Macroeconomia


Global Markets | Temporada 3T22 | Bancos

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Gabriela Joubert

Publicado 18/out10 min de leitura

Resultados dos Big Six

A temporada de resultados do 3T22 nos Estados Unidos teve início na última sexta-feira com os principais bancos iniciando a divulgação de balanços e, em maioria, batendo as expectativas de mercado, o que levou a um rally nos últimos dias em Wall Street. No geral, vimos contração nos lucros das instituições financeiras impactados por: (i) receitas menores advindas dos negócios de Investimentos, com mercado perdendo apetite por operações de M&A e emissões, principalmente após os níveis recordes do ano passado, (ii) maiores provisões diante da expectativa de um cenário de crédito mais apertado e provável aumento da inadimplência para os próximos meses.

Com exceção do Morgan Stanley, todos os bancos superaram as receitas na comparação anual e reportaram lucros acima das expectativas, apesar da contração esperada ante o observado no 3T21.

Fonte: Inter Research, Bloomberg

No entanto, a queda esperada nos lucros foi minimizada pelo aumento do spread bancário em razão dos juros mais elevados e ritmo ainda forte de movimentações bancárias nos segmentos varejo e comercial. Apesar das expectativas mais conservadoras para os próximos meses, os resultados dos bancos antecipam uma temporada de balanços melhor que o esperado para as companhias, ao menos no curto prazo.

JP Morgan – (JPM/JPMC34)

O JP Morgan abriu a temporada de balanços trazendo números acima das expectativas de mercado, apesar da queda de 17% a/a no lucro líquido. As taxas de juros mais elevadas impulsionaram as receitas financeiras, parcialmente compensando a queda observada no segmento de investimentos, com menores emissões e desaquecimentos nas operações de M&A no período, bem como as maiores provisões por conta de provável avanço da inadimplência nos próximos meses. As receitas consolidadas avançaram 9% a/a, para US$ 32,21 bi, impulsionada por um aumento de 22% nas receitas de operações de renda fixa, enquanto vimos as receitas de mercado de capitais encolher 43% a/a, para US$ 1,7 bi. Os clientes mantiveram o ritmo de compras e utilização de cartões, bem como as operações dos segmentos comerciais continuaram em nível confortável no trimestre, contribuindo para receitas de tarifas elevadas no segmento. Com isso, o banco reportou um lucro líquido de US$ 9,13 bi, 19% menor a/a, mas um LPA de US$ 3,14, acima das expectativas do mercado de US$ 2,88.

Bank of America – (BAC/BOAC34)

O banco reportou uma queda de 9% nos lucros quando comparado ao 3T21, ficando melhor que as expectativas do mercado, com seus resultados sendo beneficiados pelo NII impulsionado por juros mais elevados, parcialmente compensando a retração das receitas de investimentos, que recuaram 46% a/a. Com grande capilaridade, extensa presença em território nacional e maior base de clientes dentre os principais bancos do país, seus resultados tendem a ser mais sensíveis as oscilações nas taxas de juros, fazendo com que suas receitas com juros avançassem 24% no trimestre. Os clientes seguiram gastando e utilizando o cartão de crédito, bem como avançaram na contratação de empréstimos de curto prazo, mas mantiveram o ritmo de pagamentos inalterado, fazendo com que a inadimplência se mantivesse em nível confortável. No entanto, o banco elevou suas provisões em US$ 378 mm, já antecipando um cenário mais desafiador a frente. No consolidado, as receitas líquidas de despesas financeiras, avançaram 8%, totalizando US$ 24,5 bi, refletindo um balanço ainda robusto, receitas financeiras avançando e um aumento de 9% em receitas com cartão de crédito. O lucro líquido fechou em US$ 6,6 bi, 10% abaixo do observado no 3T21, levando a um LPA de US$ 0,81, queda de 6% a/a, porém acima das expectativas de US$ 0,77.

Goldman Sachs (GS/GSGI34)

Os resultados do 3T22 do Goldman Sachs vieram acompanhados de um plano de reestruturação anunciado pelo banco, muito aguardado e bem recebido pelo mercado. A instituição deve redistribuir seus negócios em três principais frentes, sendo elas (i) Wealth Management e Gestão de Ativos, (ii) Bancos e Mercados Financeiros Globais e (iii) Plataforma de Soluções. A nova estrutura incorpora os negócios de varejo do Banco – Marcus – que vem decepcionando, dentro do primeiro pilar. De acordo com o CEO da instituição, David Solomon, o banco está dando o próximo passo em sua evolução estratégica, após ter visto o que está e não está funcionando. As mudanças já terão início neste trimestre e mais detalhes serão divulgados no Investor Day, em 28 de fevereiro. A receita total ficou em US$ 11,97 bi e 1% maior a/a, refletindo queda de 57% a/a nas receitas de investimentos, com a forte redução de emissões e operações de M&A, mas aumento de 18% nas receitas de Wealth Management e varejo, com avanço em linhas de crédito e taxa de administração de ativos. A receita com corretagem também superou as expectativas, com volumes maiores em razão da maior volatilidade observada no período. O bottom-line totalizou US$ 3,1 bi, com um LPA de US$ 8,67, 42% menor a/a, mas acima das expectativas de US$ 7,69.

Morgan Stanley (MS/MSBR34)

O Morgan foi o único banco a decepcionar no trimestre, ficando levemente abaixo das expectativas do mercado, com números reportados afetados por forte recuo nas receitas de investimentos. O braço de Investment Banking da instituição foi fortemente impactado por contração nas receitas tanto de administração de ativos quanto de corretagem. As receitas de M&A recuaram 63% no trimestre, seguindo o movimento observado desde o início do ano, prejudicada pelo custo mais elevado e cenário mais desafiador. Com isso, o banco anunciou plano de controle estrito de custos e despesas e possíveis demissões para fazer frente aos percalços esperados nos próximos meses. As receitas totalizaram US$ 13 bi, recuando 12% a/a (-1% t/t), e ficando abaixo do consenso, que esperava um total de US$ 13,3 bi. O lucro líquido fechou em US$ 2,58 bi, recuo de 30% ante o 3T21 (+4% t/t), levando a um LPA de US$ 1,53. O LPA ajustado totalizou US$ 1,47, em linha com as expectativas de US$ 1,49.

Citigroup (C/CTGP34)

Os resultados do 3T22 do Citigroup superaram as estimativas do consenso com o braço de crédito compensando as perdas observadas em demais unidades de negócios do banco, conforme os juros mais elevados impulsionaram as receitas financeiras. O lucro financeiro do banco avançou 18%, totalizando US$ 12,6 bi. Na contramão, as receitas com Investimentos recuaram 64% a/a, para US$ 631 mm, após os resultados recordes no 3T21 com melhor desempenho trimestral em M&A em uma década. Observou-se também uma queda de 24% nas receitas com corretagem de ações e operações de renda fixa. Mesmo assim, as receitas consolidadas totalizaram US$ 18,5 bi, 9% maior que o reportado no 3T21 e 9% maior que as estimativas. O lucro líquido, por sua vez, fechou em US$ 3,18 bi, derivando em um LPA de US$ 1,63, 22% menor a/a, mas acima das expectativas de US$ 1,42.

Wells Fargo (WFC/WFCO34)

Com reconhecimento de custos mais elevados por conta de processo fraudulento sobre o escândalo de contas falsas ocorrido há seis anos, além do aumento do volume de provisões por conta dos riscos presentes no cenário atual, o Wells Fargo reportou um lucro líquido 35% menor a/a, em US$ 3,25 bi. Apesar disso, vimos as receitas da instituição totalizarem US$ 19,5 bi, um incremento de 4% a/a, beneficiadas pelo avanço de 36% nas receitas com juros e maiores volumes de empréstimos. De acordo com o banco, a saúde financeira dos clientes continua boa, com operações de cartões crescendo, sem que a inadimplência saísse do controle no período. Contudo, as projeções para o restante do ano mostram um cenário mais adverso, fazendo jus ao incremento de provisões reportado. O LPA ajustado fechou, assim, em US$ 1,30, enquanto as expectativas previam um valor de US$ 1,09.


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