Macroeconomia


Inter Setores | Varejo & Shoppings

Captura de Tela 2023-03-23 às 10.08.27

Breno de Paula

Publicado 15/dez

2023? Alta renda e varejo alimentar

Fluxo vs Faturamento | No mês de Out/22, o faturamento em lojas físicas (rua e shoppings) apresentou uma queda em comparação ao mês de Set/22 de -2% mesmo com um aumento de 2% nos cupons. O fluxo de visitas em shoppings apresentou um aumento de 5% no mês, concomitante a uma alta anual de 9% que ainda se destaca pela queda na mobilidade no mês de Set/21. As lojas de rua também apresentaram aumento no fluxo mensal e anual de 9%. Apesar de uma evolução no fluxo, o segmento de shoppings e lojas de rua apresentaram uma queda no faturamento de -4% e -1% respectivamente.

Perspectiva para 2023 do Varejo | A desaceleração da economia brasileira exigiria um controle fiscal que não deve acontecer. Com isso, o mercado reflete as incertezas nas curvas de juros e revisões de projeções de inflação e confiança do consumidor. Como esses drivers macroeconômicos são fundamentais para o setor de varejo, suas deteriorações nos deixam com uma visão pessimista para os próximos meses. O que ameniza é a normalização das cadeias produtivas, regularizando a oferta de produtos e o abastecimento de matérias-primas. Também há maior previsibilidade operacional das companhias, melhorando os fluxos de caixa. Em nossa visão, o desafio fica por conta da demanda. Em ambiente tão desanimador, os consumidores ficam mais seletivos com seus gastos e, por isso, as varejistas precisam fomentar as conversões de forma criativa. Em um mercado fragmentado e com players de forças equivalentes, as estratégias atuais se mostram pouco eficientes. Nossas preferências para o ano envolvem o varejo alimentar (bem essencial) e as companhias que atendem o público de alta renda.

Perspectiva para 2023 dos Shoppings | Esperamos um elevado nível de incertezas perante aos principais triggers macroeconômicos do segmento. Com expectativas de um baixo controle fiscal para o próximo ano, estimamos uma maior resistência inflacionária, sendo assim, necessário a permanência de uma taxa de juros mais elevada por um período mais longevo. Posto isso, entendemos que o custo de crédito junto e o endividamento das famílias seguirão pressionados, desacelerando o consumo e consequentemente as vendas dos lojistas. Apesar disso, mantemos um certo otimismo para as companhias que dispõem de um público de alta renda, que mesmo em um cenário mais desafiador podem se beneficiar devido a menor sensibilidade ao crédito. Em conjunto, também esperamos uma recuperação no segmento de serviços e restaurantes que, por consequência, beneficiará o fluxo de visitas e a evolução nas receitas de estacionamentos.

Cenário Macro

/ Volume de serviços recua 0,6% e surpreende negativamente em outubro. Mercado contava com queda de apenas 0,2%. Na comparação anual apesar de permanecer bastante positivo o resultado também desapontou (+9,5% vs. expectativa de +10,5%). Acomodação do crescimento também está associada ao esgotamento dos efeitos das políticas fiscais expansionistas pré-eleição e aos efeitos defasados da política monetária contracionista sobre a demanda interna.

/ Vendas no varejo avançam novamente em outubro, em linha com as expectativas, após alta de 0,4%. Varejo acumula crescimento de 1,7% nos últimos três meses. Já em uma comparação anual, o varejo cresceu 2,7%, surpreendendo o mercado, que contava com alta de 2,3%, devido à redução no ritmo de vendas observada a par6r do terceiro trimestre de 2021 concomitante à forte queda no preço dos combustíveis.

/ 5 das 8 atividades que compõem o varejo apresentaram crescimento em outubro. Móveis e eletrodomésticos (+2,5%), informática e comunicação (+2,0%) e artigos de uso pessoal (+2,0%) foram os destaques positivos do mês, o que pode ser explicado em parte pelo adiantamento das estratégias de marketing e descontos para a Black Friday e pela apreciação do real em relação ao dólar nesse período, fatores que contribuíram para baratear a oferta desses produtos.

Desemprego em queda

/ Taxa de desemprego surpreende ao recuar para 8,3% no último trimestre, a melhor para o período desde 2014. Resultado indica redução de 0,4 p.p. na taxa de desemprego em relação ao trimestre findo em setembro, bem melhor que a expectativa do mercado, que contava com redução de apenas 0,2 p.p. Mesmo ao levar em consideração fatores sazonais, que tendem a favorecer os resultados nos últimos meses do ano, a queda permaneceu expressiva (0,24 p.p.), o que corrobora a força do mercado de trabalho brasileiro, e reflete o maior dinamismo das atividades de serviços, que vem liderando o crescimento econômico.

/ Massa real de rendimento habitual cresce 4% no trimestre findo em outubro. A tendência de aumento desse indicador começou desde o início do ano, principalmente devido ao aumento do número de ocupados. Caso tal tendência desacelere nos próximos meses, o efeito acumulado das últimas variações na renda agregada ainda permanecerá significativo, contribuindo para sustentar a atividade econômica e a arrecadação tributária.

Desinflação melhora confiança

/ Incerteza acerca das políticas econômicas a serem implementadas no próximo governo contribuiu para deterioração das expectativas em novembro. Segundo as sondagens realizadas pela FGV, tanto a confiança do consumidor (-3,3 pontos) quanto a confiança empresarial (-6,7 pontos) recuaram, em consequência, principalmente, do maior pessimismo com a situação econômica no médio e longo prazo.

Esse pessimismo reflete na atividade à medida que as famílias e as empresas optam por reduzir seus gastos e se preparam para enfrentar um possível cenário mais adverso. No comércio e na indústria, em especial, as firmas relatam mudanças notórias no comportamento dos consumidores, que muitas vezes já estão endividados e estão sendo cada vez mais pressionados frente a taxa de juros em patamar restritivo.

Varejo

-

Vendas no varejo avança novamente em outubro

/ Após alta de 0,4%, varejo acumula crescimento de 1,7% nos úl6mos três meses. Na comparação anual, devido à redução no ritmo de vendas observada a par6r do terceiro trimestre de 2021 e à forte queda no preço dos combusWveis, o varejo cresceu 2,7%, surpreendendo o mercado, que contava com alta de 2,3% nessa base de comparação.

/ Já em sua versão ampliada, o varejo avançou 0,5% no mês e 0,8% no ano. A diferença entre essas leituras pode ser majoritariamente explicada pela fraca venda de materiais para construção (-3,5% m/m e -12,7% a/a), que tem estado em tendência de queda desde setembro de 2020, quando a6ngiu seu maior valor para série histórica.

/ Móveis e eletrodomés6cos (+2,5%), informá6ca e comunicação (+2,0%) e ar6gos de uso pessoal (+2,0%) foram os destaques posi6vos do mês, o que pode ser explicado em parte pelo adiantamento das estratégias de marke6ng e descontos para a Black Friday e pela apreciação do real em relação ao dólar nesse período, fatores que contribuíram para baratear a oferta desses produtos. CombusWveis e lubrificantes (+0,4%) man6veram trajetória de crescimento pelo quarto mês consecu6vo, e acumulam alta de quase 20% desde junho, um período marcado por correções baixistas nos preços, que levou a inflação desses itens a -20,2% na comparação anual

Shoppings

-

Cupons, visitas e faturamento desaceleram

/ No mês de Out/22, as lojas de shoppings apresentaram aumento de 5% no fluxo de vistas concomitante a uma desaceleração no faturamento.

/ Excluindo a sazonalidade, o setor apresentou robusta evolução, com o faturamento da indústria crescendo 9% junto com uma desaceleração nos cupons e no faturamento.

/ Olhando apenas para as companhias de nossa cobertura, esperamos forte crescimento anual nas vendas junto com o repasse de alugueis acompanhando ou até acima da inflação.


Compartilhe essa notícia

Receba nossas análises por e-mail