Crescimento orgânico e foco na redução de alavancagem
A Hypera reportou seus resultados do 1T22, levemente acima do que esperávamos. Mesmo com um crescimento relevante do varejo farmacêutico no 1T22 (15,2%), a empresa cresceu 6,3 p.p. acima do mercado, com um crescimento orgânico de sell-out de 21,5%. Vale destacar que este é o sexto trimestre consecutivo que a empresa obteve um crescimento orgânico do sell-out acima do mercado, indicando que as estratégias de crescimento da Companhia têm se mostrado eficazes. Os resultados do 1T22, assim como dos últimos trimestres, refletem os ganhos de sinergia dos portfólios de medicamentos adquiridos da Takeda e da Sanofi, além da aquisição da família Buscopan e da Bioage. Este processo de captura de sinergias está sendo feito através da unificação das equipes de venda e marketing, aumento do canal de distribuição e, principalmente, da internalização da produção (por meio da transferência da produção para a fábrica de Anápolis). Estamos atualizando nossas estimativas considerando o cenário macroeconômico brasileiro, portanto nossa recomendação e preço-alvo estão em revisão.
A Companhia reportou receita líquida de R$ 1.709 mm no 1T22 (+28,4% a/a), abaixo de nossas expectativas. O crescimento das vendas foi impulsionado pela integração do portfólio de medicamentos adquirido da Takeda e da família Buscopan e do crescimento orgânico do sell-out no período, que por sua vez, foi impulsionado pelo crescimento em Produtos de Prescrição, Consumer Health e Genéricos/Similares. A receita líquida do portfólio de medicamentos ex-aquisições cresceu 15,2%.
O lucro bruto do trimestre chegou a R$ 939 mm (+24,8% a/a) com margem bruta de 62,9%, impactada negativamente pela desvalorização do Real frente ao Dólar e inflação alta no período. Com o objetivo de se proteger da volatilidade cambial, a Companhia realizou operações com derivativos (hedge) para a compra de insumos indexados ao Dólar estimados para 2022.
No 1T22, as despesas com marketing atingiram R$ 233 mm (+8,6% a/a) e as despesas com vendas chegaram a R$ 184 mm (+21,3% a/a). Apesar do crescimento nominal, ambas reduziram sua participação na receita líquida, chegando a 15,6% (-2,7 p.p. a/a) e 12,3% (-0,6 p.p. a/a), respectivamente. Isso se deu sobretudo pela captura de sinergias de integração das marcas adquiridas da Takeda e da família Buscopan. Com isso, o EBITDA ajustado foi de R$507 mm (+39,7% a/a) e margem EBITDA ajustada de 33,9% (+3,0 p.p. vs. 1T21).
O lucro líquido ajustado chegou a R$ 350 mm (+13,7% a/a), 12,7% acima de nossas projeções, com margem líquida ajustada de 23,4% (-2,9 p.p. vs. 1T21 e +1,3 p.p. vs. Inter Research), impactados por um aumento expressivo no resultado financeiro (+320% a/a) decorrente do aumento da alavancagem da Companhia e pelo aumento das taxas de juros.
O fluxo de caixa operacional alcançou R$ 312 mm no 4T22, com um aumento de 106% contra o 1T21. Já a geração livre de caixa foi negativa em R$ 548 mm, consequência principalmente do pagamento das marcas da Sanofi. Em relação ao endividamento, a Hypera encerrou 2021 com uma dívida líquida de R$ 6.709 mm, o que corresponde a 3x o EBITDA (LTM).
Por fim, acreditamos que a empresa esteja bem posicionada para crescer e capturar share orgânicamente ao longo dos próximos anos. Vemos que os investimentos em P&D tem se mostrado eficazes, com o Índice de Inovação (percentual da receita líquida proveniente dos produtos lançados nos últimos 5 anos) chegando a 21% no 1T22. As perspectivas são boas, com o maior ponto de atenção sendo o crescimento da dívida, que foi endereçado pelo management ao destacarem que um dos maiores focos para os próximos anos é a redução da alavancagem, e que a empresa no momento não tem novas aquisições no pipeline.
Sobre a empresa
A Hypera atua em três grandes unidades de negócios, sendo eles: Produtos de Prescrição, Consumer Health (OTC) e Similares/Genéricos, sendo dona de diversas marcas top of mind do mercado brasileiro como Benegrip, Estomazil, Neosoro, Alivium, Epocler, Engov, Neosaldina, Buscopan e Neo Química.