Preços nas alturas.
- Com este relatório damos início ao nosso acompanhamento mensal do setor de Óleo e Gás (O&G), trazendo, principalmente, os números do Brasil e, em segundo plano, Estados Unidos e OPEC. O intuito deste é deixar o investidor ciente de todas as grandes movimentações no setor, sejam ela na produção, refino e/ou distribuição/vendas.
- Acreditamos que preço da gasolina está cerca de 2,8% abaixo do que deveria, e o diesel quase 1%, praticamente em linha. Nosso cálculo leva em consideração os estudos divulgados pelo S&P em conjunto com o preço das refinarias da Petrobras. A metodologia é baseada no Preço de Paridade de Importação (PPI), a qual oscila em função da cotação internacional.
- Diante disto, o preço da commodity tem arrefecido, principalmente com os rumores de recessão/menor consumo nos EUA e na Europa, flutuando o óleo Brent perto dos U$ 80 e o WTI pouco abaixo disto.
- Por fim, ainda destacamos que a OPEC segue com ritmo de produção abaixo do pré-pandêmico, atualmente próximo aos 28 milhões de barris ao dia. O grupo tem ficado abaixo do potencial, com o intuito de manter preços elevados e justificando uma expectativa de consumo menor para 2023.
Diesel
Segundo nossos cálculos, o preço do diesel está cerca de 1% abaixo do que deveria, praticamente em linha ao PPI. Entretanto, existem alguns gatinhos que podem levar a movimentações maiores nos próximos meses.
Certamente, o preço da commodity em nível internacional é um deles, uma vez que ainda seguimos o PPI, eexistem impactos no Brasil.
Ainda em nível mundial, o crack spread (diferença entre o preço do barril de petróleo bruto e da commodity refinada) das refinarias americanas para o diesel permanece em patamar elevado ante a média histórica, podendo ser observado no gráfico do próximo slide. Como este indicador da gasolina já arrefeceu, isso explica, em nossa opinião, a inversão entre o preço da gasolina e do diesel, uma vez que este é historicamente mais barato ao consumidor final.
Por fim, com uma possível volta dos impostos isentos atualmente, o diesel pode ter um impacto de +8%, em nossa opinião.
Gasolina em alta.
Segundo nossas estimativas, o preço da gasolina deveria sofrer uma alta de quase 3% para manter o PPI. O cálculo leva em conta a cotação internacional do óleo, o crack spread, entre outros.
Existem alguns gatilhos que podem levar a maiores movimentações no curto prazo, como a possível volta de impostos como PIS/COFINS, no qual o impacto final seria uma alta próxima a 12%.
Conforme o gráfico no próximo slide, o preço de venda dos revendedores, ou seja, o preço da gasolina levando em considerados dados da ANP em uma média simples Brasil, ainda permanece na casa dos R$ 5,00, patamar ainda elevado ante a anos anteriores.
E&P e Refino
Em agosto, sendo o último dado disponível pela ANP, a produção de barril de óleo equivalente somou cerca de 4.047 mil barris ao dia, altas respectivas de 5,4% e 2% no a/a e t/t. Em termos de óleo, a produção foi de 3.147 mil barris ao dia (+4,9% a/a e 2% t/t). Já gás foram produzidos 143 mm de metros cúbicos dia (+7,3% a/a e 2,2% t/t).
O Pré-sal é o carro-chefe da produção brasileira, sendo responsável por mais de 74% do total. Em seguida o Pós-sal tem correspondência por quase 21% e em terra, cerca de 5%.
Na parte do refino, no mês de novembro foram processados cerca de 9,6 mm de metros cúbicos nas refinarias brasileiras, alta de 7% a/a e -3% t/t, segundos dados da ANP.
O produto mais processado é o diesel, onde foi computado quase 3,8 mm de metros cúbicos em novembro (+ 4,8% a/a e 0,6% t/t), seguido da gasolina, com cerca de 2,1 mm de metros cúbicos (-5,5% a/a e 6,8% t/t).
Distribuição e vendas
O diesel é o produto mais comercializado dos derivados de petróleo no Brasil. Em novembro, foram vendidos cerca de 5,2 mm de metros cúbicos (+2% a/a e -7% m/m). Em seguida temos a gasolina, sendo comercializado cerca de 3,8 mm de metros cúbicos ( +9% a/a e -3% t/t). Por fim, o etanol apresentou cerca de 1,2 mm de metros cúbicos vendidos (+12% a/a e -6% t/t).
Levando em consideração a média de preços coletada pela ANP, o diesel no Brasil se encontra próximo a R$ 6, enquanto a gasolina está levemente acima dos R$ 5.
Acreditamos que o bom nível de vendas deve permanecer para o próximo mês, mesmo com os preços ainda elevados.
EUA
Embora ainda não esteja em níveis recordes, a produção de óleo nos EUA apresenta bom patamar, cerca de 12,5 mm de barris óleo dia, segundo a EIA.
Contudo, o ponto que chama a atenção é a capacidade de refino, que vem reduzindo constantemente, atualmente perto de 18 mm de barris dia, sendo este um dos fatores que pressionam o preço dos combustíveis.
O consumo, por sua vez, segue em patamar elevado. Nos EUA o principal produto consumido é a gasolina, atualmente, cerca de 7,5 mm de barris dia, em seguida o diesel, cerca de 5 mm de barris dia.
O preço, por sua vez, segue pressionado, principalmente o diesel, na casa dos US$ 5,5 o galão, enquanto a gasolina se aproxima dos US$ 3 o galão.
A maior organização produtora de petróleo do mundo é a OPEC, responsável por cerca de 30% de toda a produção global.
Desde outubro de 2022 o grupo segue com produção aquém do potencial, com expectativas de menor consumo de derivados o que leva, por consequência, a preços mais elevados, beneficiando os países-membros via exportações.
Segundo o índice de projeções da BBG, a OPEC produziu cerca de 29,14 milhões de barris em dezembro, o que representa uma alta de 0,5% m/m e +3,7% a/a.
O maior produtor é a Arabia Saudita, que produziu cerca de 10,48 milhões de barris dia, estável m/m e +4,5% a/a.