Macroeconomia


O Mercado na Semana

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Rafaela Vitória

Publicado 01/set5 min de leitura

Resumo

A semana foi movimentada aqui e lá fora, mas em direções opostas. Enquanto lá fora os dados do mercado de trabalho trouxeram alívio para o mercado de juros nos EUA, aqui, a deterioração fiscal e atividade mais forte trouxe de volta a preocupação com o cenário à frente, resultando em queda da bolsa, alta do dólar e dos juros.

Brasil

O PIB cresceu 0,9% no 2º trimestre, mais uma surpresa de alta e indica um crescimento próximo de 3% no ano. O consumo das famílias acelerou, com estímulos fiscais e melhora no mercado de trabalho, mas o investimento segue estagnado. A perspectiva ainda é de desaceleração no 2º semestre, resultado do aperto monetário e fim dos estímulos.

O mercado de trabalho também foi positivo em julho, tanto pelo Caged, com a criação de 142 mil novas vagas, como pela Pnad, com queda na taxa de desemprego para 7,9%. A renda média não teve alta no trimestre, o que é positivo para o atual ciclo de cortes de juros.

O IGPM teve nova queda em agosto, -0,14% e ficou abaixo do esperado, mostrando que a inflação na produção continua fraca.

O resultado fiscal de julho trouxe nova deterioração e o déficit no ano já acumula R$75 bilhões. O orçamento para 2024 manteve a meta de zerar o déficit, mas condicionada à aprovação de várias medidas de aumento de impostos, como tributação dos fundos exclusivos fechados, de investimentos offshore, fim do JCP para empresas, volta do PIS/Cofins sobre crédito de ICMS, e expectativa de ganhos nas disputas do Carf. A proposta do governo é elevar a receita em 19% no próximo ano, um alvo bastante desafiador. Por outro lado, o veto do Presidente ao cálculo do resultado primário, o que flexibiliza o arcabouço reduzindo o contingenciamento, também foi mal recebido pelo mercado.

Internacional

O mercado de trabalho nos EUA mostrou nova desaceleração com queda no número de vagas abertas, o JOLTS, e uma desaceleração no payroll, com uma elevação da taxa de desemprego para 3,8%. A notícia trouxe alívio para o mercado de juros e pode significar o fim de novas altas pelo Fed.

O PCE de julho veio em linha com a expectativa de mercado, 0,2% no mês e acumula 4,2% em 12 meses, mas com média dos últimos 3 meses em 2,9%, indicando desaceleração na margem, ainda que lenta.

Próxima semana

A semana será mais curta, com feriado nos EUA na segunda e aqui na quinta. Aqui será divulgado a produção industrial de julho e dados da Anfavea de agosto e teremos um termômetro de como está a desaceleração no 2º trimestre. La fora serão divulgados dados de investimentos nos EUA e os PMIs de serviços e na China teremos a balança comercial.


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