Europeu se reúne na quinta-feira para deliberar sobre a taxa de juros da zona do Euro.


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