Macroeconomia


O Mercado na Semana

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Rafaela Vitória

Publicado 16/dez

Semana de recados dos Bancos Centrais

A semana foi marcada pela elevação de juros e declarações mais duras das autoridades monetárias aqui no Brasil e lá fora. Depois de algumas semanas em recuperação, as bolsas globais voltaram a reportar desempenho negativo, com recuo de 2,1% do S&P500. Aqui no Brasil, o Ibovespa encerrou a semana com queda de 4,3%, mais uma vez sensibilizado pelas incertezas do cenário político e risco fiscal, além dos temores externos. Nos destaques setoriais, os segmentos mais sensíveis aos juros foram os mais impactados, com recuo de 6,6% do índice imobiliário (IMOB), seguido de uma queda de 5,2% do setor de consumo (ICON). Os índices de material básico, utilities e financeiro também apresentaram perdas de 4,9%, 3,4% e 3,3%, respectivamente.

Começando pelo Fed, a alta de juros nos EUA veio em linha, desacelerando para 50bps, mas as projeções dos membros do Fomc mostraram nova deterioração nas expectativas e a taxa terminal esperada passou para 5,1% em 2023, permanecendo elevada por mais tempo. O Fed segue preocupado com o mercado de trabalho mais aquecido, que pode manter a inflação de serviços mais alta por um período mais longo. Na Europa, o ECB também reduziu o ritmo de alta para 50bps, mas foi ainda mais hawkish indicando que deve continuar subindo além das expectativas atuais do mercado. Por outro lado, as notícias da atividade econômica global continuam vindo na linha de maior desaceleração e as apostas de recessão em 2023 devem continuar predominando no mercado, dando o tom de maior cautela.

Aqui no Brasil, o BC divulgou a ata do Copom e o Relatório Trimestral de inflação, alertando para o risco de expansão fiscal em 2023 deve interferir na trajetória de inflação, bem como manter os prêmios nas taxas de juros elevados. A inflação recente tem mostrado boa desaceleração, em compasso com a redução da atividade, como mostrou o IBC-br estável em outubro, o que está em linha com o aperto monetário. Mas as expectativas seguem bastante contaminadas pelas incertezas do governo de transição. Além da Pec, que será votada na próxima semana, a alteração na lei das estatais na última hora trouxe muita preocupação para os investidores pela possível volta da ingerência política nas estatais, assim como a elevação indevida do crédito pelos bancos públicos. Em um cenário de queda do desemprego e economia com pouca capacidade ociosa, o aumento de gastos fiscais e parafiscais podem ser contraproducentes nesse momento, e vão deixar o BC vigilante por um período prolongado.

Divulgamos nossa revisão de cenário macroeconômico essa semana (leia aqui) e esperamos uma Selic mais alta por mais tempo em 2023. A elevação dos gastos fiscais deve trazer de volta o déficit primário e manter taxas de juros mais elevadas, resultando também em um cenário de menor crescimento. Os sinais dados pelo novo governo até o momento são de muita incerteza, mas uma melhora no cenário poderia vir do anúncio e aprovação de nova ancora fiscal, bem como um avanço da reforma tributária visando a volta do equilíbrio das contas públicas.

Empresas e Setores

Investimentos: A Sabesp (SBSP3) aprova programa de investimentos de mais de R$ 26 bi até 2027, sendo valores anuais médio de R$ 5,1 b, visando os segmentos de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto. Na mesma linha, a Copasa (CSMG3) aprovou o seu plano de investimentos de R$ 9,5 bi, até 2027, com o mesmo intuito de atacar os segmentos de água, coleta e tratamento de esgoto. A Ultrapar (UGPA3) anunciou que deve investir cerca de R$1,4 bi em Ipiranga, R$ 428 mm para a Ultragaz, R$ 317 mm para Ultracargo e R$ 61 mm em outras esferas. | Leiloes: A Petrobras (PETR4) arrematou o bloco do pré-sal Norte de Brava, que se situa na Bacia de Campos, em leilão realizado pela ANP, com um pagamento na assinatura de mais de R$ 500 mm e 61,75% óleo lucro excedente. A Alupar (ALUP11) em consórcio arrematou o lote 6 do leilão de transmissão de energia, realizado pela ANEEL, ofertando uma receita anual permitida (RAP) de R$ 69,5 mm, o que representa um deságio de 15,05%. | Recuperação judicial: O Juízo da 7ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro sentenciou o encerramento da Recuperação Judicial que a Oi (OIBR3) vivenciava a mais de 6 anos.

IPOs & Afins

Nessa semana, a Whoosh startup que presta serviços de scooters elétricos, emplacou o único IPO do ano na Rússia. A empresa captou 2,1 bilhões de Rublos, o equivalente a 32,6 milhões de dólares. Os valores correspondem a um valuation de 20,6 bilhões de rublos ou 3200 milhões de dólares. Essa é a primeira e única oferta na bolsa de Moscou desde a invasão da Ucrânia.

Fusões e Aquisições

O Grupo GPS (GGPS3) informou que a aquisição da Compart foi aprovada por sua controlada, Top Service, assim sendo encaminhado para submissão do CADE. | No setor de saúde, o CADE aprovou, sem restrições, a compra da SulAmérica (SULA11) pela Rede D’Or (RDOR3). Contudo, para a conclusão da operação ainda será necessário o consentimento da ANS e do BACEN.

Fundos Imobiliários

Sob forte queda, o IFIX variou -3% na semana. Seguem os principais fatos ocorridos no período: BBRC11: Foi concluído pelo fundo a renovação dos contratos de locação dos imóveis localizados na Av. Brasil, 418 – São Paulo, SP (“Ag. Estilo Jardim Paulista”) e Rua Estados Unidos, 1931 – São Paulo, SP (“Ag. Estilo Estados Unidos”), com o Banco do Brasil S.A. Ambas as renovações foram acertadas nos mesmos termos, com prazo de vigência de 60 meses e indexação ao IPCA. | RZTR11: Em virtude das atuais condições de mercado, o fundo comunicou o cancelamento da oferta pública, com esforços restritos de distribuição, de cotas de sua 3ª emissão. | HGBS11: O fundo apresentou uma proposta de aquisição de 40% do do empreendimento imobiliário designado “SHOPPING JARDIM SUL”, bem como dos equivalentes direitos aquisitivos relativos às vagas de garagem. Ainda, na qualidade de cotista detentor de mais de 5% da participação do fundo imobiliário JRDM11, o veículo solicitação a convocação de AGE para venda, por parte do JRDM11, da venda de sua participação no imóvel pelo valor de R$ 217,8 mm. | BRCO11: O fundo celebrou a renovação do contrato de locação com a locatária Carrefour no imóvel do veículo localizado em Contagem, com prorrogação do tempo de locação para 60 meses.

Agenda da Semana

Semana que vem, para o Brasil, será divulgado a balança de pagamentos referente ao mês de novembro, um dado importante para analisarmos o apetite dos investidores estrangeiros em relação à economia brasileira. Também teremos os dados do IPCA-15 para o mês de dezembro, esperamos uma variação de 0,4%, o que representaria uma desaceleração da inflação em relação ao mês anterior, quando houve variação de 0,53%. No contexto internacional, será divulgado os principais indicadores do mercado imobiliário americano para o mês de novembro, mas o dado mais importante será o deflator PCE, que deverá mostrar manutenção do processo desinflacionário em curso.

Fonte: Inter Research e Bloomberg.

Top da Semana

A maior alta da semana ficou com a Minerva (BEEF3), que teve um retorno de 6,83%, seguido da Dexco (DXCO3) e Cielo (CIEL3) que subiram 5,97% e 5,29% na semana. Na outra ponta, a Gol (GOLL4) apresentou uma forte queda de 15,8% seguida pela Magazine Luiza (MGLU3) e Natura (NTCO3), que caíram 15,3% e 14% respectivamente.

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