Volta duas casas
A semana foi de reversão do bom humor observado nos mercados na semana passada. A apresentação do arcabouço fiscal decepcionou aqui e lá fora e o mercado voltou a se preocupar com a possibilidade de juros mais altos por mais tempo, o que derrubou as bolsas, commodities e fortaleceu o dólar. Aqui no Brasil, o Ibovespa teve queda de 1,8%.
Lá fora, a semana foi de poucos dados, mas chamou a atenção a inflação maior que o esperado no Reino Unido, o que fez reascender apostas de juros mais altos por mais tempo. Os dados do setor imobiliário no EUA confirmaram a desaceleração, que ainda é lenta e não alteraram as apostas de +25 bps no próximo Fomc e os juros mais longos ficaram estáveis na semana. A principal surpresa da semana veio da China com crescimento do PIB acima do esperado, 4,5% na comparação anual. As vendas do varejo em março também surpreenderam com alta 10,6%, mas a produção industrial chinesa segue com crescimento menor, 3,9%, refletindo a demanda global mais amena. As commodities tiveram queda na semana, revertendo parte da alta observada ao longo do mês de abril.
Aqui no Brasil, o destaque foi o a divulgação da proposta do novo arcabouço fiscal, enviada ao Congresso, que frustrou o mercado excluindo as regras a punição pelo não cumprimento, o que tirou parte de sua credibilidade. Na nossa visão, a regra é boa, principalmente pelo limite de crescimento de gastos, mas a sua execução deixa dúvidas sem os mecanismos de punição e vamos monitorar sua aprovação e posterior empenho do governo no controle de despesas e medidas de aumento de arrecadação. Os indicadores da semana continuam apontando para atividade mais fraca, a produção industrial teve queda em fevereiro, -0,2%, e o IGP-10 mostrou nova deflação em abril de 0,58%, com variação de -1,9% em 12 meses.
Na próxima semana a agenda será cheia, com destaque para o IPCA-15 e o IGPM e uma confirmação da desaceleração da inflação pode voltar a trazer alívio nos juros. Teremos também dados do varejo e serviços de fevereiro, concessão de crédito de março, e a taxa de desemprego de março, que também devem apontar para a desaceleração da atividade.
Fundos Imobiliários. Apesar das quedas nas bolsas o IFIX terminou a semana em alta de 1,6%. Seguem os principais fatos ocorridos no período: XPLG11: O fundo locou à totalidade do módulo A4 e parte do módulo A3, do condomínio logístico Syslog Galeão, localizado em Duque de Caxias/RJ. Com essa locação, o condomínio Syslog Galeão alcançará uma ocupação física total de aproximadamente 79,0%, com isso a vacância dos imóveis do fundo será reduzida de 5,4% para 4,4%. A receita acumulada do contrato, considerando a soma dos recebíveis relativos aos 24 primeiros meses de vigência, é estimada em R$ 0,0966 por cota. A partir do 25o mês, a receita mensal decorrente do contrato é estimada em R$ 0,0057 por cota. | TRXF11: O fundo aprovou a a 8a emissão de cotas no montante mínimo de 9.826 e no máximo 638.632 com um valor unitário de R$ 101,78. | MAXR11: O Fundo recebeu uma proposta de aquisição do 2o andar do Edifício Brascan Century Corporate, com suas respectivas vagas de garagem, com área locável total de 726,6 m2 no preço de R$ 9.012.093,02, equivalente a R$ 12.403,1/m2, com a condição de pagamento a vista.
Agenda da Semana. Na próxima semana teremos as importantes divulgações de inflação, aqui e lá fora. Nossa expectativa para o IPCA de março é uma variação de 0,75%, em grande parte puxado pela volta do PIS/Cofins na gasolina, mas ainda assim veremos uma forte queda na inflação acumulada em 12 meses de 5,6% para 4,7%. O mais importante será avaliar o comportamento das medidas de núcleo e da inflação de serviços, e uma desaceleração será bem-vinda e pode contribuir para uma renovada expectativa de corte na Selic mais breve. Nos EUA, também será divulgado o CPI de março que também deve mostrar uma desaceleração no mês para 0,2% e no acumulado de 12 meses de 6,0% para 5,1% e, junto com o dado de payroll dessa sexta, pode indicar o cenário de fim do ciclo de alta de juros pelo Fed.