Dispêndios ofuscam crescimento de receita
A Rede Mater Dei divulgou resultados mistos no 1T22, positivo no faturamento, mas negativo no bottom line, refletindo a integração das aquisições. No trimestre, foram anunciadas as aquisições: (i) do Hospital Premium em Goiânia, que marcou a entrada da companhia no Centro-Oeste; (ii) do Hospital EMEC, em Feira de Santana, fortalecendo a operação do Mater Dei na Bahia; e (iii) do Hospital Santa Clara em Uberlândia, que ainda está sujeita a aprovação do CADE. Além disso, em maio foi inaugurado o Hospital Mater Dei Salvador, primeiro projeto greenfield da companhia fora de Minas Gerais, adicionando 369 leitos à capacidade total da companhia e que já conta com ~400 mil vidas credenciadas. Entendemos que a companhia deve agora pisar no freio com aquisições nos próximos trimestres, concentrando seus esforços nas integrações dos hospitais adquiridos, em busca de uma retomada gradual de margens ao longo de 2022. Reiteramos nossa recomendação de compra para MATD3 com preço-alvo de R$ 20,00/ação.
A receita líquida reportada no 1T22 foi de R$ 343 mm (+51,1% vs. 1T21), acima de nossas expectativas. O volume de pacientes-dia apresentou aumento de 70,6% frente ao 1T21, considerando as aquisições. O ticket médio consolidado foi de R$ 2,03 mm/leito utilizado, redução relevante frente aos R$ 2,30 no 1T21 e R$ 2,68 no 3T21. Assim como já esperávamos para o 1T22, este movimento de crescimento de receita aliado à uma redução do ticket consolidado deve se estender para os próximos trimestres, conforme sejam integradas as aquisições recentes. Em nossa visão, o ticket médio menor dos hospitais adquiridos abre oportunidades de crescimento, tanto por novos credenciamentos quanto pela possibilidade de aumentar a complexidade destes hospitais.
Os custos dos serviços prestados (CSP) chegaram a R$ 223 mm (+61,7% a/a), refletindo os aumentos das linhas de pessoal e serviços, mesmo com a redução da linha de materiais e medicamentos, pressionando a margem bruta para 35,0% (-4,2 p.p. vs. 1T21). As despesas operacionais alcançaram R$ 55 mm (+54,3% a/a), com redução t/t de 18,3% uma vez que no 4T21 foram desembolsados R$ 17 mm com assessorias de M&A.
O EBITDA alcançou R$ 81 mm no 1T22 (+30,6% a/a), em linha com nossas estimativas, com margem EBITDA de 23,7% (-3,7 p.p. a/a). Quando descontamos os efeitos não recorrentes (como por exemplo as despesas com assessoria de M&A e os gastos pré operacionais do Mater Dei Salvador), chegamos a um EBITDA ajustado de R$ 90 mm (+44,8% a/a), com margem EBITDA ajustada de 26,2% (-1,1 p.p. a/a). O lucro líquido chegou a R$ 31 mm (+17,0% a/a), com margem de 9,0% (-2,6 p.p. a/a). Já o lucro líquido ajustado pelos mesmos não recorrentes que reajustamos o EBITDA, ficou em R$ 37 mm (+39,2% a/a), em linha com nossas projeções.
Em relação ao endividamento, a companhia encerrou o trimestre com uma dívida líquida de R$ 330 mm e relação dívida líquida/EBITDA (LTM) de 1,1x (vs. -0,5x no 4T21). Além disso, a empresa desembolsou: (i) R$ 237 mm para aquisição do Santa Genoveva e CDI; e (ii) R$ 91 mm referentes a primeira parcela da aquisição do Hospital Premium. No trimestre, observamos uma geração de caixa operacional de R$ 34 mm (vs. R$ 12 mm no 1T21) e um fluxo de caixa livre negativo de R$ 335 mm (vs. -R$ 45 mm no 1T21), fruto dos pagamentos das aquisições e maiores pagamentos de juros com os empréstimos e financiamentos.
Esperamos que a empresa tenha outros desembolsos relevantes nos próximos trimestres para consumar as aquisições recentes. Por outro lado, acreditamos que a atual estrutura da companhia viabiliza tanto sua estratégia de crescimento orgânico, quanto inorgânico (por meio de dívidas ou via equity), caso apareçam oportunidades.