Cenário Macro
Incerteza na transição e Alta na taxa de juros
A incerteza fiscal voltou a penalizar os mercados elevando as taxas DIs de maneira significativa. A indefinição da equipe econômica e os valores discutidos para a PEC da Transição têm gerado bastante ruído no mercado. Com esse nível de gastos, a trajetória da dívida pública voltaria a subir elevando o risco de maior inflação o que eliminou as chances de cortes na Selic no 1S23. Atualmente, o cenário mais provável é a manutenção da Selic no atual patamar por um período mais longo que o antecipado. Com elevada incerteza para 2023, o cenário demanda cautela.
O crescimento do PIB no ano será próximo de 3%, mas com desaceleração esperada para o 4o trimestre e ao longo de 2023, até uma maior clareza no cenário que possa dar espaço para a queda dos juros. A inflação voltou a subir em novembro, com alta de alimentos e bens industriais. No entanto, as medidas de núcleos e a inflação de serviços seguem dando sinais de desaceleração. Apesar da inflação estimada em 0,6% em novembro, o IMA-B teve queda de 1,5% devido à alta dos juros, com o risco fiscal trazido pela Pec da Transição.
Taxa de desemprego em queda
Após 9a queda consecutiva no desemprego, menor valor desde 2014, resultado mostra robustez do mercado de trabalho brasileiro. Mesmo ao levar em consideração fatores sazonais, que tendem a favorecer os resultados nos últimos meses do ano, a queda permaneceu expressiva (0,24 p.p.), o que reflete o maior dinamismo das atividades de serviços, que vem liderando o crescimento econômico. A redução do desemprego no trimestre se deve exclusivamente ao mercado de trabalho formal, enquanto o contingente de trabalhadores com carteira assinada cresceu 0,95%, a população ocupada informal recuou 0,8%.
Panorama do Setor
Beneficiários em alta
O setor continua sendo favorecido pela tendência de crescimento do número de beneficiários de planos de saúde desde o início do 3T20. A Agência Nacional de Saúde (ANS) registrou em setembro 50.196.862 (+0,15% m/m) beneficiários de planos de assistência médica – de volta à marca dos 50 mm desde o recorde em 2014 – e 30.676.457 (+0,59% m/m) beneficiários de planos exclusivamente odontológicos. Em setembro, a taxa de cobertura de planos privados atingiu 25,88% para assistência médica com ou sem odontologia. Já os planos exclusivamente odontológicos cobrem 15,81% da população.
Enquanto mulheres compõem 52,9% dos planos de saúde, homens representam em torno de 47,1%. Em relação ao crescimento de beneficiários por faixa etária, vemos que o número de adultos e crianças apresentam maior variação, uma vez a maioria destes planos são empresariais (variam de acordo com o nível de emprego no país), ao passo que grande parte dos planos contratados por idosos são individuais ou familiares.
Beneficiários por região
Quando segmentamos o número de planos de saúde reportado pela ANS por estado brasileiro, vemos que apenas 2 estados possuem taxa de cobertura acima de 30%, sendo eles São Paulo (38,7%) e Rio de Janeiro (31,3%). Por outro lado, os estados com menor taxa de cobertura são Acre (4,8%) e Roraima (4,8%), ambos localizados na região Norte.
No segundo gráfico, podemos ver a variação de planos de saúde por região desde dezembro de 2014, mês em que foi atingido o recorde de beneficiários no Brasil. Desde então, o país vem recuperando a quantidade de beneficiários perdida entre 2015-16 e atualmente está apenas 0,66% abaixo do recorde de dezembro de 2014, com destaque positivo para a região Centro- Oeste (+12,2% vs. Dez/14) e negativo para as regiões Norte (-3,2% vs. Dez/14) e Sudeste (-3,3% vs. Dez/14).
Planos de saúde coletivos e individuais
Os planos coletivos seguem sendo de longe os mais relevantes, com 41.170.343 beneficiários (representando 82% do total de planos). O principal motivo para o bom desempenho dos planos coletivos (+3,94% LTM) é a forte correlação com o nível de emprego formal reportado pelo CAGED (+5,76% LTM), que tem evoluído após os choques do primeiro e segundo trimestre de 2020, advindos do início da pandemia.
Já os planos individuais seguem o nível de renda real, que sofreu forte retração. Com o retorno à normalidade pós-Covid, o setor informal se recuperou com mais força, contribuindo para a queda do rendimento médio, uma vez que pessoas com emprego informal, em média, possuem renda menor. Além disso, a renda real foi consumida pelos altos níveis de inflação, principalmente em alimentos e transportes. No entanto, com os recentes dados de deflação e recorrente redução do desemprego, o atual cenário começa a se tornar favorável, fora as perspectivas de médio/longo prazo, que são positivas tendo em vista a baixíssima penetração deste tipo de plano.
Dezembro 2022
Variação de Preços: Reajustes negativos em 2021 e VCMH historicamente superior ao IPCA
Hospitais e Leitos em ascensão pós-pandemia vs. Cenário desafiador para Operadoras
O impacto inflacionário nos custos e a maior utilização dos planos deixou as operadoras em uma situação delicada. Se o contexto é complicado para as grandes empresas do setor, como Hapvida e GNDI, para as pequenas e médias o diagnóstico pode ser fatal. A consequência pode ser uma tendência ainda maior de consolidação no setor, uma vez que por mais que as grandes operadoras sofram no curto prazo, a escala e facilidade de acesso à capital são determinantes para que elas, pelo menos, sobrevivam e estejam preparadas para captura de market share tanto por meio orgânico quanto inorgânico.