A inflação global voltou a ser o tema de destaque na semana derrubando os mercados. A ata do Fomc, confirmando que ainda teremos mais altas de juros pelo Fed pela frente, e o PCE de janeiro maior que o esperado, trouxeram impacto negativo geral nos mercados, com aumento da aversão ao risco e reversão do cenário mais benigno que vinha dominando desde janeiro. O S&P fechou a semana com -2,67% de queda, derrubando também as bolsas globais. Aqui no Brasil, em semana mais curta o Ibovespa recuou 3,09%, também irradiado pelo pessimismo do mercado externo, que disseminou entre todos os setores. No destaque negativo, o índice financeiro (IFNC) foi o que mais recuou, com 4,24%, respondendo ao avanço dos juros futuros, cenário do crédito e decisões do governo. Em seguida, o setor de consumo (ICON) e utilities (UTIL) indicaram queda de 3,26% e 3,08%, respectivamente. Por fim, dentre as contrações mais amenas, vimos o índice de materiais básicos (IMAT), com queda de 2,87%, assim como perda de 1,72% do imobiliário (IMOB).

O PCE de janeiro surpreendeu com alta acima do esperado, puxado principalmente pelos serviços, que foi destacado na ata do Fomc, também divulgada essa semana, como ponto focal para monitorar a desinflação. O PCE acumula 5,4% em 12 meses, uma elevação em relação a dezembro, que também foi revisado para cima. O dado de venda de novos imóveis de janeiro também trouxe surpresa de alta, acelerando em relação a dezembro. O cenário de atividade mais forte e inflação mais persistente resultou em uma reprecificação da curva de juros, que aumentou a expectativa da taxa terminal do Fed Fund Rate para 5,5% e apagou as expectativas de queda em 2023. O cenário “higher for longer” passou a predominar nos EUA. Com juros maiores, o dólar voltou a se fortalecer frente à cesta de moedas e o DXY subiu 2% na semana.

Aqui no Brasil, também tivemos surpresa de alta com o IPCA-15 acima do esperado, marcando 0,76% em fevereiro. Os reajustes de serviços, principalmente educação, foram a principal alta do mês. Os juros também subiram por aqui, tanto as taxas nominais como as taxas reais, e o dólar acompanhou o movimento internacional e subiu 0,8% em relação ao real na semana. A arrecadação de janeiro teve leve surpresa de alta, ainda mostrando um cenário robusto, mesmo com as desonerações. Aliás, a grande expectativa para a próxima semana está na volta do PIS/Cofins sobre a gasolina, que pode representar uma nova alta da inflação de combustíveis, mas por outro lado, melhorar a arrecadação fiscal. O balanço de pagamentos de janeiro trouxe pouca novidade, com o dado positivo de investimento direto no país, que já acumula US$92 bilhões em 12 meses, mais que compensando o déficit em conta corrente que se manteve em 2,9% do PIB em 12 meses.

Fim fosco para um ano brilhante? A Minerva (BEEF3) reportou o seu resultado nesta semana, embora o 4T22 fraco, existe muito pasto para 2023, confira nosso relatório. | Resultados em linha: A ISA CTEEP (TRPL4) também reportou seus números nesta semana, com resultados conforme o esperado, confira análise. | Papelão? A Irani (RANI3) divulgou seus números nesta semana, onde o lucro líquido avançou mais de 35% a/a | Dança das cadeiras: A Marisa (AMAR3) comunicou que o Alberto Kohn de Penhas assumira como chefe de operações da companhia, onde possui vasta experiencia no varejo. | Estatal em São Paulo sendo privatizada? O Governo do estado de São Paulo deu início ao processo de contratação de assessores para a privatização da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae), o remanesce do setor elétrico sob controle paulista.

Nessa semana, a Seacrest, petroleira com operações no Brasil, estreou na bolsa de Oslo por meio IPO. A companhia captou U$260 milhões (6x EV/Reservas 2P), com avaliação post-money de U$383 milhões. Os recursos serão utilizados para bancar a aquisição do Polo Norte Capixaba, no Espírito Santo, anteriormente pertencente a Petrobras.

Boa Vista (BOAS3) fecha acordo para ser incorporada pela Equipax (NYSE: EFX). A companhia anunciou proposta de incorporação pela Equipax, birô de crédito norte-americana, em busca de ampliar a oferta de serviços. | Tyson (TSNF34) compra Williams Sausage Company. O maior meatpacker dos Estados Unidos e indústria alimentícia do mundo comunicou a aquisição da Williams Sausage, empresa produtora de salsichas, bacon e demais processados para o foodservice e varejo.

Em semana curta, IFIX registrou ganhos de 0,20%. Seguem os principais fatos ocorridos no período: RBED11: No âmbito de sua quarta emissão de cotas, o fundo realizará sua quarta chamada de capital. | CCME11: O fundo celebrou contrato com promessa de compra de dois imóveis pelo valor de R$ 106 mm, com impacto positivo estimado de R$ 0,02/cota em distribuição nos próximos 12 meses.

A semana que vem contará com a divulgação de vários indicadores relevantes para o Brasil. Primeiramente, na segunda, a FGV divulgará o resultado do IGP-M para o mês de fevereiro, que, influenciado pelo arrefecimento da inflação ao produtor e dos preços dos alimentos, deverá mostrar uma variação de apenas 0,1% no mês e 2,05% no ano. Ainda na segunda, o Bacen e o Tesouro Nacional divulgarão o relatório de crédito e o resultado do governo central respectivamente, ambos referentes ao mês de janeiro. Na terça, além do resultado da PNAD para taxa de desemprego de dezembro do ano passado, que deverá apresentar uma queda marginal de 0,1 p.p. para 8,0%, o Bacen divulgará as estatísticas fiscais de janeiro consolidada pelos resultados dos estados e municípios. Por fim, o PIB do 4º trimestre de 2022 será divulgado pelo IBGE na quinta. Tal leitura deverá indicar estagnação da atividade a partir dos últimos meses do ano. Dessa forma, esperamos observar uma variação de 0,2% e de 2,5% na comparação trimestral e anual respectivamente. No contexto internacional, estaremos de olho no resultado de indicadores antecedentes para a atividade, como as leituras dos PMIs da China, da Zona do Euro e dos EUA.

Na semana, a maior alta foi da Petz (PETZ3), que apresentou uma alta de 4,1%. Em seguida, após bons resultados, Ultrapar (UGPA3) teve um retorno positivo de 3,7% bem como uma alta de 2,2% para EcoRodovias (ECOR3). Na contramão, Via (VIIA3) caiu 12,8% concomitante a queda de Qualicorp (QUAL3) e CVC (CVCB3) de 8,7%.