Pão de açúcar com gosto amargo, mas Êxito segue bem
O GPA divulgou resultados mistos no 2T22. A Companhia enfrenta dificuldades no repasse da inflação alimentar para os consumidores do GPA Brasil. A desmobilização das 60 lojas Extra e das drogarias colocou o GPA Brasil em um novo patamar de receita e margens. Já o Grupo Êxito repete ótima performance em receita e eficiência operacional. Em nossa visão, a Companhia precisa focar na evolução do faturamento e da rentabilidade. Espera-se, ainda, o ajuste mais ágil na ruptura de produtos, dada a alteração na malha logística, bem como do modelo de multicanalidade. Mantemos nossa recomendação de compra, com preço alvo de R$ 30 e reforçamos que a participação na Cnova e Grupo Êxito estão subprecificadas pelo mercado.
No 2T22, a receita líquida consolidada da Companhia atingiu R$ 10,1 bi (+9,3% a/a e -1,6% vs nossas estimativas). A performance do GPA Brasil em receita líquida (pós Extra) foi de R$ 4,2 bi no período (+5,2% a/a), já as vendas em mesmas lojas (SSS) foi +5% em relação a mesma base do ano passado. A margem bruta do GPA Brasil alcançou 26,3% no 2T22 (-1,3 p.p. a/a), dada a dificuldade de repasse da inflação alimentar persistente. Já o Grupo Éxito atingiu vendas líquidas de R$ 5,9 bi (+12,4% a/a), com SSS de +28% no a/a. Na operação de Colômbia, Uruguai e Argentina, a margem bruta foi de 25,2% no trimestre (+0,3 p.p. a/a) em linha com o último ano. Equilibrada pelos desafios da operação brasileira com a maior resiliência da operação hispânica, a margem bruta consolidada foi de 25,8% (-0,4 p.p. a/a).
As despesas operacionais foram mistas, após a nova estrutura administrativa da Companhia. No GPA Brasil, houve aumento nominal do SG&A, acompanhado de menor efeito de diluição da receita líquida (-1,7% a/a), mesmo após o fechamento do formatos de hipermercados, que exigem da Companhia menos despesas com marketing e pessoal. O GPA Brasil sente os impactos da desalavancagem operacional e do cenário macro desafiador. Já no Grupo Êxito, o crescimento das despesas com SG&A (+10,6% a/a) seguiu abaixo da evolução nas vendas, melhorando a diluição (-0,3 p.p. a/a).
No 2T22, o GPA Brasil apresentou margem EBITDA de 7,8% (-2,7 p.p. a/a) devido a desalavancagem operacional e baixo crescimento das vendas. Na operação hispânica, a margem EBITDA teve melhora, totalizando 7,9% (+0,8 p.p. a/a), refletindo as eficiências operacionais em todas as unidades de negócios que favoreceram o crescimento das despesas abaixo da evolução das vendas. No consolidado, a margem EBITDA foi de 7,0% foi em linha com as nossas expectativas (-1,4 p.p. a/a e +0,0 p.p. Inter Research).
A dívida líquida incluindo o saldo de recebíveis no GPA consolidado permanece estável, em R$ -4,5 bilhões ao final do trimestre, comparado ao 2T21. O GPA apresenta relação dívida líquida/EBITDA Ajustado de -1,9x. Considerando uma visão pro forma incluindo as parcelas a receber do Assaí até janeiro de 2024, a relação dívida líquida/EBITDA Ajustado é de 0,7x.
Estratégia ESG: A Companhia divulgou dados referentes ao combate às mudanças climáticas, promoção a diversidade, gestão integrada e transparente e evolução no programa zero desnutrição.