Macroeconomia


Inter Setores | Construção - Jun.22

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Gustavo Caetano

Publicado 15/jun

Apesar da desaceleração da inflação, o mercado doméstico passou por novo estresse no último mês em decorrência do acentuado estresse dos mercados globais, que aguardam uma contração monetária mais forte do Fed para o combate da inflação. Com isso, a volatilidade permanece para as companhias do setor de construção.

Na última coleta, a captação líquida em poupança interrompeu o movimento de saída líquida e deu alívio ao às reservas, o que sustenta a liquidez para o funding à construção civil, apesar do movimento de alta dos juros. Tal movimento pode ser interpretado como um reflexo da desaceleração inflacionária, que já impacta menos o poder de compra das famílias em relação aos meses anteriores.

Enquanto isso, o índice de confiança na construção voltou a recuar no último mês, estabelecendo-se aos 96,3 pontos. Já os dados do CAGED referentes a abr/22 registraram nova geração líquida positiva, acelerando o saldo acumulado nos últimos 12 meses para 241.585.

Em virtude do risk-off instaurado nos mercados globais, curva de juros apresenta em jun/22 alta marginal nos vértices, algo que deve se manter no horizonte devido ao movimento global de aperto monetário e aproximação do calendário eleitoral.

Nos últimos dados da Sinapi, foi observado nova desaceleração nos custos com materiais utilizados na construção civil, embora os dissídios tenham pressionado os custos de mão de obra no período.

Nos índices de preço, o IGP-M veio em linha com as projeções do mercado, enquanto o INCC-M surpreendeu e mostrou pressão inflacionária tanto nos grupos de materiais quanto de mão de obra, o que gerou ao índice uma alta acima do esperado.

Em maio/22, a captação líquida em poupança interrompeu sua tendência de queda com resultado positivo de R$ 3,5 bi. À medida que a inflação mostra sinais de desaceleração nas últimas coletas, o resultado pode ser o início reversão ao movimento de saída observado desde o 2T21.

Diante da interrupção no fluxo de saídas, o saldo consolidado em poupança apresentou no fim de mai/22 estabilidade marginal ao se consolidar nos R$ 1,01 tri. Diante disso, o nível de reserva em poupança se mantém em patamares elevados, o que sustenta a liquidez para o funding à construção civil, apesar do movimento de alta dos juros.

Por outro lado, o índice de confiança na construção (ICST) de mai/22 caiu para os 96,3 pontos, uma retração de 1,4 p.p., em correção parcial à forte alta registrada no mês anterior. No mesmo período, o índice de capacidade instalada voltou a alcançar os 76,0% (+0,2 p.p. m/m).

No mês de abr/22, os números do CAGED revelaram uma geração de 179.899 novas vagas na construção civil, enquanto 154.558 vagas foram fechadas. Apesar da leve desaceleração marginal, o setor registrou alta no saldo acumulado dos últimos 12 meses, com 241.585 novas vagas líquidas criadas.

Diante do risk-off observado durante as últimas semanas nos mercados internacionais, a curva doméstica de juros registrou leve acentuação. Em consequência ao movimento global de aperto monetário para o controle da inflação, a curva de juros deve se manter estressada no curto prazo.

No índice de construção civil da Sinapi, foi observado em mai/22 nova desaceleração nos custos com materiais de construção, concomitante à acentuada alta verificada nos custos de mão de obra em decorrência dos dissídios ocorridos no mês, o que trouxe uma aceleração anualizada do indicador para 15,8%.

Em linha com as expectativas, IGP-M registrou alta de 0,52% em mai/22, desacelerando sua alta para 10,7% no últimos 12m para um desempenho em linha com o IPCA. No período, o IPA registrou alta de 0,45%, enquanto o IPC desacelerou para 0,34%. Por outro lado, o INCC-M surpreendeu negativamente ao apresentar alta de 1,49%, com aceleração em ambos os grupos da cesta.

Com alta de 1,55% no grupo de materiais, equipamentos e serviços, os itens que trouxeram maior pressão ao índice no mês foram os materiais metálicos (2,24%), bem como os não metálicos (3,06%), pedras ornamentais (3,23%) e equipamentos para transporte (2,37%). Enquanto isso, o grupo de mão de obra mostrou forte aceleração para 1,43%, em decorrência dos dissídios ocorridos no período.

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