Macroeconomia


Market Strategy | Novembro 2023

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Gabriela Joubert

Publicado 01/nov10 min de leitura

Market Strategy

As incertezas seguem permeando os mercados globais e outubro foi mais um exemplo da alta volatilidade resultante do cenário carregado de dúvidas. Os juros das Treasuries de 10 anos nos Estados Unidos chegaram a 5% ao longo do mês, nível não atingido desde 2007, reflexo de uma economia que segue forte, juntamente com um mercado de trabalho robusto e que preocupa quanto aos seus efeitos na convergência da inflação à meta. Na China, sinais mistos mostram certa estabilização da economia, mas com solavancos, e na Europa, inflação desacelerando e PIB em queda indicam que o BCE deve iniciar o ciclo de cortes antes do esperado, mas investidores seguem atentos aos desdobramentos dos conflitos no Oriente Médio e seus efeitos nas commodities, em especial no petróleo. E aqui no Brasil, o risco fiscal voltou ao radar, enquanto governo busca aprovação de pautas para elevação da arrecadação em contrapartida aos aumentos de gastos já previstos para o próximo ano.

No corporativo, a temporada de balanços nos Estados Unidos trouxe surpresas, com grandes bancos superando as expectativas, enquanto as empresas de tecnologia divergiram entre evolução nos resultados core e o potencial dos investimentos em Inteligência Artificial. Aqui no Brasil, os números iniciais das exportadoras vieram em linha com esperado, mas mercado interno já mostra sinais de desaceleração, com os juros elevados e crédito restringindo o poder de consumo.

Em resumo, Estados Unidos seguem forte, contrariando as apostas de uma recessão. China que desacelerava, apresenta sinais de estabilização, mas ainda não concretos. E aqui no Brasil, o fiscal volta ao radar e pesa nos ativos de risco e no câmbio. Tamanhas mudanças em período curto implicam em mais volatilidade e maior dificuldade de se entender o direcionamento e se posicionar de acordo com os movimentos de um mercado que aparenta ser cada vez mais irracional.

Em meio a este cenário, adotaremos uma visão mais cautelosa para os próximos meses. Mesmo com panorama de pressão inflacionária arrefecendo, seguimos recomendando proteção contra inflação nos portfólios, principalmente tendo em vista a volta do fiscal e as oscilações nos preços das commodities. Aqui, vemos ainda oportunidade e preferimos exportadoras neste momento às empresas voltadas à economia doméstica, seguindo melhora de China em contraponto a maiores incertezas locais. Lá fora, mantemos um portfólio balanceado tanto de ações em diferentes setores, com destaque a bancos e papéis mais defensivos, quanto de bonds via exposição a diferentes maturities. Diversificação adequada segue sendo a melhor estratégia de investimentos, minimizando riscos e ajudando a navegar em águas ainda turvas.

Bons investimentos!

Cenário Internacional

Economia norte-americana continua forte, mas conflitos no Oriente Médio sugerem cautela

O mês de outubro deu continuidade ao cenário que já se observa nos últimos meses. A economia americana continua bastante aquecida, com o PIB crescendo 4,9% no 3T23 e o mercado de trabalho adicionando 336 mil novos empregos em setembro, enquanto a inflação continua em patamar acima da meta, mas sem gerar grandes preocupações. Portanto, o mercado não antecipa uma recessão, o que ajudaria a trazer a inflação à meta e forçar cortes na taxa de juros por parte do Fed. Com isso, os juros longos americanos seguem seu rally, renovando as máximas dos últimos 15 anos.

A grande mudança no cenário foi o aumento da incerteza mundial com a eclosão da guerra no Oriente Médio. Por enquanto, o conflito não tem causado impactos significativos nos mercados, mas uma eventual escalada, com a entrada de outros países pode levar a um terremoto nos mercados, principalmente no preço do petróleo.

Além disso, vemos a Europa se aproximar aceleradamente de uma recessão. O Banco Central Europeu pausou em sua última reunião, mas o impacto acumulado do aperto poderá se mostrar excessivo e já vemos sinais claros de atividade enfraquecida, especialmente nos PMIsda França e da Alemanha.

No Japão, o Banco Central japonês persiste em não iniciar a normalização da sua política monetária. Após revisarem suas expectativas de inflação para 2023 e 2024 para cima, havia a expectativa de que o BoJfosse dar os primeiros passos para encerrar o YCC, entretanto, o que se viu foi uma flexibilização do limite, com o BoJvendo o yieldde 1% para os títulos de 10 anos como uma referência e não mais um limite que desencadearia uma intervenção automática no mercado de renda fixa. Com isso, o iene deve continuar desvalorizando.

Cenário Macro - Brasil

Selic cai até quanto?

Novembro começa com expectativa de novo corte de juros pelo Copom, mas com discussão renovada sobre a taxa Selic no fim do ciclo. A estimativa que chegou a 8,5% pela curva de juros em agosto, hoje subiu para 10,5% com a combinação do aumento do risco no cenário externo e a discussão sobre a revisão da meta de resultado primário para 2024, antes mesmo da aprovação da LDO, o que aumentou a incerteza sobre o ajuste fiscal.

No nosso cenário, mantemos a expectativa para a Selic em 11,75% ao final de 2023 e 9% em 2024. No curto prazo, a inflação segue dando sinais claros de desaceleração e revisamos a projeção de IPCA para o ano para 4,65%, dentro do intervalo da meta, e 3,7% em 2024, em linha com as expectativas de mercado, o que é um cenário que permite os cortes de juros no radar nas próximas reuniões. A economia também dá sinais de desaquecimento, ainda que o mercado de trabalho permaneça robusto, com o desemprego em 7,7%, e o PIB deve ficar estável no segundo semestre.

Os riscos para um repique inflacionário, e um encerramento precoce do ciclo de cortes da Selic, incluem uma deterioração no cenário externo, com eventual alta do petróleo e desvalorização do câmbio. Internamente, o aumento do risco fiscal também pode impactar a moeda, com a maior aversão a risco pelo investidor estrangeiro, e eventualmente deteriorar as expectativas de inflação, o que também limitaria os cortes nos juros ao longo do próximo ano, mantendo as taxas reais também em patamar elevado.

Cenário permanece desafiador, apesar da queda da inflação, e o BC deve seguir com cautela na condução da política monetária.

Movimento dos Ativos Globais

Ouro mostra seu caráter defensivo

A aversão ao risco seguiu dominando os mercados e os juros das Treasuriesnorte-americanas voltaram ao patamar de 16 anos, com mercado precificando a mensagem dos juros mais altos por mais tempo. As bolsas globais caíram em peso e, apesar da alta no início do mês em razão do conflito no Oriente Médio, o petróleo acabou corrigindo e sofrendo a maior queda mensal dentre os ativos. Na contramão, mantendo seu perfil defensivo, o ouro avançou cerca de 8%.

Na Ásia, o governo chinês seguiu anunciando estímulos em diferentes esferas da economia. Os dados recentes mostraram novamente sinais de estabilização, mas o percurso ainda deve se mostrar tortuoso e cheio de percalços. No fim do mês, o PMI voltou a patamar contracionista, colocando em dúvida o ritmo esperado para o crescimento nos próximos meses. O setor imobiliário continua como principal ponto de atenção, com empresas como Country Garden e Evergrandeainda em dificuldades para honrar suas dívidas

Na Europa, a recessão bate à porta. Os índices tiveram pior desempenho mensal desde setembro de 2022, embalados por números macroeconômicos decepcionantes e resultados corporativos aquém do esperado. O PIB encolhe e inflação persiste, principalmente com preços de energia que pesam no bolso do consumidor. Além disso, o conflito em Gaza traz novas preocupações quanto aos seus efeitos no petróleo e em toda a cadeia energética. O STOXX, índice que engloba 600 empresas de 17 países da Europa, fechou o mês em queda de quase 4%. Petróleo recuou, após forte alta no início do mês com os conflitos no Oriente Médio, mas segue oscilando em meio a divergências nas dinâmicas de oferta e demanda global.

Desempenho no mês

Rentabilidade das principais classes de ativos

Alocação Tática

   

Estratégia de Alocação

 

Desempenho das Bolsas Globais

Bolsas caem em bloco com juros e guerra no radar dos investidores

Estados Unidos

Vimos a continuidade da tendência baixista em outubro, conforme os juros das Treasuriesseguiram em patamares elevados e pressionando as bolsas norte-americanas. A temporada de balanços não foi suficiente para conter a pressão, mesmo com cerca de 77% dos resultados reportados até agora (cerca de 250 companhias) terem batido as expectativas do mercado. As Big Techsvieram com números mistos e influenciaram também nos índices, ao mesmo tempo que as empresas de Óleo&Gás recuaram ao reportarem números menores na comparação anual, embora ainda fortes. Nasdaq recuou 2,8%, seguido pelo S&P 500 que teve baixa de 2,2%, enquanto DOW retraiu 1,4% no período.

Resto do Mundo

O mesmo comportamento foi observado nos índices globais, onde vimos recuo em praticamente todas as bolsas. A indefinição dos juros nos Estados Unidos, incertezas com China e perigo de recessão na Europa contribuíram para elevar a aversão ao risco. No destaque de queda, a bolsa espanhola recuou quase 4,5%.

Desempenho Ibovespa

Um “buraco negro” atraindo o investidor estrangeiro e o fantasma fiscal volta a assombrar

O apetite dos investidores à renda variável continua sendo impactado pela abertura da curva de juros norte-americana, com os juros das Treasuriesde 10 anos batendo 5%, mesmo nível de 2007, o que tem se comportado como um “buraco negro” atraindo a liquidez dos mercados, principalmente os de renda variável. O investidor estrangeiro retirou em outubro (dado até 27/10) cerca de R$ 2,7 bilhões da B3, movimento que supera a saída do mês passado de R$ 1,6 bi.

Para complementar a aversão ao risco global, nossa curva de juros, que tem refletido não só as incertezas externas, também vai embutindo as nossas incertezas com o quadro fiscal do país, um fantasma que voltou a assombrar a percepção de risco por aqui, mesmo com sequenciais quedas na taxa Selic. Com isso, o Ibovespa caiu 2,94% no mês de outubro. Além do noticiário turvo, a temporada de resultados vai engatando a marcha, porém, mais parece um segundo plano ao que devemos ficar atentos em novembro.

Nos destaques setoriais do mês, todos os setores performaram negativamente, ficando com o pior desempenho o setor de Consumo, seguido pelo Imobiliário e os demais impactados pelo pessimismo geral mencionado acima. O setor mais resiliente foi o financeiro, que caiu menos que os demais, com sinais após o início da temporada de resultados de que o pico da inadimplência chegou.

Carteiras Recomendadas | Retorno Nov.23

Carteira Retorno

A Carteira Retorno é nossa principal carteira de ações focada no mercado brasileiro. Trata-se de um portfólio atualizado mensalmente com objetivo de superar o índice Ibovespa, a partir de uma alocação diversificada composta por 10 ações dos setores mais relevantes da Bolsa. Os ativos são selecionados pela análise de nossa equipe, podendo ou não ter mudanças de acordo com a estratégia/visão de nossas analistas.

Carteiras Recomendadas | Dividendos Nov.23

Carteira Dividendos

Carteira destinada para o investidor que tem o objetivo de receber uma renda passiva ou para o reinvestimento dos proventos recebidos. Selecionamos as ações que possuem resultados sólidos com boa geração de caixa, além de companhias que possuem dividendos atrativos para o investidor e que possuem recorrência no pagamento de proventos.

O objetivo principal é obter, por meio de ações, retornos acima do nosso benchmark, o Índice Dividendos da B3 (IDIV), no médio e longo prazo.

Carteiras Recomendadas | BDRs Nov.23

Carteira BDRs

A Carteira BDRs é destinada aos investidores que buscam alocação em empresas estrangeiras, principalmente norte-americanas, visando a diversificação de seu portfólio não apenas dolarizando seus investimentos, mas também buscando grandes nomes do mercado global. A carteira traz, ainda, opções para exposição em setores não tão amplos no Brasil, como tecnologia, farmacêuticas, biotecnologia e outros.

A carteira tem periodicidade mensal e busca superar o BDRX, índice da B3 que replica uma carteira teórica de ativos, funcionando como um indicador do desempenho médio das cotações dos BDRs Não Patrocinados, autorizados à negociação na B3.

Carteiras Recomendadas | FIIs Nov.23

Carteira FIIs

A carteira tem como o objetivo superar o seu benchmark – IFIX – com alocação nas diversas classes de fundos imobiliários. Além disso, a alocação é voltada para o recebimento de renda mensal. Os ativos são selecionados pela a análise de nossa equipe, podendo ou não ter mudanças de acordo com a estratégia/visão de nossas analistas.

Carteiras Recomendadas | ETFs Índices Globais Nov.23

Carteira ETFs – Índices Globais

A Carteira Índices Globais (Carteira ETFsClássica) é uma carteira direcionada para investimentos nos mercados globais, trazendo oportunidades para uma alocação estratégica àqueles que buscam diversificação por meio dos principais índices disponíveis no exterior, via ETFs (Exchanged Traded Funds) – fundos de investimentos passivos, negociados em bolsas e que, geralmente, replicam uma cesta de ativos ou um índice de mercado.

Carteiras Recomendadas | ETFs Global Macro Nov.23

ETFs – Global Macro

Carteira destinada para investidores que buscam diversificação em relação aos seus investimentos internacionais. Com foco na macroeconomia internacional, essa carteira é desenhada para operar ciclos macroeconômicos ao redor do mundo, em linha com o cenário macro vislumbrado pelo time de Macro Research do Inter.

A carteira é composta exclusivamente de ETFs que permitem operações long e short em diversas classes de ativos. Com isso, nós conseguimos fornecer uma nova camada de diversificação, montando uma carteira com baixa correlação com o S&P500. O horizonte relevante é de 3 a 6 meses. Apesar de não ser de curtíssimo prazo, é uma carteira que demanda um acompanhamento um pouco mais frequente.


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