Macroeconomia


Inter Setores | Siderurgia e Mineração

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Mário Corrêa

Publicado 21/fev10 min de leitura

Commodities em alta

Janeiro confirmou o movimento altista das commodities nos mercados internacionais com o minério de ferro voltando para a casa dos US$ 140/t, motivado pela robusta demanda na China em meio à retomada de capacidade e movimento sazonal de estocagem antes do Ano Novo Lunar na China. A volta do feriado mostrou ainda forte apetite no mercado, traçando um provável cenário mais positivo que o esperado para a demanda na região. Contudo, o volume mensal de produção siderúrgica chinesa ainda é uma incógnita para os próximos meses e desta depende a demanda futura por minério de ferro, fator determinante para os preços da commodity para o resto do ano.

Falando em minério de ferro, o produto padrão (MF62) ficou em média de US$ 140/t em janeiro e bateu US$ 150/t na primeira semana de fevereiro, o que pode ser reflexo do desbalanceamento momentâneo das dinâmicas de mercado, com demanda acelerada por conta do processo de estocagem que acontece antes do feriado do Ano Novo na China e oferta limitada pela sazonalidade de chuvas no hemisfério Sul, que este ano foi ainda mais intensa na região Sudeste do Brasil, levando a suspensão das operações das principais mineradoras no país. Com isso, as exportações brasileiras de minério de ferro, no mês recuaram 20% m/m e 13% a/a. Os prêmios pagos aos produtos de maior qualidade, como o MF65, subiram novamente e o spread ficou em cerca de US$ 24/t. ante US$ 18/t no mês anterior. 

Quanto aos estoques nos portos chineses, os volumes ficaram estáveis quando comparados a dezembro, em 137,5 Mt. Em 2021, a produção global de minério de ferro avançou 5,3%, somando 2.600 Mt, com a produção na Índia subindo 17% a/a, mais que compensando a queda de 2,1% e 1,3% da produção brasileira e australiana, respectivamente. Os altos valores da commodity ao longo do ano favoreceram a retomada de produção de minério de menor teor de ferro e de maior break-even, fator que explica em parte o avanço da produção indiana.

Em dezembro, último dado disponível da WSA, a produção siderúrgica chinesa somou 86 Mt, avanço de 24% m/m, retomando patamar anualizado de 1Bt, porém ainda abaixo do pico de 99Mt observado em maio/21, período em que o MF bateu valor recorde de US$ 230/t, e menor que a média mensal observada no 1S21, de 93 Mt. Vale lembrar que ao longo da segunda metade de 2021, a produção siderúrgica chinesa teve forte queda, com média mensal de 78 mt. A indústria automotiva chinesa encerrou 2021 com avanço de 3,5% tanto em produção quanto em vendas. Em janeiro, as exportações de aço no país asiático avançaram 5% m/m e os estoques subiram 19% ante dezembro, em movimento natural pré- feriado. O PMI Manufatura manteve-se na linha dos 50 pontos em janeiro, com leve recuo para 50,1 pts, enquanto o Caixin cedeu para 49,1 pts.

Mesmo com a elevação do preço do Brent, os preços do frete marítimo mantiveram a tendência de queda e em janeiro ficaram em US$ 19,4/t, -10% m/m. Os preços do aço seguem arrefecendo, refletindo a baixa dos preços das commodities nos meses anteriores. Contudo, a alta recente poderá levar a uma reversão desta tendência no médio prazo.

A produção nacional de aço bruto somou 2.609 kton em dezembro (último dado disponível), de acordo com o IABR, queda de 16% m/m e 11% abaixo do mesmo mês em 2020. No ano, a produção total expandiu 14%. A produção de aços planos avançou 7,4% ante novembro, enquanto a de longos recuou 30%. Já as vendas tanto de planos quanto de longos tiveram contração de 10% e 16% m/m, respectivamente, em virtude do período sazonal mais fraco com festividades e férias coletivas. O Consumo Aparente somou 1.693 kton em dezembro, recuo de 15% m/m (-17% a/a), mas no saldo acumulado de 2021 vimos expansão de 24% ante 2020. Dados da Anvafea mostraram forte queda na produção de veículos em janeiro, -27,4%, com exceção de caminhões, onde vimos expansão de 15,5% a/a, com as companhias optando pela fabricação de veículos pesados em detrimento de leves, em razão da escassez global de semicondutores que vem afetando o setor e que deve continuar trazendo impactos ao longo de 2022.


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