Foram divulgados ontem (21/09/22) pela Abrainc os dados operacionais do segmento de construção civil referente ao 1S22. Diante dos números apresentados, que compreeendem os números agregados das principais incorporadoras do país, entendemos que a atividade da construção civil apresentou dados resilientes ao longo do primeiro semestre de 2022, principalmente quando ponderados pela conjuntura desafiadora vivida pelo setor desde 2021.

Sustentado pelo alto crescimento do médio e alto padrão (+20% a/a), o setor registrou no 1S22 estabilidade nas unidades lançadas frente o ano anterior (+3% a/a). Ao alcançar o nível de 12.944 unidades, o segmento encerrou jun/22 com aceleração de 6% na média anualizada de lançamentos.

O setor encerrou o 2S22 com um volume total de 87.655 unidades vendidas, um crescimento de 18% frente o 1S21, um resultado impulsionado pelo forte desempenho do segmento de médio alto-padrão, que apresentou números 103% superiores quando comparado ao ano anterior, bem como pela resilisência vista no PCVA. No mesmo período, o segmento voltado à baixa renda comercializou 62.443 unidades (+2% a/a).

Em decorrência das maiores vendas, o nível de distratos também evoluiu ao atingir uma média móvel de 1.518 unidades. Grande parte deste aumento se deu no padrão de média-alta renda, que viu a quantidade de distratos subir para 9.968 unidades (+68%). Por outro lado, sua média de representatividade frente ao volume comercializado permaneceu estável quando comparado ao mesmo período do ano anterior, em torno de 12%. Além disso, os distratos se mantiveram abaixo do volume observado nos últimos cinco anos, o que reitera os benefícios advindos da Lei do Distrato de 2018.

Ao longo do primeiro semestre de 2022, o segmento acelerou o ritmo das obras e registrou crescimento de 35% na quantidade de unidades entregues, com destaque para as unidades incluídas no PCVA, com alta de 35% no volume de entregas. Em menor ritmo, o programa de médio e alto padrão também apresentou crescimento, com alta de 18% frente o 1S21. Como resultado, a construção civil alcançou em jun/22 uma média anual de 7.421 unidades entregues (+25% a/a).

Apesar da queda observada no estoque em relação ao final de 2021, o nível de unidades ofertadas permaneceu em tendência ascendente e alcançou o nível de 138.426 unidades em jun/22, uma alta de 4% frente o mesmo mês do ano anterior. Na média anualizada, o montante de unidades ofertadas atingiu um patamar 8% superior em relação à jun/21.

Apesar de esperarmos um 3T22 ainda sólido, acreditamos que a atividade do setor deva se arrefecer pontualmente no 4T22 em detrimento do cenário eleitoral e Copa do Mundo, que devem desviar a atenção da demanda no curto prazo.

Diante de uma melhor ancoragem de expectativas da inflação de fim do ciclo monetário contracionista, o entendemos que a construção terá um ambiente mais propício no ano seguinte, embora algum impacto defasado dos juros elevados na atividade ainda deva ser sentido nos próximos exercícios.