Melhor conjuntura, melhores perspectivas
Em meio à continuidade de dados operacionais resilientes e melhora conjuntural do cenário macroeconômico, o setor de construção registrou ao longo de jul/22 um rali de preços que corrigiu, parcialmente, a queda acumulada do último ano.
Nesse sentido, destacamos que as melhores expectativas de inflação no Brasil e exterior, que reacendem debates sobre a extensão do ciclo de aperto monetário e seu fim contribuíram para a queda dos vértices longos da curva de juros futura e, consequentemente, para melhor precificação dos ativos ligados ao setor.
Segundo os dados da Abrainc, enquanto o setor registrou uma quantidade mais fraca de unidades lançadas em abr/22 (5.491), o setor registrou um novo recorde mensal de unidades vendidas (18.926) dentro da série histórica.
No mesmo período, os dados do Bacen revelaram uma originação de crédito de R$ 13 bi (-13% a/a), bem como uma taxa média de financiamento marginalmente estável, de 9,4% a.a.
Em jul/22, a captação líquida manteve seu movimento de saída, porém em ritmo superior ao mês anterior. Desta vez, foi contabilizado um saldo líquido de R$ -12,7 bi, em contraste à captação de R$ 6,4 bi registrado no comparativo anual.
Por outro lado, o nível do saldo em poupança se manteve em patamar elevado, em R$ 1,07 tri (-0,63% m/m), o que reitera a resiliência de liquidez para financiamento imobiliário mesmo diante de uma conjuntura desafiadora.
Ainda no mesmo período, o índice de confiança na construção registrou correção marginal para 96,8 pontos (-0,7 p.p.m/m), enquanto o nível de capacidade instalada do setor aumentou 0,8 p.p., atingindo os 77,9%.
Nos dados do CAGED referentes a jun/22, o setor acelerou novamente o ritmo de contratações. Enquanto 192.229 novas vagas foram abertas pela construção civil, cerca de 161.972 postos foram descontinuidades no mesmo período.
Tal resultado trouxe uma geração líquida positiva de 30.257 novas vagas, acelerando outra vez o saldo acumulado nos últimos 12 meses para 260.287 novas vagas líquidas criadas.
Em meio à melhora nos dados de inflação no Brasil e nos Estados Unidos, bem como o discurso dovish dos bancos centrais de ambos os países interpretados pelo mercado, a curva de juros futura devolveu no último mês um relevante prêmio de risco nos vértices mais longos, o que contribuiu positivamente para melhor precificação dos ativos ligados ao setor imobiliário.
No índice de preços divulgado pelo Sinapi, uma nova desaceleração geral foi observada, desta vez beneficiada pela queda acentuada dos materiais e parcialmente compensada pela aceleração da mão de obra.
Em jul/22, o IGP-M veio novamente abaixo das expectativas do mercado com alta de 0,21%, com destaque para a desaceleração dos preços no atacado e retração no índice de preço ao consumidor.
Apesar de surpreender as expectativas do mercado ao registrar alta de 1,16%, o INCC-M teve desaceleração observada frente os meses anteriores, com arrefecimento em todos os grupos que compõem o índice, como os materiais e equipamentos (+0,62%) e mão de obra (+1,76%).
Nos itens que compõem o INCC-M, os destaques foram a estabilidade nos materiais de estrutura metálica (+0,03%), nova deflação nos materiais para instalação (-0,11%), assim como a forte desaceleração observada na mão de obra, cuja alta baixou de 4,37% do mês anterior para 1,76% na última leitura.