Macroeconomia


Inter Setores | Bancos | Out.22

matheus1

Matheus Amaral

Publicado 13/out5 min de leitura

Cenário de crédito continua com crescimento robusto e inadimplência permanece no radar

/ Os últimos dados de crédito trouxeram ainda um crescimento robusto, porém a desaceleração segue como tendência. O crédito continua com maior destaque nas linhas sem garantia como cheque especial, cartão de crédito e crédito pessoal, o que também traz maior atenção à deterioração da qualidade de crédito, já que naturalmente essas linhas possuem maior inadimplência, aliada ao maior endividamento das famílias, que permanece em níveis elevados, conforme dados da CNC. Apesar do crescimento do mix em linhas mais arriscadas, os spreads continuam em tendência positiva com a ajuda da maior taxa de juros e do perfilamento do estoque de crédito gerado a níveis de maiores taxas, beneficiado também pela estagnação da taxa de juros.

/ Nos demais negócios, destacamos os números positivos para o segmento segurador, que mostra forte crescimento em faturamento, acompanhando reajustes inflacionários e de maiores riscos no setor, principalmente nos ramos automotivo e rural. Apesar disso, destacamos que a sinistralidade permanece elevada no ramo automotivo, mas no ramo rural, já mostra normalização desde julho. As companhias que atuam no ramo de cobertura pessoal devem continuar colhendo benefícios da normalização da sinistralidade.

/ As expectativas para o 3T continuam positivas para o setor, vindo de maiores spreads nas instituições financeiras e receitas com serviços ainda positivas, principalmente em seguros e cartões.

Cenário macro

-

Crédito

-

Crescimento robusto com leve desaceleração e inadimplência concentrada em linhas sem garantia.

/ O saldo de crédito cresceu 16,8% a/a se mantendo praticamente estável versus julho onde cresceu 16,9% a/a, o crédito continua sendo impulsionado pela linha de Pessoas Físicas que avançou 20,7% a/a (vs. 20.9% a/a em Julho) contra Pessoas Jurídicas avançando 11,5% a/a mantendo o mesmo ritmo de julho, que cresceu na mesma taxa. Apesar do crescimento anual robusto, as linhas de crédito não consignado e cartão de crédito mostraram desaceleração no a/a. Na comparação mensal o saldo avançou 1,6% com destaque para pessoas físicas que cresceu 2,1% puxado pelas linhas de maior risco como crédito pessoal não consignado, cartões e cheque especial e no direcionado o destaque foi para o crédito rural.

/ As concessões nominais avançaram 24,0% a/a acelerando vs. 17,7% a/a de julho com destaque para o segmento PJ que avançou 29,5% a/a (vs 15,2% em julho) enquanto o PF manteve 19,8% a/a em agosto (19,8% em julho). No crédito livre PF observamos desaceleração do crescimento anual, apenas com o cheque especial acelerando vs. julho. Destaque negativo ainda é o segmento de crédito consignado que cai 17,8% a/a em agosto, mas em menor nível que julho onde caiu 21,3%. No crédito direcionado PF que também desacelerou no a/a, o crédito imobiliário foi destaque negativo caindo 14,4% a/a. Em PJ tanto o livre quanto o direcionado mostraram aceleração com destaques positivos para capital de giro, cartão de crédito, BNDES e outros.

/ A inadimplência total registrou 2,8% estável contra julho e +50 bps a/a e ainda com movimentos de alta concentrados no segmento PF em linhas sem garantia, mas no geral mantém nível abaixo do período pré-pandemia com boa qualidade em créditos garantidos e no segmento PJ. A inadimplência PF registrou 3,7% (10 bps m/m e 80 bps a/a) em nível com pré- pandemia, mas em segmentos sem garantia a inadimplência já está em linha ou passa dos níveis pré-pandêmicos como observado no crédito não consignado, cartão de crédito e veículos. A inadimplência PJ registrou 1,5% estável na comparação mensal e anual e segue em níveis historicamente baixos. O destaque negativo no PJ fica para segmentos sem garantia como cartão de crédito e cheque especial, além do micro crédito que registram taxas acima do nível pré- pandemia.

/ As taxas médias de juros registraram 28,7% com queda de 70 bps m/m e crescimento de 760 bps a/a. A queda no mês foi impactada pelo segmento PJ, que reportou taxa de 18,9% (- 230 bps m/m e +450 bps a/a) nos ramos de capital de giro, cartão de crédito, desconto em duplicatas e imobiliário. O segmento PF reportou taxa de 34,4% (+20 bps m/m e +920 bps a/a) com as linhas de cartão de crédito e cheque especial impulsionando as taxas.

/ Os spreads terminaram junho com taxa de 18,6%, avançando 10 bps no mês e 530 bps a/a com PF atingindo 24,4% (+70 bps m/m e +530 bps a/a) e PJ 8,7% (-100 bps m/m e +170 bps a/a). O avanço em PF segue o comportamento de crescimento da carteira em linhas de maior risco no crédito livre à PF e também do aumento da taxa de juros no mercado, já em PJ o comportamento de queda no mês vem de menores taxas observadas, principalmente no crédito direcionado.

Market Share das principais instituições por linha de crédito - Pessoa Física

/ O mercado de crédito ainda possui uma alta concentração nos players de grande porte. A linha de Cartão de Crédito é a que tem demonstrado maior disputa com novos entrantes. Por outro lado, começa-se a ver movimentos mesmo que ainda tímidos no crédito pessoal.

Mercado de Capitais e Fundos

-

Emissões desaceleram e renda fixa segue como destaque. Fundos de ações e Multimercado com maiores saídas no ano.

/ O volume de emissões no mercado de capitais registrou R$ 32 bilhões em agosto/22, reduzindo frente ao mês passado e a agosto/21 com menores emissões em renda fixa e renda variável sem emissões e permanece com eventos pontuais neste ano. Ao menos as emissões acumuladas em 2022 permanecem elevadas frente aos anos anteriores, fortalecida pela forte demanda no mercado de renda fixa.

/ Na indústria de fundos, a classe em destaque em evolução de patrimônio líquido é a de renda fixa, que acompanha a maior demanda de cotistas seguindo o aumento da taxa de juros. Por outro lado, os fundos de ações observam maior declínio de PL com um mercado de renda fixa mais atrativo. 2022 segue como destaque negativo para nas captações líquidas que no acumulado do ano registram -R$ 17,1 bilhões, ante, contra um saldo positivo de R$ 414,7 bilhões no mesmo período do ano passado. As maiores captações líquidas negativas no acumulado de 2022 tem sido em fundos multimercado (- R$ 79,7 bilhões), seguidos por fundos de ações (-R$ 57,9 bilhões).

Meios de pagamento e Pix

/ Pix continua atingindo seu all time high e seu volume financeiro em transações atingiu R$ 985,8 bi em agosto, novo recorde (+5,6% m/m). A quantidade de transferências segue crescendo e totalizou no mês 2.193 milhões (+6% m/m). O ticket médio do Pix foi de R$ 449 (-0,4% m/m) e segue reduzindo gradativamente a medida que a ferramenta se populariza, enquanto o Ted ainda possui maior ticket. A representatividade no sistema de pagamentos se manteve em 19% do volume de transferências em agosto, enquanto os boletos saíram de 9% para 10% e os demais permaneceram estáveis.

/ O TPV na indústria de cartões se mantém em patamares acima do reportado no ano passado, em junho o TPV em cartões avançou 38% a/a, enquanto no débito o avanço foi de 13% a/a, já o pré-pago mantém forte crescimento com alta de 114% a/a.

Seguros

-

Forte desempenho comercial no bimestre traz boa perspectiva para o 3T

/ O setor continua com um forte desempenho comercial, atrelado ao desempenho da atividade econômica e direcionado pelo reajuste na precificação de apólices no setor de seguros, com destaques aos ramos agro e automotivo, além da recuperação em contribuições no segmento de acumulação e a manutenção da boa performance em capitalização. No acumulado do ano até agosto, o setor soma um faturamento total de R$ 226,5 bilhões, uma alta de 17,1% contra o mesmo período do ano anterior. Só o setor de seguros cresceu 21% a/a nos 8 primeiros meses de 2022, totalizando R$ 104,1 bilhões, seguido pelo setor de acumulação com R$ 104 bilhões (+13,6% 8M22 vs 8M21) e Capitalização com R$ 18,3 bilhões (+16,6% 8M22 vs 8M21).

/ No mês de agosto, o setor reportou faturamento de R$ 32.513 milhões, um forte crescimento de 28,1% a/a, acelerando contra o mês de junho. O bom desempenho continua impulsionado pelo ramo de seguros, que avançou 29,9% a/a em agosto totalizando R$ 15,3 bilhões e pelo ramo de previdência com as contribuições crescendo 29,4% totalizando R$ 14,7 bilhões no mês. O ramo de capitalização também não ficou para trás e manteve o crescimento double-digit, mas desacelerou contra o mês passado totalizando R$ 2,5 bilhões e crescendo 12,4% a/a.


Compartilhe essa notícia

Receba nossas análises por e-mail