Macroeconomia


Inter Setores | Varejo & Shoppings | Out.22

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Breno de Paula

Publicado 18/out

Alimentar e alta renda seguem em alta

Fluxo vs Faturamento | No mês de Ago/22, o faturamento e os cupons em lojas físicas (rua e shoppings) apresentaram uma elevação em comparação ao mês de Jul/22 de 9% e 6% respectivamente. O fluxo de visitas em shoppings teve uma queda de 5% no mês, concomitante a um crescimento anual de 11% que ainda se destaca pela fraca mobilidade do mês de Ago/21. As lojas de rua apresentaram uma elevação no fluxo mensal de 7% e no anual um aumento de 7%. Mesmo com a redução da mobilidade, o segmento de shoppings apresentou aumento de 3% no faturamento paralelamente a forte evolução de 12% nas lojas de rua.

Prévias do Varejo | No varejo alimentar, apesar do controle da inflação de alimentos, os preços ainda seguem altos. A capacidade de repasse das varejistas é integral e isso alavanca as receitas das companhias. Ademais, os planos de expansão seguem em ritmo forte, com novas aberturas que já devem contribuir marginalmente no faturamento. As margens devem vir em linha com o último trimestre. As despesas com pessoal, sobretudo relacionados às novas lojas, pressionam o operacional, que deve ser compensado pelo menor valor de aluguéis em relação a receita. Para o segmento de vestuário, o resultado deve vir pressionado. O 2T22 foi muito forte, com frio “antecipado” e datas comemorativas. Esse movimento, abasteceu o consumidor, que não foi as compras com a mesma força no 3T22. Além disso, o efeito sazonal de troca de coleção também contribui para um ritmo de vendas mais fraco. Consequentemente, esperamos margens mais pressionadas, pelo efeito das remarcações das roupas de frio remanescentes. Por fim, o ecommerce deve vir em linha com o 2T22. O aumento de fluxo em lojas de ruas e shoppings, apesar de patamar ainda abaixo que o período pré pandemia, garante o efeito conversão, alavancando o GMV. As companhias também vêm investindo na operação de crediário, sobretudo na região norte e nordeste. As margens também deverão ser próximas ao do 2T22, com controle de custos e despesas, sobretudo no take rate, linha de pessoal e aluguéis.

Prévias de Shoppings | Para os 3T22, esperamos que as companhias de shoppings apresentem uma leve desaceleração nas vendas em relação ao 2T22 junto com desaquecimento da receita. Entendemos que essa desaceleração está relacionada ao ambiente macroeconômico desafiador e a um movimento secional do setor. Apesar dessa desaceleração, estimamos que as companhias entreguem dados operacionais operacionais resilientes com forte repasse de alugueis junto da satisfatória gestão na taxa de ocupação e na inadimplência.

Cenário Macro

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Teto nos juros geram expectativas de retorno para o setor de consumo e shoppings

/ Esperamos que a Selic permaneça em 13,75% até o fim do primeiro trimestre de 2023. A dissidência do voto de dois membros do comitê, por uma alta residual de 0,25 p.p., não deve alterar a expectativa de manutenção da taxa nas próximas reuniões. Historicamente, a Selic permanece no topo do ciclo por uma media de 3 meses e, somente em 2016, essa duração se estendeu por 14 meses. Com uma inflação projetada à frente de cerca de 4,8%, a taxa de juros real ex-ante está em torno de 9%, bastante restritiva. Mesmo iniciando a redução dos juros entre março e maio do próximo ano, ainda teremos juros contracionistas por um longo período. O principal fator que permitirá o inicio da redução dos juros será a política fiscal adotada pelo próximo governo, a partir de 2023, mantendo o controle dos gastos públicos e trazendo previsibilidade sobre a trajetória da divida. Uma eventual expansão de gastos, sem a definição de uma ancora fiscal crível, pode desancorar as expectativas de inflação, tornando o trabalho da política monetária mais difícil, resultando na Selic em patamar elevado por um prazo mais longo.

Desemprego em queda

/ Após 7a queda consecutiva no desemprego, a taxa já se encontra em 8,7%, menor valor desde o trimestre visto em julho de 2015. Na comparação trimestral, a taxa caiu 0,9 p.p. e comparado com o mesmo trimestre do ano passado, a queda foi de 4,2 p.p.

/ Com o aumento do rendimento e do número de ocupados, a massa real de rendimento habituais cresceu 4,7% no último trimestre, ultrapassando patamar pré-pandemia. O aumento da renda agregada irá contribuir para sustentar a demanda interna nos próximos meses, bem como para sustentar a arrecadação do governo, o que contribui para reduzir a expectativa de deterioração do âmbito fiscal e da atividade econômica em 2023.

Crédito com crescimento robusto e inadimplência concentrada em linhas sem garantia

/ O saldo de crédito cresceu 16,8% a/a se mantendo praticamente estável versus julho onde cresceu 16,9% a/a, o crédito continua sendo impulsionado pela linha de Pessoas Físicas que avançou 20,7% a/a (vs. 20.9% a/a em Julho).

/ A inadimplência total registrou 2,8% estável contra julho e +50 bps a/a e ainda com movimentos de alta concentrados no segmento PF em linhas sem garantia, mas no geral mantém nível abaixo do período pré- pandemia com boa qualidade em créditos garantidos e no segmento PJ.

Desinflação melhora confiança

/ Segundo as sondagens realizadas pela FGV para o mês de setembro, a confiança dos empresários para situação atual atingiu seu maior patamar desde junho de 2013, em 102 pontos, refletindo melhores condições atreladas à redução do custo dos insumos e à demanda corrente dos consumidores. Nesse sentido, assim como vimos para os resultados da atividade, o setor de serviços foi o destaque (+1,0 p.), apresentando a maior melhora do otimismo, com os prestadores de serviços destacando a expectativa de manutenção da forte demanda domestica. Na ponta contrária, com a desaceleração da economia chinesa e, por conseguinte, recuo da demanda externa, a confiança da indústria (-0,8 p.) foi a única que deteriorou entre os setores que compõem a confiança empresarial. A confiança do consumidor avançou pelo quarto mês consecutivo (+5,4 p.) e recupera patamar pré-pandemia. Esse resultado indica que os consumidores estão mais otimistas diante da desaceleração da inflação e a força do mercado de trabalho atual, o que deverá contribuir para sustentar a demanda agregada nos próximos meses.

Varejo

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Renda extra é capturada pelo setor de serviços

/ O mercado contava com estabilidade do varejo no mês. No ano, a queda também surpreendeu, -5,2% vs. - 3,5% esperado. Em sua versão ampliada, o varejo recua 0,7%, e apresenta uma queda significativa na comparação anual (-6,8%).

/ A diferença entre essas leituras é explicada pela queda no volume de vendas de veículos (-2,7% no mês e -8,5% no ano) e material para construção (-2,0% no mês e -13,7% no ano). As vendas em tecidos, vestuário e calçados apresentaram a maior contribuição negativa para o varejo.

/ Apesar de ser uma atividade bastante correlacionada com a mobilidade e a volta de serviços presenciais, as vendas desse setor recuaram 17,2% no mês e 16,2% no ano, o que indica possível alteração na preferência dos consumidores, que têm optado em direcionar sua renda extra para serviços.

Shoppings

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Fluxo de visitas decepciona, mas apetite dos consumidores compensam no faturamento

/ No mês de Ago/22, as lojas de shoppings apresentaram um queda de 5% no fluxo de vistas concomitante a um estagnação nos cupons. Apesar disso, o segmento apresentou uma resiliência nas vendas e teve um evolução de 3% no faturamento.

/ Excluindo a sazonalidade, o setor apresentou uma robusta evolução, com o faturamento da indústria crescendo 8% puxado pela melhora de 11% no fluxo de visitas e um crescimento de 19% nos cupons.

/ Olhando apenas para as companhias de nossa cobertura, esperamos um forte crescimento anual nas vendas junto com o repasse da alugueis seguindo a inflação.


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