Macroeconomia


O Mercado na Semana

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Rafaela Vitória

Publicado 27/jan

Pré semana de decisões, deixa mercado entre altas e baixas

A semana foi marcada por um mix de emoções, com otimismo diante do processo de reabertura da China, Feriado de Ano Novo Lunar, receios com aprovação de Jean Paul Prates como novo CEO da Petrobras, além de incertezas políticas. Em Wall Street, S&P fechou com alta de 2,47%, enquanto o mercado se atentou para balanços do 4T22 e dados econômicos, em busca de antecipar o ritmo do ciclo de aperto monetário pelo Fed, com FOMC se aproximando na próxima semana. Por aqui, o Ibovespa encerrou com leve alta de 0,25%, com destaque para os setores de consumo (ICON) e imobiliário (IMOB), que avançaram 3,78% e 3,06%, respectivamente, além de utilities (UTIL), que indicou uma alta tímida de 0,66%. Na outra ponta, o índice financeiro apresentou a maior queda, com 1,85%, ainda em reflexo da Americanas e dados de crédito de dezembro no Brasil. Por fim, o setor de materiais básicos (IMAT) teve uma contração de 0,76% no período.

A semana começou com a discussão sobre a ideia de uma moeda única entre Brasil e Argentina, que não passou de ruído uma vez que o intuito é criar uma ferramenta para facilitar o comércio internacional com a Argentina, que sofre com a escassez de dólares. Na semana passada, o presidente Lula fez diversos comentários que não foram bem recebidos sobre a condução da política monetária. A incerteza segue elevada, pois os mandatos de dois diretores do Banco Central vencem ao final de fevereiro e o governo federal quer participar da escolha, criando um potencial conflito.

Os Estados Unidos divulgaram o PIB do 4º trimestre com desempenho melhor que o esperado e cresceu a uma taxa anualizada de 2,9%. Ainda assim, houve desaceleração na comparação com o desempenho no terceiro trimestre. Com o aumento da taxa de juros, a perspectiva de uma recessão no primeiro semestre ainda está no cenário, apesar dos dados ainda robustos. Por um lado, o mercado de trabalho ainda se mostra aquecido, com a taxa de desemprego em nível historicamente baixo, assim como o número de pedidos de seguro-desemprego. Por outro lado, consumo pessoal tem caído, sinalizando uma demanda mais fraca. Com a diminuição nos custos de energia, a inflação tem recuado, o que aumenta a expectativa por parte do mercado de uma reversão na política monetária. Nosso foco estará na decisão de política monetária do Fed, na quarta-feira, que dará novas pistas sobre os próximos passos.

No Brasil, os dados de inflação medido pelo IPCA-15 vieram um pouco acima do esperado, mas não a ponto de preocupar. De modo geral, o processo desinflacionário continua. Entretanto, os ruídos políticos continuam frequentes, reduzindo o espaço para o corte na taxa de juros. Os comentários sobre a independência do banco central por parte do presidente Lula e o apetite do governo pela indicação dos diretores do Banco Central, continuaram a pressionar a curva de juros. Apesar desses ruídos, o dólar oscilou em torno dos R$5,10 nessa semana, mostrando que o investidor estrangeiro ainda se mostra otimista com o Brasil. A eventual reforma tributária e o novo marco fiscal podem se mostrar fatores altistas. Nessa semana, o ministro da Fazenda Fernando Haddad prometeu uma reforma tributária com carga tributária mantida e um novo marco fiscal que irá na direção de reduzir a pressão inflacionária e facilitar controle dos juros.

Empresas e Setores

Novo presidente? Foi noticiado que o conselho de administração da Petrobras (PETR4) elegeu nesta semana Jean Paul Prates como presidente interino até abril deste ano, onde provavelmente então o ex-senador deve ser empossado como CEO em definitivo. | Acendeu a luz: A Energisa (ENGI4) informou que o consumo de energia elétrica no mercado cativo e livre teve alta de 1,4% no ano de 2022. Foram contabilizados resultados positivos em 7 dos 12 meses do ano, com clima quente no Centro-Oeste. As classes com maiores altas foram a comercial, com elevação de 3,2%, e poder público, com alta de 16,5%, explicando 50% do incremento no resultado acumulado. | Fechando as portas? A Vibra (VBBR3) anunciou o encerramento da parceria com a Americanas (AMER3) em fato relevante ao mercado nesta semana. A parceria era voltada para exploração das lojas de conveniência, dentro e fora de postos de combustíveis. | Pague o aluguel: Falando em Americanas, a empresa divulgou sua lista de credores nesta semana, apresentando quase 8 mil nomes, com um valor devedor de mais de R$ 42 bi. | Grupamento de centavos? As ações da IRB (IRBR3) obtiveram um grupamento de ações em 30-1, sendo já praticado nesta semana. Foi também anunciados números relativos a novembro, onde se ampliou o prejuízo. Assim, as ações acumulam forte queda na semana.

Fusões e Aquisições

Em semana fraca para operações de M&A, a Petrobras (PETR4) anunciou a conclusão da venda de sua participação do campo de Albacora Leste para a subsidiária de Prio (PRIO3), pelo montante de US$ 1,635 bilhões, além de um provável pagamento contingente de até US$ 250 milhões, a depender das cotações futuras do Brent.

Fundos Imobiliários

Em nova semana de correção, IFIX teve oscilação de -0,55% no período. Seguem os principais fatos ocorridos: 

BRCO11: O fundo reconheceu ter apenas um contrato vigente de locação com a Americanas S.A., no Imóvel Bresco Contagem que representa cerca de 3,6% do total de receita vigente do fundo. Foi também informado que o aluguel vencido em janeiro de 2023, mas de competência de dezembro de 2022, foi integralmente pago pela Americanas S.A. No pedido de recuperação judicial, o fundo tomou ciência de sua inclusão na lista de credores, com crédito estimado em R$667.816,66. | LVBI11: Adquirida pelo fundo em 2021, a empresa Aratulog Armazenagem S.A. foi listada pela locatária Americanas S.A. como titular de créditos no pedido de recuperação judicial, no montante de R$871.938,78, valor divergente do reconhecido pela mesma, estimado atualmente em R$386.232,58. O fundo também esclarece que o aluguel referente ao mês de dez/22 e devido em jan/23 foi integralmente pago pela locatária. | MAXR11: O fundo foi informado que a Americanas S.A., responsável por cerca de 58% das receitas do veículo, inseriu o aluguel devido pela locatária no valor de R$ 514.179,37 referente a competência do mês de dez/2022, com vencimento em jan/2023, o que representa R$ 0,46/por cota, na lista do seu passivo no pedido de recuperação judicial. | PATC11: Foi firmado pelo fundo contrato com a empresa IRIS3P AGENTE AUTÔNOMO DE INVESTIMENTOS S/S LTDA para locação do do ativo denominado “The One” de 359,44 m² pelo prazo de 60 meses, com impacto positivo de R$ 0,02/cota.

Agenda da Semana

Para a próxima semana, nosso foco estará na “super quarta”, quando os bancos centrais americano e brasileiro se reunirão para deliberar sobre a política monetária de seus respectivos países. Nossa expectativa é de uma alta de 25 bps pelo Fed, e manutenção da Selic em 13,75% pelo Copom. Os comentários pós decisões serão bastante importantes. No caso do Fed, esperamos indicações sobre o momento em que deseja encerrar o ciclo de ajuste. Na quinta-feira, o Banco Central Europeu também irá decidir sobre sua política monetária e a expectativa é de novo aumento de 50 bps e um tom ainda hawkish. Além disso, teremos a divulgação do IGP-M e das estatísticas fiscais na segunda-feira, e dos dados de emprego nos Estados Unidos, também na quarta-feira. Ainda na quarta-feira teremos as eleições das presidências do Congresso Nacional, com Arthur Lira e Rodrigo Pacheco favoritos para reeleição, ambos com apoio do governo federal.

Top da Semana

Com boas notícias, a CVC (CVCB3) apresentou uma forte alta de 23,3% seguida pelas varejistas Magazine Luiza (MGLU3) e Petz (PETZ3) que subiram 18,6% e 10,3%. Na contramão, Bradesco (BBDC4) teve a maior queda da semana de 6,3% concomitante as quedas do Minerva (BEEF3) e 3R Petroleum (RRRP3) de 5,9% e 5,3% respectivamente.

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