Macroeconomia


Inter Setores | Bancos Set.22

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Matheus Amaral

Publicado 12/set5 min de leitura

Crédito ainda crescendo e com boa qualidade

As companhias do setor financeiro, representadas pelo índice IFNC mostram boa evolução no mês de setembro com o índice financeiro subindo 2,8% enquanto o Ibovespa avança 2,5% no mês e no ano o IFNC sobe 1,3% enquanto o Ibov permanece próximo à estabilidade com 0,1%. O melhor desempenho frente ao Ibov pode ser atribuído a uma boa percepção após a temporada de resultados para as instituições financeiras, que comentamos no setorial do mês passado (confira aqui), além da alta da taxa de Selic, que vai beneficiando as receitas em crédito dos bancos.

Nos dados de crédito, o saldo continua acelerado totalizando R$ 4,9 bilhões em junho, com alta de 17,6% a/a ante um crescimento de 16,8% em maio, desta vez mais impulsionado pelo segmento de pessoa jurídica, que avançou 12,3% a/a em junho, ante 10,2% a/a em maio, beneficiado pelas linhas de cartão de crédito rotativo, repasse externo e desconto de duplicatas e recebíveis. O segmento de pessoas físicas cresceu 21,5% a/a em junho ainda forte ante o mês de maio que cresceu 21,8% a/a e puxado pelas linhas de cartão rotativo, cartão parcelado, rural e imobiliário. Acompanhando o movimento de elevação da taxa Selic, as taxas médias das operações de crédito também continuam em alta e registraram 28,1% em junho com avanço de 810 bps a/a e 50 bps m/m e já superando níveis pré-pandemia com pessoas físicas reportando taxa de 33,2% e pessoa jurídica 19,5%. Por outro lado, os spreads ainda tem sentido o efeito do maior custo de crédito e permanecem em linha com níveis pré-pandemia, mas evoluem frente ao ano passado registrando um spread total de 17,7% (+50 bps m/m e +330 bps a/a) com pessoas físicas registrando 23,2% e pessoa jurídica 8,5%.

A qualidade do crédito, que tem sido o centro das atenções principalmente no segmento de pessoas físicas mostrou estabilidade em junho registrando 2,7% (estável em uma casa decimal desde abril/22 e +40 bps a/a), mas com o segmento PF avançando ainda devagar e gradualmente mostrando até queda em junho versus o mês passado e registrando 3,5% (-10 bps m/m e +60 bps a/a). Por outro lado o segmento PJ tem surpreendido e apresentando uma baixa inadimplência, ainda fora da normalidade e registrou 1,4% (-10 bps m/m e estável a/a), onde se espera um início de normalização gradual no médio prazo.

O Pix continua batendo recordes em transações e volume financeiro, atingindo em agosto 1.859 bilhões em transações (+6% m/m) e R$ 887 bi em volume financeiro (+9% m/m) atingindo R$ 477 milhões de ticket médio, voltando a crescer em 3% m/m.

Continuamos observando uma tendência positiva para o setor no 2S de acordo com os fortes dados do crédito, com atenção claro à evolução da inadimplência e ao apetite no segmento pessoa física, mas também com outros serviços como maior TPV em cartões observado no 1S22 vindo da retomada das atividades e o segmento segurador também incrementado o resultado das instituições financeiras.

O saldo de crédito registrou R$ 4.955 bi em junho/22, com alta de 1,6% no mês e 17,6% a/a. O saldo com PJ registrou R$ 2.040 bi (+2,1% m/m e +12,3% a/a). O saldo PF foi de R$ 2.915 bi (+3,4% m/m e 21,9% a/a) mantendo a forte demanda do segmento, agora em linhas mais arriscadas. As concessões de crédito totalizaram R$ 503,9 bi em jun/22 (+0,1% m/m e +18,5% a/a). As concessões em Pessoas Físicas desaceleraram totalizando R$ 267,9 bi (-1% m/m +19,8% a/a), já em Pessoas Jurídicas totalizaram R$ 235,9t
A taxa média das operações de crédito avançou para 28,1% em junho/22 (+50 bps m/m e 810 bps a/a. As operações com PF registraram taxa de 33,2%, com alta de 60 bps m/m, en- quanto as com PJ registraram taxa de 19,5% com avanço de 30 bps m/m.O spread médio das operações de crédito foi de 17,7% (+50 bps m/m e 330 bps a/a. O ramo PF registrou spread de 23,2% (+50 bps m/m e +380 bps a/a), já o ramo PJ reportou um spread de 8,5% (+50 bps m/m e +190 bps a/a).
A inadimplência total registrou taxa de 2,7% em jun/22 (-10 bps m/m e +40 bps a/a). No ramo PF a inadimplência foi de 3,5% (-10 bps m/m e +60 bps a/a). Já em PJ, a taxa foi de 1,4%, (-10 bps m/m e estável na comparação anual).O índice de Basileia (Nível 1 e 2) do sistema financeiro regis- trou 16,2% em junho/22, aumento de 10 bps m/m e com queda de 80 bps a/a. Já o Patrimônio de Referência Nível I reportou taxa de 14,2%, com avanço de 10 bps m/m e queda de 80 bps a/a.
A inadimplência em Pessoas Físicas segue apresentando seu movimento de correlação com a taxa Selic defasada em um ano, enquanto registrou taxa de 3,52% em junho/22 com aumento de 60 bps desde o primeiro aumento dos juros em mar/21, enquanto a selic com delay de 1 ano subiu 650 bps desde mar/21.O endividamento das famílias em ago/22 segue no all time high e registrou 79% (+100 bps m/m e +610 bps a/a). As famí- lias com contas em atraso representam 29,6%, com (+60 bps m/m e 400 bps a/a). Já as famílias que não terão condições de pagar representam 10,8%, (+10 bps m/m e +20 bps a/a).
Os dados de TPV do sistema de cartões de Crédito, Débito e Pré-pagos mostram que em junho/22 o Crédito evoluiu 38% a/a, o Débito avançou 13% a/a e o Pré-Pago 114% a/a. No 1S22 o crédito teve alta de 42% a/a, o Débito +17% a/a e o Pré-pago +138% a/a. Em agosto/22, o Pix segue batendo recordes e registrou 1.859 bilhões em transações (+6% m/m), o volume financeiro tam- bém mantém seu all time high e reportou saldo de R$ 887 bilhões (+9% m/m) e um ticket médio de R$ 477, revertendo a queda do mês passado e subindo 3% m/m.
O Mercado de Capitais apresentou um volume financeiro de R$ 32 bilhões em agosto/22, (-60% m/m), com as emissões em Renda Fixa totalizando R$ 31 bi (-35% m/m) e Híbridos totalizando R$ 1,3 bi em emissões (-38% m/m). Não foram re- gistradas emissões em renda variável no mês.O saldo em poupança de ago/22 foi de R$ 997 bi (-1,5% m/m e -3,8% a/a), impactado pelos resgates líquidos de R$ 22 bi, que avançaram 74% m/m com os rendimentos totalizando R$ 6,6 bi (+5% m/m) a uma taxa de juros de 9,28% a.a. (+101 bps m/m).

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