Macroeconomia


Inter Setores | Utilities | Abr.22

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Rafael Winalda

Publicado 20/abr5 min de leitura

Tempo abriu para o consumidor! Aneel anuncia bandeira tarifária verde.

A EPE divulgou recentemente os seus dados de consumo referentes ao mês de fevereiro de 2022, e resultados no consumo total apresentaram uma alta de 1,3% no a/a, totalizando um consumo mensal de 41.794 GWh. Tal expansão foi fortemente impulsionada pelo consumo comercial, em todas as regiões do Brasil, que somadas totalizaram um aumento de 7,4%, porém com destaque para a evolução consolidada de 6,7% da região Sul. Setor industrial apresentou variação neutra em 0,1%, com expansão de segmentos como alimentício, e de papel e celulose, em 6,5% e 14,2%, respectivamente, em contrapartida com uma retração nos segmentos de extração de minerais metálicos, e do setor têxtil, em -2,9% e -7,9%, respectivamente.

A CCEE relatou em seu informativo mensal, um aumento significativo de temperaturas nas capitais das regiões Sul e Nordeste, com variações acima de suas médias históricas, seguidos de aumentos mais singelos na região Norte, e redução nas capitais do Sudeste, com exceção de São Paulo, que apresentou um a variação positiva média de 5oC. Mesmo com o aumento das temperaturas, que resultou em uma relativa diminuição de chuvas em relação aos últimos meses, os reservatórios seguem apresentando evolução, com todos acima de sua média dos últimos 20 anos, salve a região Sul, que apesar disso, vem apresentando também, uma considerável evolução, já acima de sua média dos últimos 5 anos. Desta forma, o SIN se encontra atualmente com 77,86% de seu volume ocupado, versus 56,32% do ano anterior.

Com a evolução da situação hídrica, a CCEE registrou uma redução de 30,1% na geração das usinas termelétricas, ponto que reflete também na redução do Custo marginal de Operação (CMO). Desta forma, nos meses de fevereiro e março o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) registrou uma quantia média de R$ 55,70/MWh, redução considerável em comparação com os valores registrados no ano anterior.

Com a melhora do cenário hídrico, o Governo Federal anunciou no dia 16 de abril, o fim da bandeira de Escassez Hídrica, sendo substituída pela bandeira verde para todos os consumidores em território nacional. A bandeira verde não inclui nenhum acréscimo sobre a tarifa cobrada, simbolizando a partir do mês que vem, uma redução de aproximadamente 20% na conta de luz do consumidor residencial. A bandeira de Escassez Hídrica estava vigente desde setembro de 2021, e simbolizava um aumento de R$ 14,20 a cada 100 kWh consumidos.

Este gráfico possibilita a análise de uma variação anual de consumo de energia elétrica mais agressiva princi- palmente nos estados de Paraná, Santa Catarina, Sergipe e Maranhão. *Roraima não faz parte do SIN.
Dados de consumo do mês de fevereiro/22 foram superiores aos dos últimos 5 anos, se aproximando da marca de 42 mil MWh.
No mês de fevereiro, na comparação ano contra ano, pode-se observar maior variação positiva do consumo de energia na região Sul, em comparação com as demais. Consumo no mês de fevereiro foi impulsionado principalmente pelos segmentos industrial e de comércio.
Período chuvoso acima da média trouxe nível geral dos reservatórios do SIN aos patamares mais elevados dos últimos 5 anos, e superior à sua média desde os anos 2000. Com 70% de representação de toda a capacidade do SIN, subsistema Sudeste/Centro-Oeste apresenta níveis já superiores à sua média dos últimos 20 anos.
Nordeste continua ultrapassando marca de volume dos reservatórios do ano de 2020, que anteriormente era o maior registro de seu intervalo dos últimos 5 anos. Menos impactada pela crise hídrica, a região Norte apresenta bons níveis de armazenamento, apesar de possuir menor contribuição no armazenamento consolidado.
Mais impactados pela crise hídrica, subsistema Sul vem apresentando boa recuperação, tendo ultrapassado no mês de abril o seu nível médio dos últimos 5 anos. Após forte período chuvoso, nível consolidado dos reservatórios ultrapassou à sua média histórica desde 2000, liderado principalmente pela recuperação dos subsistemas Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste.
No mês de abril, Energia Natural Afluente dos reservatórios dos sistemas do Sudeste/Centro-Oeste registrou breve queda em comparação com o mês de março, porém continua em nível satisfatório.
Energia Natural Afluente do subsistema Norte apresenta atualmente breve variação positiva em comparação ao mês de março, registrando dados superiores a 30.000 MW médios. ENA registrada no subsistema Sul apresentou variação positiva contra o mês anterior. Ultrapassando suas médias dos últimos 20 anos chegam a registrar aproximadamente 10.000 MWmed.
Evolução da situação hídrica proporcionou retomada do nível de geração a partir de setembro de 2021. Consequentemente, é obtida uma melhora no Generating Scaling Factor, que mede a relacao geração x garantia física. GSF em janeiro e fevereiro se manteve praticamente constante, por volta de 95%.
Forte recuperação dos reservatórios dispara novamente o segmento de geração hidrelétrica. Redução do despache térmico se torna ainda mais significante no mês de março. Através deste gráfico, pode-se observar redução do despache térmico, e retomada da participação hídrica na matriz energética, pós início do período de precipitações.
Sudeste se reaproxima da marca dos 40.000 MW médios. Geração de energia na região Sul ainda encontra dificuldades mesmo em período favorável. Analisando o consolidado, além das recuperações dos subsistemas Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste, a geração consolidada no começo de 2022 também é superior a dos últimos 3 anos.
Juntamente com a retomada hídrica e a redução do despache térmico, fontes alternativas que se tornaram mais populares ao longo do ano passado apresentam crescente evolução. Com a volta de eus reservatórios, ambos os intercâmbios de energia do Sudeste/Centro-Oeste com os subsistemas Norte e Nordeste, entraram em declínio.
Após ter alcançado quase R$ 3.000/MWh, CMO retorna a patamares de R$ 13,20 no mês de fevereiro. Utilizado como referência no Ambiente de Contratação Livre, o PLD obteve uma redução considerável desde o final do ano passado, aproximando-se a um valor médio de R$ 55,70.
As “bandeiras tarifárias” consistem no sistema de repasse do custo de geração de energia mensalmente ao consumidor. No dia 16 de abril, foi anunciada a restauração da bandeira verde, excluindo tarifas adicionais.

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