Macroeconomia


O Mercado na Semana

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Rafaela Vitória

Publicado 31/mar

Novo arcabouço fiscal e luz no fim do túnel

A semana foi de recuperação para a bolsa brasileira, com 3,1% de alta, mas não impediu de mais um fechamento negativo no mês, encerrando o primeiro trimestre do ano com queda de 7%. O destaque positivo nessa última semana de março foi a apresentação do novo arcabouço fiscal, que indica que podemos ter uma nova regra de controle de crescimento de gastos o que pode reduzir o risco fiscal no Brasil, mas há ainda um longo caminho pela frente para aprovação das medidas. Lá fora, S&P avançou 3,5%, com dados econômicos indicando desaceleração e melhores percepções ante a conjuntura bancária. Por aqui, em resposta ao otimismo interno e externo, todos os setores indicaram alta na semana, com destaque para utilities (UTIL), que avançou 4,87%, seguido do financeiro (IFNC) com alta de 3,20%, em congruência com o cenário interno mais amistoso. O índice de materiais básicos valorizou 2,41%, espelhando principalmente o avanço do minério de ferro na semana. Por fim, os setores de consumo (ICON) e imobiliário (IMOB) fecharam com alta de 2,16% e 1,69%, respectivamente, beneficiado pelo fechamento da curva de juros.

Aqui no Brasil, a semana foi movimentada entre indicadores, apresentação das medidas do governo e comunicados do Banco Central. Entre os indicadores, destacamos a desaceleração do crédito em fevereiro, com a queda de 8% nas concessões para pessoa jurídica e a continuidade da tendência de aumento de inadimplência bancária. O cenário para o crédito continua sendo de maior aperto, o que deve desacelerar a atividade à frente. O IBGE voltou a divulgar as pesquisas mensais e a indústria teve queda de 0,3% em janeiro. O IGPM em março ficou abaixo do esperado em 0,05% e acumula apenas 0,17% em 12 meses, mostrando uma baixa inflação nos custos de produção. A PNAD de fevereiro também apontou para a mesma linha com uma desaceleração no mercado de trabalho com alta do desemprego de 8,6% em fevereiro. Apesar dos dados mais fracos de atividade, a ata do Copom manteve o tom mais duro com relação às expectativas de inflação em alta e consequentemente, os próximos passos do Copom ainda não contemplam queda de juros. Por outro lado, a apresentação do arcabouço fiscal traz luz no fim do túnel, e podemos ver uma redução do risco de descontrole das contas publicas e a reancoragem das expectativas. A reação inicial do mercado foi positiva, o dólar teve queda de 3,5% na semana e voltou para R$5,06, menor patamar desde o início de fevereiro. A curva de juros também teve fechamento, reduzindo em até 80 bps as taxas médias. Apesar da menor aposta em corte em junho, devido à ata do Copom mais dura, as apostas de queda da Selic no segundo semestre estão mais firmes. O Banco Central manteve o tom de maior preocupação com a inflação e expectativas, tanto na ata como no RTI e vamos aguardar o detalhamento e aprovação do novo arcabouço para mensurar o impacto nos próximos passos da política monetária.

Lá fora, a divulgação do PCE de fevereiro nos EUA ligeiramente abaixo do esperado confirmou a tendência de lenta desaceleração da inflação, que caiu de 5,4% para 5,0%. O consumo também desacelerou no mês, com crescimento de 0,2%, abaixo da expectativa. Além dos dados de atividade mais fracos, o anúncio da venda do SVB também contribuiu para acalmar o mercado e afasta o risco de uma piora na crise bancária. A taxa de juros de 10 anos fechou estável a semana em 3,5%, mas uma queda de 40 bps no mês. O cenário ainda é de cautela com risco de recessão nos EUA. As commodities tiveram recuperação na semana, mas os dados na China ainda são mistos, enquanto o PMI de serviços mostra forte recuperação, o PMI de manufatura teve queda em março em relação a fevereiro.

Fundos Imobiliários. Em nova semana de correção, IFIX oscilou -0,34%. Seguem os principais fatos ocorridos no período: Na semana, os fundos HCTR11, TORD11, VSLH11 e DEVA11 comunicaram ao mercado a inadimplência dos CRI da emissora Forte Securitizadora (Fortesec). Sendo assim, a inadimplência do PL dos fundos ficou em 40% do VSLH11, 29,59% do HCTR11, 18,8% do DEVA11 e 13,9% do TORD11. | HGRU11: O fundo anunciou a venda de um imóvel no valor de R$ 4,7 milhões equivalente a R$ 3.548,67/m². O Preço de venda do Imóvel é 27% superior ao valor investido, 6% superior ao valor de laudo do imóvel em 2022 e 18% superior ao valor de laudo do Imóvel em 2021. A taxa interna de retorno anualizada da transação é de aproximadamente 17,7%. | XPPR11: o fundo locou o conjunto 1101, localizado no 11 no Edifício Faria Lima Plaza, com área BOMA correspondente a 1.065,05m², com prazo de vigência de 48 meses a partir de 24/03/2023 (“Prazo”). Com a assinatura do contrato, a ocupação total do Edifício Faria Lima Plaza alcançou 64,0% sendo a receita estimada de R$ 0,0074 por cota.

Agenda da Semana. Na próxima semana, teremos os dados da balança comercial de março no Brasil e focaremos nos desdobramentos do novo arcabouço fiscal, incluindo a análise da proposta completa das medidas de arrecadação que o governo deve anunciar. Lá fora, teremos a importante divulgação do payroll de março, que pode mostrar mais um arrefecimento do mercado de trabalho nos EUA, indicando que a política de aperto monetário do Fed chega está de fato próxima do fim.

Fonte: Inter Research, Bloomberg.

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