Apreciação cambial e preço das commodities contribuem, inflação doméstica ainda pesa.
Ao longo do último mês, foi observado o início da normalização do preço das commodities e nova apreciação do câmbio, bem como ancoragem do ciclo monetário contracionista conforme sinalizado pelo Bacen. Por outro lado, as pressões inflacionárias permanecem vigentes dentro da economia e do setor imobiliário, o que reitera a continuidade do momento de incertezas à atividade da construção civil no médio prazo.
Além do desaquecimento visto no volume de concessão e crédito, bem como aumento do custo de financiamento imobiliário, a captação líquida em poupança acentuou seu resultado negativo em mar/22, mantendo a tendência observada nos primeiros meses de 2022, o que reitera o momento de retirada das reservas das famílias em meio à perda do seu poder de compra. Apesar disso, o nível de reserva em poupança se mantém em patamares elevados, o que sustenta a liquidez para o funding à construção civil, apesar do movimento de alta dos juros.
Enquanto isso, o índice de confiança na construção voltou a recuar na última coleta, estabelecendo-se aos 92,9 pontos. Por outro lado, os dados do CAGED referentes a fev/22 registraram a geração de 192.485 novas vagas na construção civil, enquanto 152.858 vagas foram fechadas, gerando um saldo líquido de 39.453 novas vagas abertas para o período.
Diante de apreciação do real, a curva de juros Pré x DI registrava no início de abr/22 um leve alívio nos vértices médios e longo. Por outro lado, a persistência inflacionária observada no país deve contribuir para a continuidade de estresse da curva no curto prazo.
Através dos dados da Sinapi, foi observado a atual trajetória dos cus- tos na construção civil que, atualmente, vê uma aceleração de alta nos custos de mão de obra concomitante a uma desaceleração da alta nos materiais de construção, apesar deste permanecer em níveis elevados.
Nos índices de preço, o IGP-M avançou acima das projeções do mercado, enquanto o INCC-M acelerou sua alta para 0,73% diante da maior pressão na mão de obra. Com a apreciação cambial e normalização do preço das commodities observados no último mês, espera-se que o preço das matérias primas venha a apresentar tendência de queda nas próximas coletas.