Semana de otimismo no mercado internacional.
A semana foi marcada por um otimismo geral nos mercados globais, que também se espalhou por aqui, apesar da notícia sobre o rombo nas Lojas Americanas e incertezas fiscais mesmo com o anúncio de medidas pelo novo ministro da Fazenda. O S&P50 subiu mais de 2,4%, com a expectativa de uma desaceleração maior da inflação e o fim do aperto monetário mais próximo, enquanto as commodities subiram com expectativa de recuperação da China. Aqui no Brasil, o Ibovespa teve alta de 1,79%, também embalado pela redução da aversão a risco global. Para os setores, o destaque ficou para o segmento de materiais básicos (IMAT), que avançou 2,99% na semana beneficiado pelo cenário internacional, assim como o índice financeiro (IFNC), que apresentou alta de 2,22%, e utilities (UTIL), que andou 2,52%. No campo negativo, o setor de consumo (ICON) foi o que mais sofreu, com queda de 1,30%, seguido do índice imobiliário (IMOB), que apresentou queda de 0,69%.
O CPI de dezembro nos EUA foi a principal divulgação da semana e confirmou a expectativa de queda de 0,1% no mês, encerrando o ano em 6,5%, uma forte desaceleração em relação ao pico de 9,1% de junho. Falas de membros do Fed também indicaram que o ritmo de alta pode ser novamente reduzido na próxima reunião para 25 bps. O mercado precifica a taxa terminal entre 4,75% e 5,0% com chance de redução ainda em 2023, uma expectativa mais dovish que a do próprio Fed no último levantamento de dezembro. As taxas longas também tiveram queda e os juros de 10 anos fecharam em 3,5%. A semana terminou com dados da pesquisa de Michigan indicando uma melhora na confiança, incluindo uma expectativa menor para a inflação futura. O dólar seguiu em tendencia de queda e o DXY fechou a semana em 102, a menor cotação desde junho de 2022, uma queda de 11% em relação ao pico de setembro. A menor aversão a risco e expectativa de recuperação da economia Chinesa ao longo do ano também impulsionaram as cotações das commodities e o índice CRB teve alta de 3% na semana.
Aqui no Brasil o bom humor externo também contribuiu para a performance dos ativos. O dólar teve queda de 2,6% na semana fechando em R$5,10. Os juros também caíram e o mercado voltou a precificar chance de queda da Selic a partir de junho, cegando a 12,5% até o final do ano. O anúncio de medidas para reduzir o déficit fiscal foi positivo, apesar de críticas sobre credibilidade da execução. Na nossa avaliação a sinalização é positiva. Depois do estrago causado pela Pec, que aprovou aumento de gastos de R$170 bilhões, o governo indica que quer buscar um déficit primário menor, mais próximo de 1% do PIB. Aqui também tivemos a divulgação de dados da inflação que mostrou uma aceleração inesperada em dezembro e encerrou o ano em 5,79%, acima do teto da meta. Em carta ao ministro da Fazenda, o BC justifica o estouro da meta pela inércia da inflação passada, que havia sido de 10% e indica que o aperto monetário foi apropriado, com juros reais hoje que chegam a cerca de 8%. Mas novamente, o BC alerta para o risco fiscal que pode retardar a queda da inflação, que de fato continua subindo nas expectativas do mercado, e já está em 5,36% em 2023. Por fim, o indicador de atividade IBC-Br surpreendeu negativamente com queda de 0,55% em novembro, indicando uma que da do PIB de 1% no 4º trimestre. O efeito da política monetária mais restritiva já aparece na queda da atividade, desaquecendo principalmente o consumo.
Empresas e Setores
Inconsistência? A Americanas (AMER3) veio a público através de Fato Relevante divulgado nesta semana comunicar que foram detectadas “inconsistências em lançamentos contábeis redutores da conta fornecedores.” Preliminarmente, foi estimada que a dimensão dessas inconsistências seja perto de R$ 20 bilhões com impacto imaterial no caixa da Companhia. Consequentemente, os recém-empossados Diretor-Presidente Sergio Rial e o Diretor de Relações com Investidores André Covre comunicaram a decisão de não permanecerem nos cargos. | Emponderada. O Banco do Brasil (BBAS3) confirmou que Taciana Medeiros assumira a presidência da companhia, a primeira mulher a assumir o cargo em 214 anos de história do banco. | A casa caiu. A Eztec (EZTC3) apresentou um faturamento com vendas brutas de R$ 334 mm no 4T22, queda de 14,8% ante ao mesmo período de 2021. No acumulado do ano, houve alta de 14%. | A casa não caiu. A Direcional Engenharia (DIRR3) anunciou ao mercado, em previa operacional, o lançamento recorde de R$ 3,6 bi em vendas em 2022 (+16% a/a). | Bom para um, muito bom para outro. A PetroReconcavo (RECV3) anunciou em previas operacionais uma média de produção de barris de petróleo dia em 23.072, alta de 4,7% no a/a. Já a 3R Petroleum (RRRP3) reportou em dezembro uma produção de 25,3 mil barris de óleo equivalente, alta de 91% m/m. | Novo presidente? A Petrobras (PETR4) em fato relevante anunciou ao mercado que recebeu a indicação de Jean Paul Prates para o cargo de CEO e membro do conselho administrativo. A empresa fará agora os tramites legais em prol desta indicação.
Fundos Imobiliários
Após alternar altas e baixas, IFIX encerrou a última semana de lado, com oscilação de -0,24%. Seguem os principais fatos ocorridos: ALZR11: O fundo comunicou a aquisição de 1.058.298 cotas do fundo “TSRE11” pelo valor total de R$ 105,8 mm, o equivalente a R$ 100,00/cota. O referido fundo detém 100% da Torre DuPont, um edifício comercial “triple A” com mais de 19 mil m² de área BOMA localizado em Barueri-SP, com operação de leasing que gera ao veículo um dividend yield de 10,8% a.a. sobre o valor de aquisição. | RECT11: O fundo informou ter recebido da companhia Clientis Gestão da Qualidade S.A., locatária de 50% do 16º andar da Torre Norte do Edifício Canopus Corporate Alphaville, o aviso de que não irá renovar o contrato de locação que termina em 14/01/2023. Com a referida devolução, equivalente a 568,61m², a taxa de vacância do portfólio do Fundo será de 12,54%. | RZTAK11: Em relação ao último fato relevante divulgado, foi informado um equívoco, pois 3 outras propriedades também estão relacionadas à aquisição do fundo, sendo elas: Vitória; Vitória II e Capivara, com suas respectivas matrículas 585, 610 e 464 do CRI de Tupiratins – TO. A área total das propriedades acima é de 1.230,30 hectares. Portanto, o valor total da transação será de R$ 40 mm e a área total das propriedades é de 13.764,06 hectares, o que representa o preço de aquisição de R$ 2.906,12 por hectare.
Agenda da Semana
Semana que vem, para o Brasil, será divulgado dados importantes acerca do mercado de trabalho, como o relatório CAGED de dezembro e a pesquisa PNAD de novembro. Embora esperemos uma redução marginal na taxa de desemprego, de 8,3% para 8,1%, o relatório CAGED deve mostrar uma desaceleração no ritmo de criação de empregos, refletindo a desaceleração da atividade econômica no último trimestre de 2022. No cenário externo, o dado mais importante será o PIB chinês do quarto trimestre. A expectativa do mercado é de uma queda de 1,0% em relação ao trimestre anterior, devido principalmente ao resultado de dezembro, quando a economia chinesa ficou praticamente parada por consequência da contaminação em massa da população por Covid-19. Por fim, estaremos de olho nos dados referentes ao mercado imobiliário americano, como alvarás concedidos e venda de casas no mês de dezembro.
Top da Semana
Na esteira dos acontecimentos recentes, relacionados as inconsistências contábeis e renúncia do CEO Sérgio Rial, a Americanas (AMER3) lidera as quedas dessa semana com -69,7% de retorno, sendo seguida por Hapvida (HAPV3) e BRF (BRFS3), com -10,0% e -7,4% respectivamente. Na ponta oposta Magazine Luiza (MGLU3) lidera as altas com ganhos de 24,3%, sendo seguida pela 3R Petroleum, com alta de 16,7% impulsionada por bons números operacionais, e Minerva Foods (BEEF3) com retorno de 14,9%.