Estratégia equilibrada, com resultados avançando
Na sexta-feira (19), participamos do Minerva Day, em Barretos, dessa vez para celebrar os 30 anos da companhia e discutir a sua estratégia, perspectivas de crescimento e pontuar algumas características internas do negócio, por meio de oito apresentações, distribuídas entre os temas de estratégia, ciclo do gado, logística, exportação e seus segmentos, além de comentar sobre os seus avanços ESG e passar brevemente pelos seus resultados financeiros. Abaixo comentaremos os highlights do dia.
O evento teve uma perspectiva mais estratégica, com um posicionamento otimista da Minerva frente ao cenário, impulsionada pelo sequencial aumento da oferta de animais no Brasil e Colômbia, acrescido de um momento positivo para demanda externa, favorecida pelo movimento de redução das taxas de importação e aumento de cotas ao redor do mundo visando conter a inflação alimentar, assim como um amadurecimento do consumo asiático, segundo a visão da companhia, que acabam favorecendo os seus resultados.
Percepção do Analista. Vemos que a gestão administrativa e financeira da Minerva, somado ao bom momentum do cenário, proporcionam uma capacidade superior de geração de valor ao acionista. A companhia tem uma estratégia clara e alinhada, preservada pela diversificação geográfica na América do Sul e foco na rentabilidade operacional, o que beneficia a sua performance. No que tange o longo prazo, o investimento direcionado para descarbonização, que já começa a trazer resultados, se torna um diferencial, principalmente com uma crescente demanda por produtos carbono neutro. Contudo, as mudanças alimentares, limitações produtivas e adversidades climáticas são fatores de atenção para o longo prazo. Antecipamos que seguimos otimistas diante da gestão e conjuntura da Minerva, assim, mantemos o preço-alvo da companhia para o fim de 2022 em R$ 17/ação e a recomendação de Compra para o papel.
Expectativas positivas para o setor, com uma estratégia consolidada. Dando início às apresentações, o CEO da Minerva, Fernando Queiroz, reforçou a importância do footprint de diversificação geográfica da companhia, que possibilita amenizar a instabilidade do cenário da América do Sul por meio da arbitragem, proporcionando maior aproveitamento das vantagens do continente em comparação com os demais players do mercado, principalmente pela possibilidade de atuação com pecuária extensiva, o que reduz os custos produtivos nessa conjuntura de pressão no preço dos grãos, além da dimensão territorial e fácil acesso a mão-de-obra. A companhia executa investimentos em inovação, principalmente com análise de dados, o que favorece a sua estratégia de curto prazo e auxilia na performance da sua gestão financeira. Em complemento, Queiroz comentou sobre as tendências para o consumo de proteína bovina, com consolidação da demanda chinesa, principalmente pela visível mudança da preferência do consumidor mais jovem no país, assim como uma forte procura do continente asiático – que sofre pela inflação e riscos frente a segurança alimentar. Por fim, no âmbito de sustentabilidade, o foco da Minerva se voltou para descarbonização da produção, estratégia favorável para o aproveitamento do avanço da procura por produtos não-poluentes e naturais.
Entrada no ciclo positivo, com forte recuperação. Nessa etapa, o gerente de Business Intelligence da Minerva apresentou as perspectivas para o ingresso do ciclo positivo da pecuária no Brasil, revertendo o cenário atual de oferta limitada de animais observado em 2020 e 2021, resultado do forte abate de fêmeas vistos em 2016 – 2019, e que levou a maior pressão na arroba do boi gordo, ultrapassando os R$ 300/arroba. Dessa maneira, para o próximo semestre e ano é esperada uma considerável recuperação do número de abates, com um avanço da oferta de animais no Brasil, o que vem a suprir o cenário desfavorável dos Estados Unidos e situação da Austrália no mercado, preenchendo a lacuna deixada por eles.
Foco na otimização dos custos em cenário desafiador para logística. Os atuais efeitos das adversidades vistas desde a pandemia, intensificados pelas crises de contêineres na China, além dos efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia e avanço da inflação global, trouxeram diversos desafios para área, pressionando as despesas com logística e que devem persistir ainda por um tempo, devendo ser parcialmente limitadas pelos esforços da companhia em otimização de custos e foco no aprimoramento do serviço ao cliente.
Operação Brasil, Paraguai & Colômbia: Avanço e transformação da cadeia produtiva. Com forte crescimento das operações na Latam Norte, o segmento passa por um período de transformação, com investimentos na criação de nichos, com foco na maior rentabilização da produção. Nesse sentido, o market-share das marcas premium da Minerva ganham cada vez mais espaço no mercado, com um aumento de 5 p.p. a/a, com 21,2% em 2021, acompanhado de um forte avanço do quilo produzido no nicho do Paraguai. Na apresentação, COO da Minerva, também comentou sobre os investimentos em novas tecnologias em suas fábricas, com o desenvolvimento de eletroestimulação da carcaça, hot intervention para higienização do animal e outros instrumentos que auxiliam no processo de qualificação da carcaça e produção da carne, desse modo, aproveitando ainda mais esse momento de virada do ciclo.
Tendências positivas para demanda por proteína bovina. De modo geral, os drivers para o consumo de proteína bovina são positivos, principalmente impulsionado pelo aumento populacional, acréscimo da renda e avanço da demanda da Ásia. Simultaneamente, a produtividade e eficiência da pecuária impulsionam ainda mais esse avanço, estimulando as exportações da América do Sul. Com uma pioria do quadro produtivo dos Estados Unidos e Austrália, além do avanço dos custos em demais territórios, a Latam ganha novos mercados, estimulando as exportações. Pontuamos que apesar das vantagens produtivas da América do Sul e investimentos na sustentabilidade, as limitações da produção e movimento de alterações das preferências, principalmente em economias desenvolvidas, pode se tornar um fator de atenção no longo prazo.
Foco na descarbonização e pioneirismo no tema. Dando ênfase para a rastreabilidade do processo, a companhia reforçou o movimento de monitoramento geoespacial de seus fornecedores e já possui metas para o rastreamento e vigilância dos contribuidores diretos de todos os países atuantes, com conclusão do processo no Paraguai, contudo ainda embrionário para os demais outros. Em complemento, a Minerva já busca soluções para o complexo monitoramento indireto do setor, por meio da integração com a ferramenta do Visipec, sendo um ponto positivo, mas que ainda necessita de atenção diante da sua aplicabilidade efetiva. Além disso, a joint venture realizada com a Biofílica, somado ao programa Renove e My Carbone, impulsionam a escalabilidade das emissões e comercialização de créditos de carbono. Ressaltamos que o avanço das práticas ESG se tornou um pilar essencial para o relacionamento com stakeholders, no qual cada vez mais as economias estão tomando medidas restritivas contra as companhias e países que não possuem boas práticas e, em vista disso, como a Minerva se trata de uma exportadora, a sua evolução atual no tema é primordial para o seu desenvolvimento futuro.
Alocação de capital sem novidades, com foco na saúde financeira e retorno ao acionista. A companhia reforçou que não planeja efetuar nenhuma aquisição no ano, dando foco para sua saúde financeira, assim respeitando a sua política de dividendos. Além disso, no que tange o investimento em novos produtos, a Minerva reiterou que não pretende destinar capital para proteínas vegetais, dando foco no momento para carne carbono neutro.