Macroeconomia


Inter Setores | Construção | Abril/22

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Gustavo Caetano

Publicado 11/abr7 min de leitura

Apreciação cambial e preço das commodities contribuem, inflação doméstica ainda pesa.

Ao longo do último mês, foi observado o início da normalização do preço das commodities e nova apreciação do câmbio, bem como ancoragem do ciclo monetário contracionista conforme sinalizado pelo Bacen. Por outro lado, as pressões inflacionárias permanecem vigentes dentro da economia e do setor imobiliário, o que reitera a continuidade do momento de incertezas à atividade da construção civil no médio prazo.

Além do desaquecimento visto no volume de concessão e crédito, bem como aumento do custo de financiamento imobiliário, a captação líquida em poupança acentuou seu resultado negativo em mar/22, mantendo a tendência observada nos primeiros meses de 2022, o que reitera o momento de retirada das reservas das famílias em meio à perda do seu poder de compra. Apesar disso, o nível de reserva em poupança se mantém em patamares elevados, o que sustenta a liquidez para o funding à construção civil, apesar do movimento de alta dos juros.

Enquanto isso, o índice de confiança na construção voltou a recuar na última coleta, estabelecendo-se aos 92,9 pontos. Por outro lado, os dados do CAGED referentes a fev/22 registraram a geração de 192.485 novas vagas na construção civil, enquanto 152.858 vagas foram fechadas, gerando um saldo líquido de 39.453 novas vagas abertas para o período.

Diante de apreciação do real, a curva de juros Pré x DI registrava no início de abr/22 um leve alívio nos vértices médios e longo. Por outro lado, a persistência inflacionária observada no país deve contribuir para a continuidade de estresse da curva no curto prazo.

Através dos dados da Sinapi, foi observado a atual trajetória dos cus- tos na construção civil que, atualmente, vê uma aceleração de alta nos custos de mão de obra concomitante a uma desaceleração da alta nos materiais de construção, apesar deste permanecer em níveis elevados.

Nos índices de preço, o IGP-M avançou acima das projeções do mercado, enquanto o INCC-M acelerou sua alta para 0,73% diante da maior pressão na mão de obra. Com a apreciação cambial e normalização do preço das commodities observados no último mês, espera-se que o preço das matérias primas venha a apresentar tendência de queda nas próximas coletas.

Em mar/22, a captação líquida em poupança registrou novo resultado negativo, desta vez com saída de R$ 21,4 bi, mantendo a tendência negativa observada nos primeiros meses de 2022. O movimento reforça o movimento de resgate de recursos em meio à alta da inflação, queda do rendimento médio e, consequentemente, corrosão do poder de compra das famílias.Já o índice de confiança na construção (ICST), registrou recuo marginal de 0,8 p.p. no mês de mar/22, ao se estabelecer nos 92,9 pontos, em correção à recuperação reportada no mês anterior. Por outro lado, o índice de capacidade instalada teve nova alta para o mesmo período, com percentual de 76,0% (+0,8 p.p. m/m).
Em reflexo às saídas registradas saldo consolidado em poupança apresentou novo recuo marginal e atingiu o nível de R$ 1,009 tri. Apesar do movimento de recuo, o nível de reserva em poupança se mantém em patamares elevados, o que sustenta a liquidez para o funding à construção civil, apesar do movimento de alta dos juros.Os dados de emprego, por sua vez, vieram fortes. No mês de fev/22, os números do CAGED revelaram a geração de 192.485 novas vagas advindas da construção civil, enquanto 152.858 vagas foram fechadas, gerando um saldo líquido de 39.453 novas vagas abertas para o período.
Diante do alívio observado no câmbio, concomitante à alta das commodities e fluxo positivo de capital no mercado brasileiro, a curva de juros Pré x DI reportou, até a primeira semana de abr/22, um alívio generalizado nos vértices médios e longo. Por outro lado, a persistência inflacionária observada no país deve contribuir para o estresse da curva no curto prazo.Acima das projeções do mercado, IGP-M avançou 1,73% em mar/22. Apesar da desaceleração registrada no IPA para 2,1%, este ainda se mostrou bastante pressionado pelas cadeias produtivas, enquanto o IPC acelerou para alta de 0,86%. No mesmo período, o INCC-M variou 0,73% que, apesar da queda observada no preço dos materiais de construção, viu uma pressão maior vinda da mão de obra neste mês.
Nos dados da Sinapi de construção civil, é possível verificar o forte movimento de alta observado no preço de materiais utilizados no setor que, apesar da atual tendência de desaceleração, permanece em níveis elevados e acontece em meio à aceleração de alta nos custos de mão de obra, que deve observar uma alta mais aguda nos dissídios previsto para 2022 e pressionar novamente os custos de construção no decorrer do ano.Na composição dos itens do índice de construção, o destaque positivo ficou para os materiais e serviços, em conjunto, tiveram retração de 0,29% no mês. Para esse resultado, contribuíram a queda de 1,75% no preço do material metálico e estabilidade dos demais de estrutura e de acabamento. Por outro lado, o grupo mão de obra acelerou sua alta para 1,12%, alcançando 7,51% no acumulado em 12 meses.

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