Macroeconomia


Inter Insights

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Matheus Amaral

Publicado 08/mai8 min de leitura

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Macro

#1 FOMC | Em decisão amplamente esperada, o Fed sinaliza fim do ciclo de alta.

Insight: Após 10 altas consecutivas, o Fed deverá manter a taxa de juros em 5,25% (upper bound) pelos próximos meses, encerrando o ciclo de alta mais agressivo dos últimos 30 anos. Grande novidade foi a alteração na linguagem do comunicado, consistente com pausas observadas no passado. Portanto, ao retirar a frase “some additional policy firming may be necessary” do comunicado, o FOMC essencialmente está dizendo que não prevê altas adicionais, e que daqui para frente será data-dependent. Entretanto, com a inflação ainda rodando a uma taxa anualizada de 5%, a expectativa é que o ciclo de cortes inicie apenas em 2024, a não ser que algo muito relevante na economia quebre antes disso.

#2 COPOM | Selic mantida em 13,75%

Insight: Pela 6ª reunião consecutiva, o Copom mantém a Selic em 13,75% em linha com a expectativa. No comunicado, o Copom também manteve o tom de cautela da decisão passada, ressaltando a preocupação com a desancoragem das expectativas de inflação, principalmente as mais longas, e o custo maior no processo de desinflação nesse cenário. A expectativa do BC ainda é de manter a taxa mais restritiva por um período prolongado, até a consolidação da desinflação e ancoragem das expectativas. Um dos destaques no comunicado foi a mudança nas premissas do BC com melhora no cambio, queda do petróleo e bandeira verde e, ainda assim, sem impacto nas projeções do IPCA, mantidas em 5,8% em 3,6% para 2023 e 2024. O comunicado afasta qualquer chance de corte na próxima reunião em junho e, para agosto, o corte fica dependente de uma queda maior que o esperado na inflação corrente e melhora no cenário fiscal, com a aprovação do arcabouço refletindo em redução do risco e queda nas expectativas de inflação para 2024.

#3 Payroll EUA | Economia americana adiciona 253k empregos em abril

Insight: Economia americana adicionou 253 mil novos empregos em abril, bem acima das expectativas que era a adição de 180 mil, assim como do resultado de março, que foi revisado para baixo, de 236 mil para 165 mil empregos. Com isso, a taxa de desemprego americana ficou estável em 3,4%, menor patamar da série histórica, o que mostra que o mercado de trabalho ainda está muito apertado, acompanhado de aceleração nos salários, que cresceram 0,5% no mês e acumulam alta de 4,4% nos últimos 12 meses. O mercado de trabalho é, tipicamente, a variável mais defasada do ciclo, mas a antecipada desaceleração na criação de empregos continua sendo adiada, o que pode ser um risco para a política monetária no combate à inflação, tendo em vista que o ritmo de criação de empregos e crescimento dos salários é inconsistente com a meta de inflação de 2%.

Bancos

#1 Crédito nos bancos públicos volta a crescer mais que nos privados depois de sete anos. Instituições estatais concentram linhas direcionadas, como imobiliário e agro.

Insight: Noticiário corrobora nossas expectativas para o setor em relação ao crescimento do crédito. Para 2023 esperamos que os bancos públicos devam continuar mantendo uma tendência de crescimento da carteira de crédito versus seus pares privados em um movimento contra-cíclico. Apesar do crescimento ir contra o movimento de maior cautela e restrição, ainda temos observado em linhas de crédito direcionado como imobiliário e Agro, que possuem maior qualidade. Mas ainda assim, podem acender um alerta para o nível de NPL desses segmentos caso as condições macro continuem desfavoráveis. Mantemos cautela com o setor e estamos neutros em toda a nossa cobertura: BBAS, ITUB, BBDC e SANB. Comentamos brevemente sobre o assunto nestes dois relatórios Panorama de Crédito e Revisão e Prévias Bancos.

#2 Nubank lança temporada de renegociação.

Insight: A campanha de renegociação denota o momento desafiador para a qualidade de crédito na fintech, enquanto temos visto a inadimplência no cartão de crédito (principal produto do Nubank) bater recorde. A campanha pode trazer algum efeito para melhorar os indicadores de qualidade para os próximos resultados, mas indica que os números no 1T23 ainda devem trazer deterioração. Mantemos cautela no setor e com bancos com pouca diversificação da carteira de crédito e muito expostos ao Cartão de Crédito, caso de NUBR33.

#3 Bradesco | Resultado 1T23. Tendências ainda negativas e inadimplência piora muito no trimestre.

Insight: O resultado do Bradesco veio acima das nossas expectativas, com lucro líquido de R$ 4.280 milhões (+168,3% t/t e +11% Inter Research) com ROAE de 10,6% (+6,5 p.p. t/t e +0,7 p.p. Inter Research). De modo geral o resultado trouxe tons mistos, com a margem financeira praticamente estável trazendo queda no NII com clientes e melhoria no NII com mercado. A PDD expandida apesar de ter mostrado melhora na comparação trimestral, não foi suficiente para manter os níveis de cobertura acima de 200%, dado que vimos forte avanço na inadimplência, que saiu de 4,3% no 4T22 para 5,1% no 1T23, com piora significativa em pessoas físicas e MPMEs. O bottom-line acabou sendo beneficiado pela menor alíquota de imposto no período devido ao benefício fiscal no pagamento de JCP. Continuamos enxergando desafios no resultado do Bradesco devido a pressão na qualidade de crédito, que neste trimestre mostrou um forte avanço, por isso mantemos cautela com o banco e após este resultado alteramos nossa recomendação de neutro para venda de BBDC4, mantendo nosso preço-alvo em R$ 13,00 FY23.

Utilities

#1 ISA CTEEP | Resultado 1T23. Bom resultado com melhora de margens.

Insight: Os resultados da ISA Cteep no primeiro trimestre de 2023 foram sólidos com crescimento de margens e do resultado operacional. O EBITDA da companhia atingiu R$ 739 mm no 1T23, crescimento de 39% a/a. A margem EBITDA apresentou aumento de 8,5 p.p. para 82,9%. A empresa tem focado no crescimento via licitação de novas concessões e também reforços e melhorias da rede transmissão, que são aprovados pela ANEEL. Todavia, mantemos um call neutro para as ações da TRPL4, com preço alvo em R$ 28/ação, visando o final de 2023. Embora, deve-se considerar o ativo para uma carteira voltada para dividendos.

#2 Copasa | Resultado 1T23. Resultados positivos mais uma vez

Insight: A Copasa apresentou um desempenho positivo durante o 1T23, registrando um crescimento do resultado operacional em razão de maior volume faturado, aumento no número de unidades consumidoras, e reajuste tarifário em janeiro. O EBITDA no trimestre foi de R$ 678 mm (+52% a/a) e a margem EBITDA foi de 42%, avanço de 8 p.p. em relação ao 1T22. Entendemos que existe potencial da companhia em gerar bons resultados ao longo deste ano, conforme obtenha eficiência em sua gestão operacional. Entretanto, mantemos recomendação Neutra para o papel, com preço-alvo para o final de 2023 em R$17/ação, pois acreditamos que está bem precificado.

Siderurgia e Mineração

#1 Gerdau | Resultado 1T23 - Início de ano bom, com América do Norte, mas há desafios à frente

Insight: A Gerdau apresentou bons números para o 1T23, com recuperação nos volumes, receitas e margens na comparação com o trimestre anterior, apesar do recuo em receitas na comparação anual. Os resultados foram beneficiados pelo forte desempenho da ON América do Norte, que segue resiliente e corroborando o novo patamar de eficiência operacional, com margens mantidas em 30%, o que acabou compensando o resultado mais fraco tanto da ON Aços Especiais, que foi afetada pela fraca demanda da indústria no Brasil, em especial a automobilística, como na ON Brasil que, apesar da recuperação de volumes vendidos, foi fortemente afetada por quedas nos preços. A diversificação geográfica e de produtos mais uma vez contribuiu para que a Gerdau trouxesse um resultado resiliente, mesmo com as dificuldades observadas no período no que tange a demanda no mercado interno, patamar de juros restritivos e insumos ainda em níveis elevados. Para 2023, seguimos com uma visão positiva para a empresa que deverá ser beneficiada pelas suas operações na América do Norte, em razão da forte demanda no setor de Óleo&Gás e investimentos em infraestrutura, permitindo a manutenção das margens em nível elevado e podendo compensar, em partes, um cenário mais adverso no Brasil, onde a demanda segue arrefecendo. Chamamos atenção, porém, à possibilidade de upside vinda do setor de Construção com avanços de projetos sociais do novo governo e que podem impulsionar a demanda por aços longos, importante produto da empresa. Outro fator em favor da empresa, os custos dos insumos podem seguir em tendência de queda ao longo do ano, conforme os preços das commodities corrigem nos mercados internacionais, contribuindo para alívio na estrutura de custos e manutenção das margens. Neste sentido, mantemos o preço-alvo de GGBR4 para o fim de 2023 em R$ 34,00/ação, com recomendação de Compra.

#2 CSN e CSN | Resultados do 1T23.

Insight: A CSN apresentou resultados razoáveis no 1T23. Por um lado, a companhia conseguiu capturar os bons preços de minério de ferro no período e acabou não tendo volume de vendas tão impactados, o que contribuiu para receitas mais altas e ajudou no resultado consolidado. Porém por outro lado, a siderurgia trouxe novamente desempenho fraco, com dinâmicas no mercado interno afetadas por uma demanda mais frada e preços em queda. Os custos de placas também pesaram, em especial pelos preços mais altos de alguns insumos, como minério de ferro e menor diluição de custo fixo no período, o que acabou por pressionar ainda mais as margens. Em Cimentos, os volumes avançaram, mas a queda nos preços acabou penalizando em maior grau as receitas no segmento. Assim, com o recuo esperado nos preços das comodities ao longo do ano, não esperamos um outro ano brilhante para a CSN Mineração, que deve ter receitas impactadas pelos menores preços, apesar de parcialmente compensadas por maiores volumes. No entanto, não acreditamos que o desempenho do braço de mineração seja suficiente para carregar os resultados ao longo do ano, como observado nos dois últimos trimestres e caso a siderurgia siga enfrentando os desafios atuais, poderemos ver impactos no consolidado tanto em receitas quanto em margens. Estamos revisitando os modelos das siderúrgicas e das mineradoras.

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