Macroeconomia


O Mercado na Semana

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Rafaela Vitória

Publicado 02/dez15 min de leitura

Incertezas e reversão

Nas últimas semanas, vimos muitas incertezas no cenário se transformar em aversão a risco, mas eventualmente, observamos uma melhora nos mercados mesmo sem notícias concretas. Foi o que vimos essa semana com a alta das bolsas, aqui e lá fora, e alívio nos juros. O Ibovespa subiu 3% motivado pela recuperação momentânea das commodities que avançaram 2% na semana, com expectativa de flexibilizações na China após os protestos da semana passada. A queda dos juros também contribuiu para o desempenho do índice financeiro (IFNC), que teve destaque na semana com alta de 3,29%, seguido do segmento imobiliário (IMOB), que apresentou um avanço de 2,56%. Os setores de materiais básicos (IMAT), consumo (ICON) e utilities (UTIL) também fecharam no positivo, com 2,47%, 1,19% e 0,64%, respectivamente.

Os dados do mercado de trabalho nos EUA mostram o setor ainda bastante aquecido com a criação robusta de novas vagas e aumento de salários acima da expectativa. Ainda assim, o mercado lá fora fechou a semana com alta do S&P500 e queda nos juros americanos, que refletem a expectativa de um aperto monetário menos duradouro. De fato, dados antecedentes do ISM e PMI, as pesquisas com os setores de manufatura e serviços, apontam para uma queda da atividade à frente, e o PCE, a medida de inflação preferida pelo Fed, mostrou desaceleração e ficou abaixo do esperado. Depois de quedas seguidas da bolsa, o investidor parece escolher os dados que mais lhe agradam. No entanto, mantemos a cautela no cenário que ainda não aponta com clareza para uma desaceleração que gere um a desinflação mais rápida, como precifica a curva de juros, e podemos ser surpreendidos na frente com um aperto monetário maior que o esperado.

Aqui no Brasil também observamos o mesmo movimento. Mesmo ainda sem definição sobre a nova Pec e sem a escolha do ministro da Fazenda, os mercados experimentaram um alívio na semana, seguindo o movimento lá fora. O dólar caiu 3,5% e voltou para R$5,20. O IGPM mostrou deflação acima do esperado e os dados de confiança do empresário também indicam desaceleração à frente. O PIB cresceu 0,4% no trimestre, abaixo do esperado, e o Caged também mostrou desaceleração na geração de novas vagas. A concessão de crédito também está mais fraca e a inadimplência ainda sobe, o que deve significar condições financeiras mais apertadas à frente, contribuindo para conter a inflação. O resultado fiscal de outubro foi bastante positivo, em R$30 bilhões e o governo acumula superavit de 1,8% do PIB em 12 meses, mas essa é praticamente uma notícia passada, pois o fiscal para 2023 segue incerto. De novo chamamos a atenção para a necessidade de cautela no cenário.

Empresas e Setores

Oferta pública secundária. O Assaí (ASAI3) comunicou a realização de uma oferta pública de distribuição secundária com 140,8 milhões de ações, potencialmente, a oferta poderá movimentar mais de R$ 2,7 bilhões. | Operação dobrada. A Azul (AZUL4) anunciou a ampliação da oferta de conexões do Aeroporto de Congonhas (São Paulo, SP) para outras capitais estaduais. A empresa passará a ter 84 permissões de pouso e decolagem, em março/23, frente os 41 atuais. | Novo Mercado fica para o ano que vem. A Eletrobras (ELET3) comunicou a suspensão dos projetos de migração da elétrica para o Novo Mercado da B3, a retomada do projeto ocorrerá em momento oportuno em 2023. | Plano estratégico 2023-2027. A Petrobras (PETR4) divulgou os planos estratégicos da empresa para o quinquênio 2023-2027. A gigante brasileira propõe-se a aumentar os investimentos em US$ 10 bilhões, para US$ 78 bilhões, destinando US$ 4,4 bilhões do total em energia renovável e sustentabilidade. A previsão de produção total de barris por dia é de 2,6 milhões em 2026, chegando a 3,1 milhões em 2027. | Vendas digitais em alta na Pague Menos (PGMN3) que anunciou o aumento em 43% a/a das vendas no mês de novembro. O crescimento do Black Friday deste ano, comparado ao de 2021 foi de 19%. | Estocar energia? A Isa Cteep (TRPL4) iniciou uma operação comercial para seu projeto de armazenamento de energia no sistema de transmissão brasileiro. Para o projeto, a empresa conta com R$ 146 mm da Aneel.

IPOs & Afins

Nessa semana, o Casino anunciou o follow-on de 10,4% do seu capital social no Assaí (ASAI3). A operação pode levantar até R$ 3,6 bilhões e tem como objetivo aliviar os indicadores de alavancagem da companhia. Ainda, a CTG Brasil, empresa controlada pela China Three Gorges, protocolou na CVM o pedido para a realização de uma oferta inicial de ações. Com 17 hidrelétricas e 11 usinas eólicas, trata-se de uma das maiores empresas de geração de energia do país e a operação pode levantar até R$5 bilhões.

Fusões e Aquisições

A AES Brasil (AESB3) anunciou a conclusão da compra dos Complexos Eólicos Ventos do Araripe, Caetés e Cassino, pelo enterprise value de R$ 1,86 bi. | O CBA (CBAV3) informou que efetuou a compra de 20% da participação remanescente da Alux, por R$ 98 mm. | A Gerdau (GGBR4) comunicou que a sua controlada Gerdau Next assinou contrato para compra de 33,3% da Newave Energia, por R$ 1,5 bi, sendo que será desembolsado inicialmente R$ 500 mm e o restante será pago por meio de cumprimento de metas. A transação foi efetuada em conjunto com o Fundo NW Capital, que deterá 66,6% da companhia. | A JBS (JBSS3) anunciou que a sua subsidiária indireta, JBS USA, adquiriu alguns ativos da TriOak Foods, produtora estadunidense de suínos e trading de grãos. Segundo a companhia, com a operação o frigorífico fomentará o seu relacionamento com a TriOak, assim garantindo o fornecimento de carne suína premium, principalmente na região do centro-oeste dos Estados Unidos. | No setor financeiro, o Santander (SANB11) informou o mercado sobre a venda de 50% da sua participação no Banco PSA e PSA Corretora, para o Banque PSA e Stellantis Services, respectivamente. | Por fim, a Weg (WEGE3)anunciou a compra remanescente da Mvisia, startup voltada para inteligência artificial, após aquisição de 51% em 2020.

Fundos Imobiliários

Recuperando-se das recentes quedas, o IFIX avançou +1,19% na semana. Seguem os principais fatos ocorridos no período: RBVA11: Foi concluída a renovação, por mais 10 anos, de todos os contratos de locação do fundo junto à Caixa Econômica Federal que venceriam em 2022. A renovação garante a ocupação de 100% dos imóveis a vencer, traz um fluxo de vencimentos confortável com mais 10 anos de locação e tem impacto marginal na receita mensal de apenas R$0,005/cota/mês a partir de janeiro de 2023. | BRCO11: O fundo concluiu as assinaturas do aditamento que aprovou a renovação do contrato de locação com a locatária Americanas S.A. no ativo localizado em Contagem-MG até o dia 30/09/2027. Com isso, a locatária permanecerá ocupando uma ABL de 15.727,24 m² do imóvel, o equivalente a 22,6% de sua totalidade. O novo valor do aluguel pactuado terá um aumento de 17,3% em relação ao valor vigente e deve impactar, positivamente, o caixa do fundo em R$0,03 por cota ao mês, descontadas eventuais despesas do fundo e demais taxas.

Agenda da Semana

Na agenda da próxima semana teremos a reunião do Copom na quarta feira, que deve manter a taxa Selic em 13,75%, e indicar que a política monetária seguirá restritiva considerando os riscos no radar, principalmente o risco do fiscal mais expansionista podendo prejudicar a trajetória de convergência da inflação. Já os dados de varejo e serviços podem confirmar a expectativa de um crescimento mais modesto da atividade no quarto trimestre.

Fonte: Bloomberg e Inter.

Top da Semana

Diante projeções positivas, a Locaweb (LWSA3) salta 17,7% na semana, acompanhada pela Petrobras (PETR3, PETR4) que apresentou uma revisão de seu plano estratégico e subiu 9,7% e 9,6% respectivamente. Na outra ponta, as empresas de frigorifico Marfrig (MRFG3) e BRF (BRFS3) caíram 13,4% e 12,5%. Com agrupamento, IRB (IRBR3) caiu 10,3%.

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