Macroeconomia


Mercado na Semana

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Rafaela Vitória

Publicado 30/jun5 min de leitura

Resumo

A semana foi marcada pela divulgação da ata do Copom, que reafirmou a expectativa de corte na Selic na próxima reunião de agosto. Além disso, a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) não alterou a meta de inflação para o futuro relevante, apenas alterando o horizonte da meta, adotando uma meta contínua com horizonte de até 24 meses a partir de 2025, ao invés do atual sistema de ano-calendário. De toda forma, o caminho para o início dos cortes em agosto foi dado e o mercado consolidou as apostas de corte de 0,25 p.p. em agosto.

Brasil

Ata do Copom indica que o início do ciclo de cortes irá se iniciar em agosto. A grande novidade em relação ao comunicado foi a menção de que a avaliação predominante é de que há confiança suficiente entre os membros para iniciar o ciclo de cortes na reunião, mas que devido a uma minoria mais cautelosa não foi incluído no comunicado pós reunião. Isso deixa claro que, condicionado à evolução benigna dos dados, os cortes se iniciarão em agosto.

Inflação comportada em junho. O IPCA-15 de junho registrou alta de 0,04%, enquanto o IGP-M registrou nova deflação, de 1,93%. A queda no preço dos combustíveis foi o grande responsável por tal resultado. Nessa sexta a Petrobras anunciou novo corte no preço da gasolina nas refinarias, o que deve contribuir para uma inflação menor também no mês de julho. Com isso, aumenta a confiança de que a reunião do Copom de agosto marcará o início do ciclo de cortes.

Crédito continua enfraquecendo. Tanto o saldo quanto as novas concessões continuam desacelerando, chamando a atenção o fraco desempenho do crédito direcionado. Apenas o crédito imobiliário recuou 23% na comparação com maio de 2022. Além disso, inadimplência voltou a aumentar, alcançando o maior valor desde outubro de 2017. Confira o nosso relatório completo aqui.

Mercado de trabalho continua aquecido, mas desacelera na margem. A taxa de desemprego medida pela PNAD recuou 0,3 ponto percentual no trimestre de março a maio de 2023. A população desocupada diminuiu 3% frente ao trimestre imediatamente anterior, enquanto o contingente de pessoas ocupadas e o nível de ocupação permaneceram estável. Isso sugere que a queda na taxa de desemprego foi fruto da saída de trabalhadores do mercado de trabalho. Os dados do Caged, também divulgados nessa semana, apontam para uma desaceleração na criação de empregos formais, mas ainda mantém um patamar elevado.

Governo central apresentou déficit primário de R$45 bilhões em maio. Resultado ficou abaixo da expectativa, principalmente devido à antecipação do pagamento dos precatórios do ano. No acumulado do ano, o superávit primário do governo central reduziu para R$2,1 bilhões em comparação com R$39,7 bilhões de 2022. Confira nosso relatório completo aqui.

Internacional

PIB americano avança 2% no primeiro trimestre. O dado veio acima da expectativa, que era um crescimento de 1,4%, o que sugere que a economia americana ainda está crescendo acima da tendência, mantendo-se resiliente em meio à elevada taxa de juros. O banco central americano acredita que o crescimento potencial da economia americana seja de 1,8%. Portanto, vemos a economia ainda operando acima do crescimento potencial e o mercado de trabalho ainda aquecido, o que pode levar o Fed a interpretar que a economia não está reagindo à política monetária contracionista como esperado, tornando novas altas mais prováveis.

Inflação americana medida pelo PCE avançou 0,1% em maio. Resultado veio abaixo da expectativa que era um avanço de 0,5%, fruto da queda de 3,9% nos preços de energia. Com o resultado, o PCE acumula alta de 3,8% nos últimos 12 meses. Além disso, a inflação de habitação avançou 8,3% nos últimos 12 meses, abaixo dos 8,4% de abril e a o núcleo de serviços, excluindo habitação, avançou 4,5%, também abaixo do dado de abril, que foi uma alta de 4,6%. Na taxa de 3 meses anualizada, a tendência de desaceleração é ainda mais acentuada. A inflação de habitação avançou 6,4%, abaixo dos 7,2% observados em abril, e a do núcleo de serviços excluindo habitação avançou 3,9%, abaixo dos 4,4% de abril. Resultado confirma a tendência de desinflação da economia americana, que deve acentuar nos próximos. Apesar disso, o discurso do Fed ainda tem sido de que a política monetária não é restritiva o suficiente, deixando sobre a mesa a opção de novos aumentos na taxa de juros.


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