Inter Insights 014
Macro
#1 IPCA-15 Maio | Alta de 0,51%, abaixo da expectativa
Insight: O IPCA-15 de maio em 0,51% ficou abaixo da nossa expectativa de 0,65% mesmo com a reaceleração da inflação de alimentos, que no mês ficou em 0,94%. A boa notícia foi uma queda mais disseminada, a difusão voltou a cair para 64% e tivemos redução da inflação de serviços e da média dos núcleos, que ficou em 0,42% em maio e acumula 6,8% em 12 meses. A prévia de maio indica que teremos uma inflação menor no mês, abaixo de 0,4%, com o impacto maior da redução dos combustíveis na segunda quinzena e expectativa de desaceleração dos preços dos alimentos. Com isso, é bem provável que as expectativas de inflação tenham nova queda nas próximas semanas o que deve reforçar o debate sobre o corte de juros no segundo semestre, que na nossa opinião, pode se iniciar em agosto.
#2 Queda dos juros no Brasil e alta lá fora
Insight: O forte movimento no mercado de juros aqui no Brasil, discordando do mercado global, refletiu a queda da inflação maior que o esperado no IPCA-15 de maio. As taxas pré tiveram mais um dia de queda e o vencimento de jan/25, por exemplo, fechou em 11,5%, na mínima desde outubro. O mercado voltou a apostar em cortes a partir de agosto com a Selic fechando em 12,25% em dez/23 e abaixo de 10% em dez/24. As taxas reais também continuam o movimento de queda observado nas últimas semanas, com a melhora no cenário de risco após aprovação do arcabouço. A combinação de inflação em queda e o arcabouço aprovado deram folego para o mercado de juros mesmo com o movimento de alta do dólar hoje no mercado internacional, que resultou em forte desvalorização do real de 1,6%, voltando para R$5,04. Nos EUA, os dados continuam indicando uma economia mais resiliente e, combinado com declarações recentes de membros do Fomc, resultou em uma renovada expectativa de alta dos juros pelo Fed em junho. A crise política e o impasse sobre o teto de dívida também aumentaram a aversão a risco no cenário global. A expectativa para o PCE é de manutenção da inflação em 4,6% aa, o que deve manter a cautela no mercado de bonds nos EUA, ainda com divergência na expectativa para os próximos passos do Fomc. Por enquanto, mantemos nossa estimativa de pausa na próxima reunião, mas sem perspectivas de cortes até o final do
#3 Onde está a recessão que prometeram?
Insight: Afirmar que o atual ciclo macroeconômico está confuso é eufemismo. A pandemia gerou enormes distorções que tem dificultado a identificação do atual estágio no ciclo econômico mundial. Apesar do Fed ter elevado a taxa de juros em 500 bps em pouco mais de um ano, a inflação americana se mostra mais persistente que o antecipado, rodando na casa dos 5% na taxa anualizada. Ao mesmo tempo, praticamente todos os indicadores antecedentes apontam para uma recessão na economia americana, entretanto, vemos o mercado de trabalho adicionar novos empregos em taxas robustas, mantendo a taxa de desemprego em patamares mínimos. O setor de serviços continua resiliente, imune à piora nas condições financeiras, enquanto a indústria pena em conseguir manter um crescimento sustentado. Por fim, o mercado imobiliário ainda se mostra aquecido, apesar de ser um dos primeiros mercados a sofrer com a desaceleração da economia.
Neste relatório, revisamos o panorama da economia global, que na nossa perspectiva ainda é de uma desaceleração econômica. Entretanto, como os dados mostram, esse não é um ciclo normal. A elevada incerteza e os dados conflitantes apenas aumentam a necessidade de cautela ao navegar nesse cenário.
Bancos
#1 Busca do consumidor por crédito tem queda anual de 24% em abril. (Valor)
Insight: Continuamos com expectativas de uma desaceleração do crédito devido ao cenário macro ainda desafiador com juros elevados e inadimplência ainda pressionando o segmento pessoa física.
#2 Bancos elevam projeção para expansão do crédito neste ano para 8,1%. (Valor)
Insight: A projeção da Febraban saiu de 7,9% para 8,1%, um aumento marginal refletindo um ambiente de maior originação no crédito direcionado. Temos observado que o segmento segue sendo de maior preferência do setor no momento atual, dado que neste segmento há mais linhas garantidas e com menor inadimplência. Esperamos que o rural seja o principal impulsionador do crescimento no direcionado.
#3 Mercado de crédito privado dá sinais de retomada após três meses parado. Anbima e gestores veem aumento nas consultas e operações não só para refinanciamentos, mas também investimentos. (Valor)
Insight: Apesar de ainda tímida, a volta da demanda traz um ensaio para a recuperação na emissão de dívida via mercado de capitais. Mesmo com spreads parando de subir, os níveis ainda estão elevados, as companhias seguem com nível de endividamento alto e 2023 ainda pode ser um ano mais fraco para a indústria. Apesar disso, valuation de bancos de investimento pode se mostrar atrativo para apostar em um momento de inflexão no setor após queda da Selic. No cenário atual, preferimos BPAC11 a XP, enquanto BPAC negocia a 10x lucros FY23, abaixo da média 3Y de 14x. XP negocia a 11x lucros, mas com a média contaminada por um valuation irracional de 32x lucros FY23 em nossa visão, tendo em vista que é um player pioneiro e líder em um segmento cada vez mais competitivo e com pressão regulatória em relação à exclusividade dos AAIs.
#4 Governo e Bancos discutem extinção do crédito rotativo. A proposta de acabar como rotativo veio dos bancos e não foi rechaçada pela Fazenda, dentre outras opções estão cobranças de taxas fixas no parcelado sem juros e a elevação da tarifa de intercâmbio.
Insight: Esperamos que alguma mudança em relação ao cartão de crédito esteja próxima de chegar em alguma solução. O setor bancário tem tentado propor algumas soluções que visam substituir a ideia anterior de um teto nos juros do cartão. O crédito rotativo já encerrava em um mês conforme regra já existente do Bacen e com o proposto fim do rotativo, o prazo de um mês cairia para zero, colocando o cliente automaticamente no crédito parcelado, que tem taxas menores que o rotativo. Os impactos podem ser amenizados sendo este o caso, já que boa parte da renda com crédito é no parcelado e não no rotativo. Seguimos cautelosos em relação a pressão regulatória sobre o setor.
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