Diante da continuidade do cenário macroeconômico positivo, com melhores expectativas de inflação para 2023 e nova retirada de prêmios nos juros, o setor de construção continuou em tendência de alta ao longo do último mês.
No últimos 30 dias, a curva de juros registrou novo fechamento nos vértices mais longos, estabelecendo-se no patamar dos 12%. Com isso, o mercado juros manteve sua tendência de menor estresse em relação aos meses anteriores.
Apesar do cenário desafiador no mercado de crédito imobiliário, o volume de originações mostrou resiliência ao alcançar o patamar de R$ 16,3 bi (+7% m/m). Após a correção altista observada no 1S22, a taxa de média de financiamento se registrou estabilidade em jun/22, aos 10,1% a.a.
Por outro lado, uma maior deterioração foi observada nos dados de poupança. Diante do recorde de R$ 22 bi em retirada líquida registrada em ago/22, o saldo líquido em poupança encerrou o mês consolidado em R$ 996 bi (-1,2% m/m), abaixo do suporte de R$ 1 tri sustentado ao longo dos últimos anos.
Nos dados de confiança, o setor de construção voltou a reportar alta e alcançou os 98,2 pontos (+1,4 p.p.), enquanto o nível de capacidade instalada manteve-se praticamente estável ao 77,7%.
Nos dados do CAGED referentes de jul/22, o setor manteve aceleração no seu ritmo de contratações. No período, foi registrado a abertura de 195.967 novas vagas pelo segmento, ao passo que 163.597 postos de trabalho foram encerrados.
Com isso, o setor de construção civil registrou uma geração líquida positiva de 32.082 novas vagas, o que trouxe novo aumento no saldo acumulado dos últimos 12 meses para 261.730 novas vagas líquidas.
Em ago/22, o IGP-M teve resultado melhor que o esperado ao registrar deflação de 0,7%, uma desaceleração significativa em relação ao mês anterior. Beneficiados pela redução dos impostos e queda no preço dos combustíveis nas refinarias, tanto o IPA quanto o IPC oscilaram negativamente, com quedas respectivas de -0,71% e -1,18%.
Também surpreendendo positivamente, o INCC-M reportou desaceleração maior que o projetado pelo mercado com alta de 0,33%, sustentado pelo arrefecimento nos custos com a mão de obra (+0,54%) e estabilidade nos preços de materiais e equipamentos (+0,03).
Na sua composição, os itens que registraram deflação no período foram os materiais metálicos (-1,49%), de instalação hidráulica (-1,17%) e elétrica (-0,82%). Por outro lado, materiais para pintura se destacaram por sua pressão altista (+1,41%).
Nos dados divulgados pelo Sinapi, o índice geral de preços na construção reportou nova desaceleração ago/22, atingindo alta acumulada de 13,61%. Conforme observado nas leituras anteriores, o arrefecimento do índice foi sustentando pela continuidade da tendência de queda nos preços de materiais, porém parcialmente compensada pela pressão de salários observada na mão de obra.
Através dos dados operacionais divulgados pela Abrainc até mai/22, entendemos que a construção civil permanece com demanda resiliente e estoque em tendência de queda, bem como níveis controlados de distratos. Diante de um ritmo saudável de entregas e melhor otimismo dentro do segmento, esperamos que o volume de lançamentos volte a acelerar nos próximos meses.