Desaceleração do crédito e deterioração da qualidade continuam como tendência
/ Os últimos dados de crédito referentes à outubro continuam trazendo a tendência de desaceleração nas concessões, principalmente no varejo em linhas sem garantia. O avanço contínuo da inadimplência vai segurando o apetite na concessão de crédito, o que coloca o setor com desafios de crescimento para o ano que vem aliado ao um ambiente de maiores incertezas e de taxa de juros elevada. Por outro lado, os spreads tem avançando com o custo de captação estagnado e as taxas em constante avanço, o que pode trazer alguma compensação nos spreads mas por outro lado afeta a demanda das linhas mais sensíveis à taxa de juros.
/ No mercado de capitais novembro foi o pior mês do ano em termos de emissões com títulos de renda fixa caindo 55% no mês, mas os instrumentos híbridos avançaram. Os fundos de investimento ampliaram o resgate líquido de R$ 19,6 bilhões e no ano acumulam R$ 25,7 bilhões em resgates, com maiores contribuições vindo de fundos de renda fixa e multimercados.
/ O Pix continua em seu all time high em volume financeiro, reportando em outubro R$ 1.034 bilhões e já representando 20% das transferências em volume financeiro.
Cenário macro
-
Crédito
Desaceleração e inadimplência seguem avançando
/ Em outubro, o saldo de crédito cresceu 15,8% a/a, desacelerando contra o mês passado onde cresceu 16,4% a/a. O movimento de retração foi observado tanto em PF quanto em PJ neste mês, na linha de Pessoas Físicas o avanço foi de 19,7% a/a (vs. 20,1% a/a em setembro) e Pessoas Jurídicas foi de 10,4% a/a (vs. 11,5% a/a em setembro). Continuamos observando tendência de redução concentrada nas linhas de pessoas físicas sem garantia como cartão de crédito e crédito pessoal não consignado e também em veículos, por outro lado, o cheque especial reportou avanço, alinhado à deterioração da qualidade de crédito. No saldo PJ por porte, a maior desaceleração veio da linha de grandes empresas (5,1% a/a em outubro vs 8,1% a/a em setembro), enquanto MPMEs desaceleram em um ritmo mais lento (14,3% a/a em outubro vs. 14,4% em setembro).
/ As concessões nominais avançaram 16,1% a/a mantendo o ritmo de desaceleração vs. setembro de 17,8% a/a, destacamos que no mês as concessões caíram 5,9% contra setembro. Em outubro a desaceleração foi direcionada pelo segmento PJ que cresceu 12,2% a/a versus 16,8% a/a em setembro, já em PF o avanço foi de 19,3% a/a versus 18,6% a/a em setembro, mostrando ampliação da carteira, mas concentrada no crédito consignado, enquanto as linhas sem garantia seguem desacelerando. Em PJ a desaceleração veio em todas as linhas do crédito livre, mas vimos crescimento do rural, BNDES e outros.
/ A inadimplência total registrou 3,0% com avanço de 10 bps contra setembro e +70 bps a/a, já atingindo a média de 2019. Os movimentos de deterioração seguem concentrados no segmento PF que registrou taxa de 3,9% (+10 bps m/m e +90 bps a/a) já em níveis acima da média de 2019, que era de 3,4%. As linhas com maior deterioração continuam nos segmentos sem garantia como cartão de crédito, crédito não consignado e também veículos. Por outro lado, no crédito direcionado as linhas de rural e imobiliário seguem abaixo da média de 2019, com exceção do microcrédito. O segmento PJ, que reportou inadimplência de 1,7% (+10 bps m/m e +30 bps a/a) continua como destaque, com a inadimplência abaixo da média de 2019 que era de 2,4%, mas o segmento de MPMEs (3,0% em setembro +20 bps m/m e +70 bps a/a) segue com ritmo de deterioração enquanto as grandes empresas (0,2% estável m/m e -30 bps a/a) mantém-se nas mínimas históricas e estáveis há 5 meses consecutivos.
/ As taxas médias de juros registraram 29,9% com avanço de 110 bps m/m e 690 bps a/a. O forte avanço no mês foi impactado pelo segmento PF, que reportou taxa de 35,9% (+150 bps m/m e +890 bps a/a) com os ramos de crédito consignado, não consignado e cartão de crédito como destaque. Por outro lado, no imobiliário a taxa reduziu pelo terceiro mês consecutivo registrando 10,0% (-10 bps m/m e - 250 bps a/a). O segmento PJ reportou taxa de 19,5% (+40 bps m/m e +300 bps a/a) com as linhas de Cartão de crédito corporativo e cheque especial.
/ Os spreads terminaram outubro com taxa de 20,1% (+120 bps no mês e +500 bps a/a) com PF atingindo 26,2% (+160 bps m/m e +640 bps a/a) e PJ 9,4% (+40 bps m/m e +180 bps a/a). Na PF, o avanço vem em linha com a evolução da taxa de juros no crédito livre nas linhas mais arriscadas. No PJ o spread avançou com o aumento das taxas nas linhas de capital de giro, cartão de crédito e desconto de duplicatas.
Mercado de Capitais e Fundos de Investimento
Emissões desaceleram e renda fixa segue como destaque. Fundos de ações e Multimercado com maiores saídas no ano.
/ O volume de emissões no mercado de capitais registrou R$ 21,5 bilhões em novembro/22, menor volume do ano, caindo 50% contra o mês passado. Ao menos as emissões acumuladas em 2022 permanecem elevadas frente aos anos anteriores, fortalecida pela mercado de renda fixa que já observa desaceleração.
/ Na indústria de fundos, observamos um resgate líquido de R$19,6 bilhões, revertendo outubro que reportou captação líquida de R$ 1,2 bi. No acumulado do ano a indústria reporta uma captação líquida de R$ 25,7 bilhões.
/ O destaque do ano em crescimento continua sendo os fundos FIDC com crescimento acumulado de 18,6%, seguido pelos fundos de renda fixa com 14,2% e FIIs com 11,9%. No movimento contrário os fundos de ações lideram as perdas de PL com queda de 14,5% no ano, seguido pelos ETFs com queda de 14,3%.
Meios de Pagamento e Pix
Pix continua na máxima histórica e representa 20% do sistema de pagamentos
/ Pix continua atingindo seu all time high e seu volume financeiro em transações atingiu R$ 1.035 bilhões em outubro, novo recorde (+1,3% m/m). A quantidade de transferências segue crescendo e totalizou no mês 2.541 milhões (+10% m/m). O ticket médio do Pix foi de R$ 407,2 (-8,2% m/m) e segue reduzindo gradativamente a medida que a ferramenta se populariza, enquanto o Ted ainda possui maior ticket. A representatividade do Pix no sistema de pagamentos avançou para 20% do volume de transferências em outubro, enquanto os boletos e o TED caíram 1 p.p. m/m representando respectivamente 9% e 69%.
/ O TPV na indústria de cartões mostrou desaceleração até setembro/22 ainda se mantendo em patamares acima do reportado no ano passado, em setembro o TPV do crédito avançou 21% a/a, enquanto no débito o avanço foi de apenas 1% a/a, já o pré-pago mantém forte crescimento com alta de 75% a/a. Contudo os três segmentos mostraram desaceleração no mês.