Macroeconomia


Inter Setores | Utilities | Ago.22

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Rafael Winalda

Publicado 17/ago

Mesmo após chuvas, nível dos reservatórios segue acima da média.

O volume consumido de energia no Brasil segue apresentando um tímido crescimento. Segundo os últimos dados divulgados pela EPE referentes ao mês de junho, o consumo total do mês apresentou breve avanço de 0,8%, com maior driver de sua expansão sendo o setor de comércio e serviços, apresentando crescimento de 5,4%. O setor industrial apresentou um desempenho neutro, por volta de 0,9%, ainda com maior crescimento referente ao setor de produtos alimentícios. Já no residencial, foi reportada breve retração, no valor de 0,6%, influenciado pela presença de temperaturas mais amenas, principalmente nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste. De acordo com dados prévios da CCEE, o consumo do mês de julho apresentou uma alta de 2,7% no a/a, com desempenho mais forte do ambiente de comercialização livre. Por fim, projeções da ONS apresentam uma expectativa de carga para o mês de agosto de 67.351 MWmed, representando uma variação a/a de -0,5%.

O começo do segundo semestre é marcado pela entrada do inverno, estação climática mais fria e seca no país, justificando a entrada em declive do nível atual dos reservatórios. Apesar disso, a o cenário hidrológico ainda não traz preocupações. Em razão do favorável nível de chuvas durante o início do ano, o nível geral dos reservatórios que compõem o SIN ainda é bastante satisfatório, se situando por volta de 69%, aproximadamente 12 p.p. acima de sua média desde os anos 2000. O Subsistema Sudeste/Centro-Oeste, que é o de maior participação em todo o sistema, atualmente apresenta um nível consolidado de 59%, 8 p.p. acima de sua média desde os anos 2000. Destaque positivo também para os Subsistema Sul, um dos mais impactados ao longo da crise hídrica, que atualmente apresenta capacidade armazenada por volta de 78%, aproximadamente 28 p.p. acima de sua média dos últimos 5 anos.

De acordo com a CCEE, no que tange as usinas participantes do MRE, o total gerado no mês de junho foi de 45.663 MWm, enquanto a garantia física total foi de 54.985 MWm, fazendo assim com que o GSF calculado para o mês ficasse em torno de 83%. Por fim, o PLD médio do período se manteve na casa do R$ 55,70. Com os níveis dos reservatórios entrando em declive, podemos esperar um breve retorno do despacho térmico, o que pode refletir em um CMO um pouco mais elevado, mas ainda distante da situação observada no ano passado.

Sendo assim, com uma situação hidrológica ainda sobre controle, para o mês de Agosto a ANEEL anunciou a manutenção da bandeira tarifária verde, não incluindo acréscimos sobre a conta do cliente final. A bandeira verde foi anunciada pelo Governo Federal no dia 16 de abril.

Resultados 2T22

As companhias elétricas mantiveram desempenho neutro ao longo do segundo trimestre. Para o segmento de geração, como sustentamos em nossa revisão de preços, dado o cenário hídrico mais favorável, as companhias do segmento acabaram se beneficiando das melhores condições do setor, apresentando uma forte retomada da geração hídrica no período. Já em relação a geração eólica, com maior volume de chuvas no período, foi registrada uma menor incidência de ventos, principalmente na região Nordeste, onde estão localizados os principais complexos eólicos do país, penalizando assim o desempenho operacional destas empresas, como Omega Energia e AES Brasil. Mesmo assim, os resultados individuais variaram de acordo com as estratégias de alocação de energia das companhias. No segmento de transmissão, o desempenho no geral foi bom, através da energização de novos empreendimentos e dos efeitos de revisão tarifária trazendo variações positivas na comparação anual. Nosso destaque vai para Alupar, que apresentou forte crescimento operacional por meio da expansão de seu portfólio. Por fim, no segmento de distribuição, o desempenho foi em linha com as nossas expectativas, com as companhias que apresentam operações mais maduras se beneficiando do crescimento de volumes distribuídos para os setores de comércio e serviços.

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