Macroeconomia


O Mercado na Semana

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Rafaela Vitória

Publicado 18/nov15 min de leitura

Paciência

A semana no mercado brasileiro foi mais uma vez marcada por elevada volatilidade e nova deterioração dos preços dos ativos. A apresentação da Pec da Transição gerou mais incertezas no mercado, com proposta de gastos que podem chegar a R$200 bilhões, além do teto em 2023, sem contrapartida e ainda perduram por até 4 anos. Além disso, a equipe de transição segue sem a definição do ministro da economia e a sinalização continua bastante negativa, no lado oposto da responsabilidade fiscal. Nesse cenário, a bolsa teve queda de 3,01% no acumulado da semana, em reflexo ao recuo dos principais setores da bolsa, com destaque para a perda de 5,73% do índice de consumo (ICON), seguido da -4,88% do setor imobiliário (IMOB). Os índices de materiais básicos (ICON), utilities (UTIL) e financeiro (IFNC) apresentaram quedas mais suaves, com -3,57%, -3,56% e 1,60%, respectivamente.

Lá fora, os dados da economia nos EUA continuam indicando o início da desaceleração, com o índice de preços ao produto, o PPI, mais fraco que o esperado e nova queda nas vendas de imóveis no mês de outubro. Na China, os indicadores de atividade também decepcionaram mostrando demanda ainda fraca e o aumento no número de casos de covid afastou as expectativas de novas flexibilizações. Com isso, o petróleo teve queda na semana contribuindo para a redução de quase 3% no índice de commodities. O S&P500 recuou 1% na semana, com falas mais duras de membros do Fomc sobre as expectativas para novas altas de juros. Apesar da desaceleração no ritmo de alta esperada para dezembro ser consenso, a taxa terminal ainda é uma incerteza e vai depender da evolução da inflação nos próximos meses.

Aqui no Brasil, o IGP-10 teve a 3º deflação seguida de 0,59% em novembro, mas mostrou aceleração no IPC, indicando que devemos ver um repique da inflação ao consumidor no mês. Mas o forte movimento de deterioração no mercado de juros continuou sendo motivado pelas notícias da equipe de transição. A Pec apresentada pode levar a um rombo de mais de R$200 bilhões no próximo ano, que pode ser tornar permanente e dificultar o ajuste fiscal nos anos seguintes. A discussão continua focada nos gastos sem nenhuma proposta de contrapartida ou de um novo arcabouço fiscal que traga alguma previsibilidade para a trajetória da dívida. Com isso, o cenário de incerteza predomina e os juros voltaram a subir, apagando todas as apostas de redução de Selic em 2023. Apesar da nobre causa de aumentar os programas de transferência de renda, não existe responsabilidade social sem responsabilidade fiscal. Inflação e juros altos vão prejudicar o crescimento da economia, impactando a geração de emprego e dificultando ainda mais o ajuste fiscal futuro.

Empresas e Setores

Indicadores em alta. A Azul (AZUL4) informou que houve um aumento de 11,3% m/m em seu tráfego de passageiros consolidado em outubro. A taxa de ocupação no mês foi de 11,7%. | Queda do volume negociado. A B3 (B3SA3) registrou queda de 2,7% a/a no volume negociado de ações no mês passado, totalizando R$ 35,184 bi. A receita média por contrato (RPC) caiu 1,9% a/a chegando a R$ 0,918. | Debêntures! A CSN (CSNA3) aprovou sua 13ª emissão de debêntures simples, em série única. Totalizando R$ 460 mm. A soma financiará parte da recompra de ações da CEEE-G. | Produção dobrada. A Enauta (ENAT3) apresentou uma produção média diária de 20,3 mil barris de óleo equivalente (boed) em outubro (+95% m/m e -12,5% a/a), totalizando uma produção de 630,6 mil barris de óleo equivalente no mês. | Nova redução de preços. A Petrobras (PETR4) anunciou a redução de 5,3% no preço, nas refinarias, do gás de cozinha (GLP), de R$ 3,78/kg para R$ 3,58/kg. | Forte desempenho financeiro. A Cemig (CMIG4) reportou resultados positivos e acima de nossas expectativas no 3T22, com EBITDA de R$ 1,5 bi (+4,6% a/a) e um lucro líquido de R$ 1,1 bi (+181% a/a). (Comentário CMIG4) | Resultados negativos. A Embraer (EMBR3) reportou prejuízo líquido de R$ 93,8 mm no 3T22 (vs. prejuízo de R$ 180 mm 3T21), seu EBITDA totalizou R$ 380 mm (+34,75% a/a). | Resultado ligeiramente abaixo do consenso. A Localiza (RENT3) reportou um resultado do 3T22 com muitos efeitos recorrentes oriundos da fusão. A empresa apresentou R$ 6,136 bi em receita líquida (+40% a/a) e um lucro líquido ajustado de R$ 682,1 mm. (Comentário RENT3) | Produção fraca. A 3R Petroleum (RRRP3) anunciou dados de produção abaixo do esperado para o mês de outubro, produzindo 14,3 mil barris de óleo equivalente por dia (boed) (-13% m/m).

IPOs & Afins

Após reportar prejuízo de R$299 milhões na semana passada, a IRB Brasil RE (IRBR3) viu seu capital mínimo regulatório chegar a 109% de solvência. Com isso, não resta muita gordura para a resseguradora, de modo que futuros resultados negativos podem gerar a necessidade de novo follow-on. Confira a análise de nosso especialista aqui.

Fusões e Aquisições

A BrasilAgro (AGRO3) anunciou a venda de 1.965 hectares da fazenda Rio do Meio, localizada Correntina (BA), pelo montante de R$ 62,4 mm. | Já o Banco Mercantil (BMEB3) informou que a sua subsidiaria, Domo Digital, adquiriu a Gyra+, fintech de crédito e uma das pioneiras na implementação do open finance no Brasil. A operação segue em linha com a estratégia do banco de ampliar a sua base tecnológica e diversificar o seu portfólio de serviços e produtos. | Por fim, a Cemig (CMIG4) comunicou a alienação de 19,6% da sua participação da Ativa para a Sonda, que já detinha 80,4% da companhia. Com a venda, a Cemig receberá o montante de R$ 60,02 mm.

Fundos Imobiliários

Com continuidade da tendência de baixa, o IFIX cedeu 1,96% na semana. Seguem os principais fatos ocorridos no período: 

FEXC11: Em virtude das deliberações tomadas pelos cotistas a respeito da incorporação dos veículos FEXC11 e BTCR11, a administradora solicitou à B3 a alteração do ticker do fundo para “BTCI11” bem como seu nome de pregão para FII BTG CRI. | BTCR11: Em virtude das mesmas deliberações tomadas pelos cotistas do fundo, a administradora deste veículo também solicitou à B3 a alteração do ticker do fundo para “BTCI11”, bem como seu nome de pregão para FII BTG CRI. | GALG11: Foi aprovado pelo administrador do fundo a sua 4ª emissão de cotas, que será realizada por meio de oferta pública nos termos da Instrução CVM nº 400. O montante total da oferta será inicialmente de R$ 101,3 mm, a serem captados por meio da emissão de 11.000.000 novas cotas a um preço fixado de R$ 9,21. | RECT11: O fundo celebrou com a AGÊNCIA MARÍTIMA NAABSA LTDA um contrato para locação de uma sala no 18º andar do Condomínio Edifício Parque Ana Costa, situado em Santos-SP, pelo prazo de 60 meses de área correspondente a 125,55 m². Após essa locação, a taxa de vacância do portfólio será de 14,18%. | XPPR11: A gestora comunicou estar em tratativas para realização de uma possível venda de participação nos seguintes imóveis: EDIFÍCIO FARIA LIMA PLAZA, localizado em São Paulo-SP, na Avenida Brigadeiro Faria Lima nº 949; (ii) EDIFÍCIO MÓDULO REBOUÇAS, situado em São Paulo-SP, na Rua Capote Valente, nº 39; (iii) EDIFÍCIO BOX 298, situado em São Paulo-SP, na Rua Wisard, nº 298; e (iv) EDIFÍCIO ITOWER, integrante do “Condomínio Iguatemi Alphaville”, situado em Barueri-SP, na Alameda Xingu nº 200/350. Segundo o fundo, os potenciais transações têm como objetivo reduzir seu atual nível de alavancagem.

Agenda da Semana

Na agenda da próxima semana teremos o IPCA-15 de novembro, que deve confirmar o aumento da inflação de alimentos e de combustíveis no mês. Será divulgada também a arrecadação de outubro, que deve apresentar novo recorde, mas não deve ter impacto considerando as propostas de gastos para o próximo ano. Também teremos os dados da balança comercial de outubro que deve indicar superavit comercial de cerca de US$4 bilhões. Lá fora, a atenção estará voltada para a ata do Fomc e para os índices de confiança de Michigan.

Fonte: Bloomberg e Inter Research

Top da Semana

Na semana, as maiores altas ficaram com as ações de Bradesco (BBDC4 e BBDC3), com respectivas variações de 3,04% e 2,00%, após as suas fortes quedas da semana anterior, e em resposta ao seu resultado do 3T22. Na outra ponta, foi uma semana adversa para as ações de frigoríficos, com Marfrig (MRFG3) e JBS (JBSS3) apresentando quedas de -15,82% e -13,69%. Americanas (AMER3)também apresentou forte retração, no valor de -14,99%, em meio ao cenário de incerteza fiscal.

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