Macroeconomia


O Mercado na Semana

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Rafaela Vitória

Publicado 06/abr5 min de leitura

Entre a inflação e a recessão

A semana começou com a alta de preço no petróleo, depois do anúncio surpresa de corte na produção, e termina com uma maior preocupação sobre a desaceleração no mercado de trabalho nos EUA. O S&P500 ficou estável e o Ibovespa teve queda de 1% na semana. Entre os destaques da bolsa aqui, a Petrobrás não se beneficiou da alta de 6% no petróleo da semana com nova rodada de especulações de mudança na política de preços, e fechou a semana estável. Nos setores, o índice de imobiliário (IMOB) avançou 3,01%, seguido do utilities (UTIL) com alta de 1,22%. Por fim, os setores de consumo (ICON) e financeiro (IFNC) fecharam com queda 3,01% e 0,01%.

Lá fora, entre as notícias de destaque os indicadores do mercado de trabalho nos EUA finalmente apontaram para a tão esperada desaceleração. O Jolts, número de vagas abertas, teve forte queda para 9 milhões em fevereiro, bem abaixo da expectativa, e o ADP de março mostrou uma menor geração de vagas que o esperado. As pesquisas PMI e ISM de manufatura nos EUA também continuam a indicar queda na atividade e para o setor de serviços houve uma desaceleração maior que o previsto. O anúncio pela Opep de redução na produção de petróleo resultou em imediato aumento dos preços da commoditiy em cerca de 6%, mas que se estabilizaram ao longo da semana. O patamar atual, cerca de $85/barril, está em linha com a média dos últimos 3 meses e não deve causar impacto inflacionário relevante.

Aqui no Brasil, tivemos a divulgação da balança comercial de março, com superávit de U$11 bilhões, o maior para o mês da série, com o aumento da exportação de petróleo e de soja, bem como queda nas importações. O PMI aqui mostrou nova expectativa de queda da indústria em março, mas o setor de serviços ganhou fôlego, com uma indicação de melhora no mês. A proposta do novo arcabouço fiscal foi elogiada pelo presidente do Banco Central e, de fato, a curva de juros teve nova queda, principalmente nas taxas mais longas e o dólar fechou com pequena valorização de 0,5% em R$5,05. As apostas de queda da Selic nas reuniões de maio e junho perderam força, mas o mercado ainda antecipa cortes para o segundo semestre além do esperado no cenário de referência do BC, que é dado pela pesquisa Focus. Mas a semana termina com notícias negativas como a mudança no marco regulatório do saneamento, via decreto, protegendo empresas estatais ineficientes, e o anúncio de mudança próxima na política de preços da Petrobrás. A maior interferência do estado na economia pode reduzir o apetite do setor privado para investimentos e resultar em menor crescimento à frente.


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