Never bet against America
A bolsa americana teve mais uma semana de alta e acumula ganho de 8% no ano. O Fomc, percebido pelo mercado como mais dovish, e os dados de emprego melhores reforçaram a aposta em um softlanding, com juros menores e a economia evitando a recessão. Apesar do cenário externo mais favorável, aqui no Brasil, tivemos mais uma semana tumultuada com os investidores mais focados nos riscos internos, principalmente o receio de interferência na política monetária. O Ibovespa encerrou a semana com queda de 3,38%, sobretudo em reflexo a contração dos papéis de commodities, com recuo de 2,90% do índice de materiais básicos (IMAT), visto a queda do minério de ferro, brent e oscilações do dólar no período. Os setores de consumo (ICON) e utilities (UTIL) não ficaram para trás, com respectiva baixa de 2,89% e 2,83%. Por fim, o índice imobiliário (IMOB) recuou 2,41%, seguido de uma queda de 1,99% do financeiro (IFNC).
O dado do payroll nos EUA de hoje surpreendeu com a forte geração de vagas de 517 mil em janeiro, mais que o dobro do esperado (188mil). O relatório ainda mostrou um aumento dos salários, +4,4% aa, e uma queda da taxa de desemprego para 3,4%, a menor desde 1969! Apesar do forte resultado indicar que a inflação pode demorar mais para cair e que o risco de recessão ainda é baixo, o mercado seguiu com a aposta no Fed mais dovish, e as taxas de juros terminaram a semana no mesmo patamar de 3,5% da semana passada. Na quarta feira, o Fomc havia reduzido o ritmo de alta dos juros para 25 bps, elevando a taxa básica para 4,75% e indicando que o ciclo deve terminar com mais duas altas, em março e em maio, em 5,25%. Mas o mercado também segue apostando contra, e espera mais uma alta em março e apenas 50% de chance de outra alta em maio, e ainda precifica cortes no segundo semestre. Na Europa e no Reino Unido, a elevação dos juros foi maior, 50 bps, mas por lá, as taxas estão em patamar menor, 3,5% e 4% respectivamente. O payroll mais forte teve impacto no dólar, no entanto, que subiu 1% na semana, revertendo a tendência de queda observada em janeiro e as commodities também fecharam a semana em baixa de 3%.
Aqui no Brasil a semana também foi marcada pela reunião da autoridade monetária e o Copom manteve a Selic em 13,75%, como esperado, mas endureceu no comunicado, devido ao maior risco da desancoragem da inflação esperada em 2023 e 2024. A elevação das expectativas de inflação continua sendo um dos principais riscos para a trajetória da Selic esse ano e podemos de fato ter uma taxa alta por mais tempo. Por outro lado, o governo voltou a criticar a autonomia do BC e a meta de inflação e acabou contribuindo para uma maior aversão ao risco de interferência, o que resultou em uma nova elevação dos juros no mercado. A taxa pré de dois anos teve forte alta de 50 bps na semana, para 13,3%. O dólar, que chegou na mínima da semana de R$4,94, voltou a subir para R$5,15. Os dados macro, por outro lado, reforçam o cenário de desaceleração da atividade, a indústria ficou estável em dezembro, fechando o ano em baixa de 0,7%, e a confiança do empresário teve nova queda em janeiro, o que pode contribuir para uma inflação mais baixa esse ano, como observado pela variação menor do IGPM de janeiro que acumula 3,8% em 12 meses. Entre as notícias positivas, o governo encerrou 2022 com superávit primário de 1,3%, o maior desde 2013 e a dívida publica caiu para 73,5%. Mas mesmo com o resultado melhor, a ausência da ancora fiscal deixa bastante incerteza sobre como evoluirão as contas públicas esse ano, em meio a tantas propostas de aumento de gastos.
Empresas e Setores
Uma concessão nada Light? Muitas especulações surgiram nesta semana quanto a amortização da dívida da Lght (LIGT3), uma vez que a empresa contratou a Laplace, empresa que assessorou a Oi (OIBR3) na reestruturação de sua capital, onde acabou gerando muita volatilidade no papel. | Time novo: O novo presidente da Petrobras, Jean Paul Terra Prates, indicou hoje cinco novos integrantes para compor a diretoria executiva: Claudio Schlosser, para a diretoria executiva de Comercialização e Logística; Joelson Falcão foi designado para a diretoria executiva de Exploração e Produção, Carlos Travassos para a diretoria executiva de Desenvolvimento da Produção, William França indicado para a diretoria executiva de Refino e Gás Natural e Carlos Augusto Barreto para o cargo da diretoria executiva de Transformação Digital e Inovação. | Sem ressaca: A Ambev (ABEV3) comunicou ao mercado nesta semana que as supostas acusações que circulam na mídia quanto a um possível rombo em seu balanço não são verdadeiras, onde foram promovidas de forma oportunista.
IPOs & Afins
O CEO da B3, Gilson Finkelsztain, anunciou nessa semana que a companhia realizará ao longo do ano estudos regulatórios para a realização de IPOs de clubes. A ideia seria gerar uma alternativa à SAF, permitindo que a agremiação seja vendida para acionistas sem que haja a perda do controle majoritário. Atualmente diverso times no exterior já possuem ações listadas em bolsa, tais como Juventus, Manchester United, Benfica, Lyon e Ajax.
Fusões e Aquisições
Alliar (AALR3) compra ProEcho, companhia carioca atuante com serviços de diagnósticos médicos por imagem e análises clínicas, com o objetivo de expandir as suas operações no território brasileiro. | Minerva (BEEF3) expande ainda mais as suas operações no Uruguai. O frigorífico anunciou a compra integral do Breeders and Packers Uruguai (BPU) por US$ 40 mm, em continuidade ao comunicado feito em novembro de 2022. Segundo a Minerva, o frigorífico adquirido é um dos mais modernos da América do Sul, com acesso a países que consomem produtos de característica mais premium, o que favorece o seu mix de receita. | Stone (STOC31) liquida ações do Inter (INBR31). A instituição zerou a sua participação no banco, com a venda de 16,8 milhões de BDRs, o que equivalente a R$ 217 milhões, ou uma média de 4% do capital do banco. | XP (XPBR31) Asset adquiriu uma participação minoritária da One7, companhia de serviços financeiros com foco em crédito para PJs. Para operação, a XP fará um aporte de R$ 110 milhões.
Fundos Imobiliários
Em leve alta, IFIX teve encerrou a semana com ganhos de 0,22%. Seguem os principais fatos ocorridos no período:
PVBI11: O fundo concluiu a aquisição dos imóveis localizados na Rua Fidêncio Ramos na Vila Olímpia, sendo alguns conjuntos que integram do 7º ao 12º pavimento da Torre B do Condomínio Vila Olímpia Corporate. O preço envolvido na transação foi de R$ 202,2 mm. O incremento previsto na receita imobiliária do fundo será de aproximadamente R$ 0,09/ cota. | HGRU11: O fundo concretizou a cessão dos direitos aquisitivos da loja localizada na Rodovia Governador Mário Covas, lado par, nº 4.284, km 267, Planalto de Carapina, na cidade de Serra-ES. Em decorrência disso, o fundo deixará de fazer jus ao recebimento da receita da locação do Imóvel, equivalente a R$ 0,01 por cota. | RECT11: Foi celebrado pelo fundo junto à empresa Harapay Instituição de Pagamentos o contrato para locação de 50% do 16º andar da Torre Norte, Bloco B, no Edifício Canopus Corporate Alphaville, situado na cidade de Barueri-SP, pelo prazo de 60 meses. O contrato de locação terá vigência a partir da presente data, com área alugada correspondente a 568,61m². Após essa locação, a taxa de vacância do portfólio será de 11,48%, sem resultar em impactos imediatos na distribuição de rendimentos do veículo. | ALZR11: O fundo adquiriu, através de novo leilão realizado na B3, mais 121.797 cotas do fundo TSER11 através do investimento de R$ 12,2 mm. Essa quantidade de cotas representa aproximadamente 10% do total de cotas do TSER11, que quando somadas às já adquiridas no dia 11 de janeiro de 2023 pelo ALZR11, equivalem a uma participação total de cerca de 98% do fundo adquirido. O fundo espera que a transação gere um impacto positivo mensal de aproximadamente R$ 0,02/cota para o veículo no primeiro ano. | HOFC11: Foi firmado pela gestão um terceiro aditivo ao contrato referente à locação total do Edifício Alamedas, localizado na Alameda Santos, 1.039, na cidade de São Paulo-SP, com a finalidade de estender a vigência do referido contrato pelo prazo adicional de 84 meses, com novo término, portanto, em 19 de dezembro de 2029. O ativo representa 5,76% da área locável do fundo, sendo o novo valor locado 6,85% superior ao valor praticado na data de encerramento do contrato, em 19 de dezembro de 2022.
Agenda da Semana
Na próxima semana, a divulgação mais importante será o IPCA na quinta feira. Esperamos uma variação de 0,5% no mês e 5,74% no ano. Uma leitura acima do esperado pode interferir no curso de ação do Bacen, que poderá optar em manter a taxa Selic em patamar contracionista por mais tempo com o objetivo de evitar desancoragem das expectativas, saberemos melhor após a divulgação da ata do copom na terça feira. Semana que vem também será divulgado os principais indicadores de atividade do IBGE, como vendas do varejo e volume de serviços referentes a dezembro de 2022. Por fim, lá fora estaremos de olho no resultado do CPI chinês, que nos trará mais clareza acerca dos impactos da reabertura econômica no país.
Top da Semana
Petz (PETZ3) teve a maior alta na semana de 10,5% seguida pela Natura (NTCO3) que apresentou um alta de 8,2% após a notícia que LVMH e L’Oréal estão interessadas na Aesop. Na outra ponta, CVC (CVCB3) caiu 15,2% após uma forte alta na semana passada, seguida pela Raízen (RAIZ4) e Assaí Atacadista (ASAI3) que caíram 9,6% e 9,0%.