Nova líder da indústria farmacêutica
Ontem (01/09) estivemos no evento anual da Hypera, o HypeDay, no qual tivemos a oportunidade de ouvir o management apresentar a situação atual da companhia, discorrendo sobre as principais unidades de negócio e suas respectivas vantagens competitivas, inovações de sucesso dos últimos anos e o que esperam para os próximos, além de explorar as oportunidades advindas da penetração no mercado institucional. Ainda, a companhia destacou a qualidade do management, que tem um tempo médio de experiência na indústria farmacêutica de 16 anos e tempo médio de Hypera de 8 anos.
Seguimos otimistas com os próximos resultados operacionais da companhia, que devem ser sustentados pelos lançamentos dos últimos anos, bom desempenho dos portfólios adquiridos e penetração do mercado institucional. A boa performance operacional e perspectivas futuras têm refletido no preço da ação, que atingiu o nosso preço-alvo de R$ 42,00. Portanto, colocamos a nossa recomendação em revisão para incorporar novas premissas, atualizar o cenário macroeconômico e ajustar o preço-alvo para o final de 2023 (YE23).
Líder do varejo farmacêutico. A Hypera alcançou a posição de liderança no varejo farmacêutico brasileiro (YTD 2022), com um portfólio de mais de 300 marcas e 20 Power Brands (marcas com + R$ 100 mm de sell-out). A companhia aproveitou para reiterar o cumprimento do guidance de 2022: (i) Receita Líquida de R$ 7.400 mm; (ii) EBITDA ajustado de R$ 2.650 mm; e (iii) Lucro líquido de R$ 1.700 mm.
Inovação. Através da Hynova, centro de pesquisa criado em 2017, foram desenvolvidos e lançados mais de 400 novos produtos desde 2018 (serão mais de 100 apenas em 2022), além dos 450 novos produtos no pipeline para lançamento nos próximos anos. A receita líquida dos lançamentos feitos desde 2018 acumula R$ 1.544 mm, com destaque para os produtos Engov After, Colflex, Ofolato e Vabam (lançado rapidamente após quebra da patente da rivaroxabana). Ainda, a Hypera também possui um pipeline de investimento em startups, com 5 já adquiridas e 3 desenvolvidas dentro de casa.
Branding & Foco em Marketing: Cafehyna e Lumina. Os gastos com marketing são um foco e representam a principal despesa da companhia. A Cafehyna, hub de comunicação integrada da Hypera, foi criada para conectar criatividade, dados e digital. É uma agência de marketing “dentro de casa” que negocia diretamente os contratos com televisões e artistas. Lumina é um centro de pesquisa próprio, criado para escutar tanto o cliente final quanto o médico e o balconista, e gera insights e informações que agregam na tomada de decisão da companhia.
M&A. A Hypera foi muito bem sucedida em suas últimas aquisições (portfólios da Takeda, Sanofi, família Buscopan e Bioage), que têm contribuído positivamente para ganhos de escala e margens da companhia. Apesar disso, o CEO Breno Oliveira ressaltou que atualmente os esforços da companhia não estão concentrados em novas aquisições, mas sim nas integrações das operações e desalavancagem por meio de geração de caixa.
Mercado Institucional. O mercado institucional (venda direta para hospitais) brasileiro, segundo o IQVIA, movimenta R$ 59 bi/ano e tem crescimento superior ao mercado farmacêutico total. A Hypera, que ainda explora muito pouco este segmento, pretende ser relevante nos canais público (35%) e privado (65%). Hoje a companhia possui 57 colaboradores dedicados ao institucional, e já foram investidos R$ 400 mm (R$ 150 mm apenas em 2022) em P&D e na Planta Piloto e Fabril. A empresa estima que o mercado endereçável gira em torno de R$ 15 bi e planeja um portfólio composto por mais de 70 produtos que deve agregar R$ 1,4 bi em vendas até 2028, representando 10-15% do faturamento total da Hypera.
Opinião do analista. A soma dos fatores elencados acima tem contribuído para o ganho orgânico de market share nos últimos 7 trimestres. Destacamos que os investimentos em P&D têm se mostrado eficazes, com o Índice de Inovação (percentual da receita proveniente dos produtos lançados nos últimos 5 anos) chegando a 27% no 2T22. Em nossa visão, acreditamos que a empresa esteja bem posicionada para crescer e capturar share organicamente ao longo dos próximos anos, principalmente pela entrada no mercado institucional, em que os produtos possuem maior valor agregado e existe uma maior barreira de entrada à novos competidores. O maior ponto de atenção é o alto nível de dívida, que foi endereçado pelo management ao destacarem que um dos maiores focos para os próximos trimestres é a desalavancagem, para que em seguida possam retomar o crescimento inorgânico via aquisições.