Macroeconomia


Inter Setores | Elétricas | Abril de 2023

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Rafael Winalda

Publicado 19/abr

Fim do período chuvoso com Reservatórios cheios

O consumo de energia em fevereiro de 2023 apresentou, segundo a EPE, variação positiva de 2,2% na comparação a/a. No acumulado de 12 meses, o consumo foi de 509.849 GWh, avanço de 1,4% em relação ao período anterior.

Os dados prévios para o restante de 2023 apontam para estabilidade ou até possível desaceleração. Entretanto, a CCEE aponta uma evolução no consumo de energia perto de 0,5% para a primeira quinzena de março e o que se mede na carga de energia para Abril, segundo a ONS, é estabilidade na comparação a/a.

Por fim, os reservatórios do setor elétrico estão em níveis bem confortáveis, sendo muitos números os melhores desde 2012, principalmente para o subsistema sudeste/centro-oeste, que é o maior.

Consumo de energia cresce 2,2% a/a em fevereiro

Segundo os dados oficiais da EPE, o consumo de energia no mês de fevereirofoi de 42.897 GWh, expansão de 2,2% a/a. As regiões Norte e Nordeste foram as que lideraram o crescimento, com 6,7% e 6,9% de aumento, respectivamente. O segmento Residencial foi o que obteve a maior evolução com uma ampliação de 5,0% a/a. As classes Comercial e Industrial também apresentaram desempenho superior em relação a fevereiro de 2022 com consumo avançando 1,5% e 2,3%, respectivamente.

Para 2023, devemos ver desaceleração no consumo de energia, com as taxas de crescimento menores ao longo do ano, devido ao cenário macro mais desafiador e desaceleração da atividade.

Crise hídrica é água do passado.

O período chuvoso no Brasil – que se estende do final de outubro/início de novembro até o fim de março – e no qual a vazão dos rios aumenta, recuperando o nível de armazenagem dos reservatórios, foi levemente acima da média histórica em diversas regiões do Brasil, mas bem acima do anos recentes.

Devido ao atual excelente período chuvoso, o mês de março encerrou o nível de reservatórios com 85% da capacidade, sendo o melhor março desde 2011. Os dados de abril até o momento mostram os níveis em torno de 84%.

O quadro deve permanecer ao longo de 2023, tornando a crise hídrica águas passadas.

Sudeste/Centro-Oeste é o grande destaque.

O subsistema sudeste/centro-oeste é o maior em termos de armazenagem, com os reservatórios correspondendo a quase 70% de todo o sistema. Em março, o subsistema atingiu aproximadamente 83% de sua capacidade, o melhor patamar desde 2011. Em abril, o patamar está em de 85,7%.

Na sequência, temos o nordeste que corresponde a quase 18% do total, e sua capacidade de armazenagem encontra-se em 91% na primeira quinzena de abril. Já no subsistema sul, em março vimos a armazenagem em 83%, incríveis 37 p.p acima no a/a , e por fim o norte, com fechamento de 97% no mês passado e patamar atual em 98%.

Sudeste é destaque no nível de afluência

A Energia Natural Afluente (ENA) é a vazão dos rios, ou a capacidade de geração hídrica com base na afluência dos rios, influenciada diretamente pelo período chuvoso de cada região. Os subsistemas Norte, Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste têm sazonalidade de chuvas bem definidas, de novembro a março, enquanto no Sul não existe um padrão claro.

Com as chuvas de final de ano em linha com o observado historicamente, a ENA de todas as regiões ficou também acima ou em linha com as respectivas médias históricas em março.

Geração solar tem crescimento robusto em março

Segundo dados disponibilizados pela ONS, a energia média diária gerada de abril até o momento foi de 70 mil MWm. No mês de março o valor foi de 76 mil MWm, 3% superior na comparação a/a. A fonte que contribuiu com a maior parcela foi a Hídrica, com cerca de 79% do total, 60 mil MWm, aumento de 4% a/a.

A fonte eólica correspondeu com cerca de 13% do total, 8,4mil MWm, +14% a/a. Em seguida, temos a fonte térmica, correspondendo a 5% do total (4,1 mil MWm), porém com acentuada queda de 28% a/a, com menor uso desse tipo de fonte em razão da normalização dos níveis de geração hídrica. Por fim, a fonte solar gerou 2,4% de toda a quantidade de março de 2023, com evolução de 57% a/a.

Geração mantém fator de repactuação em alta

Com o volume gerado de 52.257 MWm no MRE, e uma garantia física de 50.049 MWm, o resultado obtido então foi um GSF de 98% em fevereiro, o que sinaliza redução de 6 p.p. na comparação mensal, porém ainda em patamar elevado, demonstrando um excelente início de ano para a geração.

O intercâmbio de energia ainda segue intenso, escoando energia do norte e nordeste para o sudeste/centro-oeste. Além disso, o país vem exportando energia excedente para países vizinhos como Uruguai e Argentina.

Custos operacionais zerados, PLD no piso e bandeira verde

O preço do mercado à vista de energia (PLD) segue no piso de R$69,04, em decorrência do bom cenário hídrico vivenciado atualmente.

Desta forma, ANEEL segue com a manutenção da bandeira tarifária verde para abril, não incluindo acréscimos sobre a conta do cliente final.


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