Inter Insights 009
Macro
#1 IBC-Br de janeiro apresenta estabilidade em relação a dezembro, retraindo 0,04%.
Insights: Com todos os dados setoriais de janeiro, temos uma visão mais clara da desaceleração da atividade. Dos três principais setores apenas varejo teve alta, de 3,8%, entretanto, tal resultado foi reflexo do efeito base de dezembro, quando o indicador apresentou forte recuo. Considerando o varejo ampliado, o aumento no volume foi de apenas 0,2%. Cabe ressaltar que o varejo ampliado é amplamente dependente da disponibilidade de crédito, portanto, esse componente deve piorar nos próximos meses dada o aprofundamento da contração de crédito. Por outro lado, o destaque negativo foi o volume de serviços, que recuou 3,1%, muito além das expectativas. O resultado foi reflexo de uma piora dos serviços de transporte, em particular o aéreo, que recuou quase 6% na comparação com dezembro. Para os próximos meses a expectativa é de continuidade do enfraquecimento da atividade, com os efeitos da contração de crédito se intensificando.
#2 Governo entrega novo arcabouço ao Congresso
Insights: A proposta do novo arcabouço fiscal trouxe poucas novidades em relação à apresentação que já havia sido feita pelo ministério da fazenda. Entre os detalhamentos da regra, ficou confirmado o limite do crescimento de gastos entre 0,6% e 2,5% acima da inflação, que será medido usando a expectativa de inflação para o ano. Apesar do limite de crescimento dos gastos ser positivo, tanto pelo teto de 2,5% como pela proporção de crescimento da receita em 70%, ainda há dúvidas sobre a capacidade do governo de cumprir a regra, considerando as exceções que foram definidas, como gastos com educação, saúde e até capitalização de estatais, bem como as propostas de novas políticas públicas que demandam mais gastos, como a valorização do salário-mínimo. O segundo ponto relevante do conjunto de regra, a volta da meta de resultado primário, frustrou as expectativas uma vez que não há punição para seu descumprimento. A meta de superávit primário tinha sido vista como positiva, uma vez que mostra o comprometimento do governo em reverter a atual previsão de déficit de mais de R$100 bilhões para esse ano, segundo último relatório bimestral do tesouro. A meta de zerar o déficit até 2024 é bastante ousada e é baseada em aumento de arrecadação que ainda são incertos e, por isso, sua credibilidade deixa dúvidas. A indicação do Congresso de aprovação célere das novas medidas é um bom sinal, no entanto, o mais importante será monitorar o empenho do governo em cumprir a regra. A execução do orçamento de 2023, que já tem uma meta de déficit menor que o estabelecido pelo tesouro na última avaliação bimestral, e a definição do orçamento para 2024 serão importantes sinalizadores do compromisso e esforço do governo em reequilibrar as contas públicas, uma vez que, com base nos dados atuais ainda é incerto estimar qual será o crescimento tanto das receitas como das despesas para 2024.
Bancos
#1 Bancos tentam evitar teto de juro no cartão de crédito. Governo defende ações, mas setor quer antes diagnóstico técnico. (Valor)
Insights: o risco para a implementação de um possível teto nos juros do cartão de crédito tem se tornado cada vez mais iminente. O governo tem discutido com a Febraban possíveis desenhos, que possam facilitar a implementação, isso porque os impactos seriam negativos para indústria, principalmente para players menos diversificados como neobanks que atuam com maior concentração no cartão de crédito. Nossa visão é negativa em relação ao teto para o setor, que pode trazer ainda mais pressão nos resultados para este ano caso seja implementado o novo teto.
#2 Bradesco reformula varejo e vê melhora no segundo semestre. Banco desiste de fazer do next uma operação independente, aposta em rede de correspondentes e quer atendimento ‘fluido’. (Valor)
Insights: Em nossa visão, as recentes alterações estratégicas do Bradesco vão em um rumo adequado já que o modelo que vinha sendo desenhado no varejo do banco não estava mostrando tanta competitividade quanto o que víamos no Itaú, que focou na própria plataforma e tem avançado mais na competitividade com os neobanks do que o Bradesco. Também vemos como positivo a redução esperada de 300 agências no ano, que contribui para melhor eficiência. Para além das mudanças estratégicas, ainda estamos mais pessimistas com o Bradesco, esperamos que o pico da inadimplência possa ser atingido no 3T23 e o banco ainda deve ter uma maior necessidade de provisionamento, já que tem experimentado maior deterioração na qualidade de crédito que os pares.
Real Estate
#1 Declínio do início da habitação nos EUA, influenciado por unidades multifamiliares. A construção de novas casa caiu 0,8%, para uma taxa anualizada de 1,42 milhão, de acordo com dados do governo divulgados na terça-feira. O segmento de unidade multifamiliares caiu 5,9%, enquanto unifamiliar aumentou 2,7%.
Insights: O aumento na construção de residências unifamiliares pode refletir os esforços dos construtores para estimular a demanda depois que um aumento nos custos de empréstimos afastou muitos compradores em potencial. Com os estoques restritos no mercado de revenda, as construtoras têm a oportunidade de preencher o vazio com novas construções. Além disso, o governo anunciou uma queda de 8,8% no indicador de buildings permits que, por sua vez demonstra uma possível queda em lançamentos futuros, sinalizando uma desaceleração no setor diante a maior pressão no custo de financiamento. Com isso, mantemos cautela em relação ao mercado imobiliário americano.
Siderurgia e Mineração
#1 China's economy grew 4.5% yoy in the first three months of the year. O PIB chinês superou as expectativas ao avançar 4,5%, acompanhado de números também acima do esperado nas Vendas ao Varejo, que avançaram 10% a/a em março. A Produção Industrial avançou 3,9% em março ante mesmo período do ano passado, mas ficou abaixo do consenso, que esperava recuperação em ritmo maior, em especial após a volta do Ano Novo Lunar.
Insights: O dado que surpreendeu negativamente, no entanto, foram os investimentos imobiliários. Mesmo com os recentes estímulos do governo chinês ao setor, os investimentos recuaram 5,8% a/a em março, após já terem contraído 5,7% em jan-fev, mostrando que a crise no setor ainda está longe de acabar. Quanto à demanda por minério de ferro, mantemos a cautela para o ano. O 1T23 é sazonalmente marcado por menor produção das mineradoras, limitando o volume de minério nos portos chineses, o que ajuda nos preços. Mas, com normalização da oferta e demanda ainda em ritmo lento, podemos ver mais pressão nos preços, limitando avanços das ações das mineradoras.
#2 Vale: Produção e Vendas 1T23. Vale divulga relatório de produção e vendas referente ao 1T23. (RI Companhia)
Insights: os números apresentados pela empresa mostraram certa recuperação na produção de minério de ferro vis-a-vis o 1T22, porém com avanço de 5,8%, decepcionando um pouco. No quesito vendas, o desempenho foi ainda pior. Na comparação anual, mantendo a sazonalidade do período de chuvas, as vendas recuaram 9%, sendo que o 1T22 já havia sido bem ruim. Isso pode explicar, em partes, a manutenção dos preços de MF nos mercados internacionais em patamares mais elevados ao longo do 1T23, uma vez que os volumes vendidos pela Vale no período ficaram 28% abaixo de sua média histórica. Falando em preços, os números ajudaram, mas vimos novamente os prêmios por qualidade recuarem. O que deve pressionar o topline da companhia. Não acreditamos que a empresa possa entregar o guidance de vendas de ferrosos para o ano. Na parte de Metais Básicos, a companhia segue evoluindo, mas ainda há um grande trabalho a ser feito na estabilização e otimização das operações.
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