Macroeconomia


O Mercado na Semana

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Rafaela Vitória

Publicado 22/set5 min de leitura

Resumo

Revertendo o bom-humor da semana passada, a aversão ao risco imperou esta semana após decisões dos bancos centrais globais sinalizarem que o fim do ciclo de alta dos juros está aí, mas que estes devem seguir em patamar elevado por mais tempo. Os juros voltaram a subir e pressionaram as bolsas e, aqui, o Ibovespa recuou mais de 2%, pressionado, principalmente, pelos setores mais sensíveis aos juros como Imobiliário e Small Caps.

Brasil

Copom reduziu a Selic em 50 p.b. para 12,75% como esperado. O comunicado foi um pouco mais hawkishque o anterior e fechou ainda mais o espaço para uma aceleração dos cortes para 75 p.b até o final do ano, que foram devidamente apagados das curvas de juros. Apesar das surpresas positivas da inflação, o cenário externo piorou e o risco fiscal continua no radar com as dificuldades de cumprimento da meta no próximo ano.

No campo político, o presidente Lula esteve em Nova Iorque para o discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU, teve encontros com Joe Biden, no qual assinaram compromisso com a proteção dos direitos trabalhistas e reforçou o Brasil como potência energética. O STF decidiu contra o Marco Temporal e foi sancionada lei do voto do Carf.

Internacional

Nos Estados Unidos, o Fomc fez nova pausa, mas ainda indica mais uma alta antes de declarar o fim do ciclo. O Fed, também como esperado, manteve a taxa base em 5,25%, mas manteve o tom mais duro e reafirmou o compromisso de trazer a inflação de volta para meta, o que implica em manter os juros mais altos por mais tempo, incluindo novas projeções do comitê que apontam para taxa de 5% até o final de 2024. Mercados de juros reagiram mal às novas projeções do Fed e preocupações com o volume de emissões do tesouro americano e as taxas longas bateram novas máximas na semana. A taxa de 10 anos chegou a 4,5%, a maior desde 2007 e reascende o risco de uma eventual recessão no próximo ano

Na Europa, o BC da Inglaterra (BoE) surpreendeu ao manter os juros no mesmo nível, mas seguiu o tom mais hawkishdo BCE (Banco Central Europeu) trazendo um cenário de inflação maior e, logo, juros também maiores ao longo de todo 2024.

Próxima semana

Semana que vem a agenda é carregada com divulgações de inflação, IPCA-15 e IGPM de setembro, que devem trazer boas notícias, bem como do mercado de trabalho, tanto Caged como Pnad, que devem mostrar cenário desacelerando, mas ainda positivo. Entre as notícias negativas, devemos ter o resultado fiscal de agosto, mostrando nova deterioração do déficit primário devido à queda na arrecadação e a desaceleração do crédito pelos dados do BC. Lá fora, na Europa saberemos o CPI, e nos Estados Unidos teremos PIB e o PCE, principal medida de inflação acompanhada pelo FED. Por fim, na China, será divulgado o PMI Manufatura.


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