Macroeconomia


Inter Setores | Construção | Jan/23

image001

Gustavo Caetano

Publicado 10/jan

/ Em meio à continuidade das incertezas econômicas e instabilidade política no cenário doméstico, os dados setoriais de construção permanecem com viés negativo.

/ Apesar do fluxo positivo de captação e melhora marginal do saldo consolidado em poupança, a taxa média de financiamento registrou alta de 0,02 p.p. frente o mês anterior, enquanto o volume originado de crédito imobiliário se manteve nominalmente estável.

/ Diante da deterioração nas expectativas, o setor registrou saldo negativo na geração de empregos formais, o que trouxe uma abrupta inflexão à tendência observada nos meses anteriores. Apesar da menor magnitude, o índice de confiança registrou nova deterioração na última coleta, o que sinaliza o sentimento de incertezas entre os agentes do setor.

/ Nos dados de inflação, o prognóstico permanece benigno. Os custos de construção seguem em tendência de queda, beneficiada desta vez pela desaceleração observada na mão-de-obra, enquanto os materiais metálicos registraram recuperação frente às anteriores quedas.

/ Nos dados operacionais referente a set/22, o setor de construção manteve resiliência nas vendas e recuperação no volume de lançamentos, ao mesmo tempo em que os distratos permaneceram controlados.

/Ainda na contramão do exterior, mercado doméstico passa por elevada volatilidade, diante da incertezas de expectativas no cenário tanto econômico quanto político.

/ Em relação ao último mês, os dados da atividade brasileira permanecem positivo, com destaque para a desaceleração do IPCA.

/Apesar do maior otimismo observado nos EUA, os juros americanos registraram abertura no último mês de 2022, enquanto a curva de juros brasileira manteve elevada volatilidade, em reflexo aos desdobramentos econômicos e políticos internos.

/Mesmo em patamar ainda elevado, o índice de commodities seguiu em tendência de queda, o que deve manter o alívio nos índices de preço na construção civil.

/Na leitura do mês de nov/22, o crédito imobiliário destinado à pessoa física registrou estabilidade no m/m, com R$ 15,2 bi em originação. Enquanto isso, a taxa média de financiamento teve aumento marginal de 0,2 p.p., atingindo uma taxa anualizada de 10,2% a.a.

/Interrompendo a sequência negativa observada nos últimos seis meses, a captação líquida da poupança registrou saldo positivo de R$ 6,3 bi em dez/22, o que diminuiu o volume de evasão registrado na modalidade ao longo de 2022.

/Com a inflexão observada na captação, o saldo consolidado de poupança líquida alcançou em dezembro leve alta marginal, terminando o ano com volume consolidado de R$ 996 bi.

/Ainda impactado pelo elevado nível de incertezas na área econômica, o índice de confiança na construção registrou em nov/22 leve queda em relação ao mês anterior. Com correção de -0,3 p.p. no m/m, o indicador atingiu o patamar de 95,3 pontos no período, impactado pela nova deterioração – de menor magnitude – tanto no índice de expectativas quanto no de situação atual. Seguindo a tendência dos demais indicadores, o nível de capacidade registrou queda para 78,3% (-0,9 p.p. m/m).

/Com inflexão à tendência observada no ano, o setor de construção registrou saldo negativo no volume líquido de contratações em novembro. Neste mês, o segmento registrou a abertura de 158.287 novas vagas de trabalho, enquanto outros 177.056 postos foram fechados.

/Com isso, o segmento totalizou um saldo líquida de -18.769 novas vagas, uma elevada deterioração em relação ao saldo positivo de 12.485 vagas registrado no mesmo período do ano anterior. Com isso, a construção civil registrou queda marginal de 12% na geração líquida acumulada nos últimos 12 meses, com 225.314 novos empregos gerados.

/Apesar da alta de 0,46%, o IGP-M de dez/22 veio abaixo das expectativas, encerrando o ano com crescimento acumulado de 5,5%. Mesmo com a aceleração registrada no IPA, com alta de 0,47% de no mês, o índice de preços ao consumidor (IPC) apresentou desaceleração marginal, com variação de 0,44%. Enquanto isso, o INCC-M registrou alta de 0,27%.

/Nos itens de compõem o índice de construção, destacamos o arrefecimento observado nos itens de mão-de-obra, o que segurou o índice de uma alta mais acentuada em decorrência da recuperação observada nos materiais metálicos, que no mês subiu 1,7%. No período, os produtos químicos também registraram aceleração, com alta de 1,5%.

/Nos dados de inflação da Sinapi referente a nov/22, observamos que o movimento ainda é sustentado pela correção dos materiais, enquanto a mão de obra apresenta viés altista.

/No mês de set/22, o setor registrou o lançamento de 16.937 novas unidades, puxado pelo sólido crescimento observado no segmento de baixa renda (12.500) , enquanto o média-alta renda registrou retração (4.437).

/No mesmo período, o segmento encerrou o mês com 12.678 unidades vendidas, um crescimento de 8% no a/a sustentado pela forte evolução observada no segmento de média-alta renda, embora o segmento de baixa renda tenha apresentado desempenho novamente abaixo do seu histórico.

/Apesar do maior volume de vendas, a quantidade de distratos se manteve em queda, com 1.029 unidades distratadas no mês de setembro. No período, a queda foi novamente justificada pelo baixo volume de distratos no segmento de baixa renda.

/Com 7.609 unidades entregues, as construtoras registraram queda marginal no volume de entregas, embora no comparativo anual o segmento tenha apresentado evolução, majoritariamente sustentado pelas entregas dentro do PCVA.

/ Na última coleta, o volume de unidades ofertadas manteve estabilidade tanto no comparativo anual quanto na margem (+1% a/a e +2% m/m). Em relação ao mês anterior, a alta é explicada pelo maior acúmulo de estoques registrado dentro do segmento de baixa renda.


Compartilhe essa notícia

Receba nossas análises por e-mail