Macroeconomia


Global Markets Ed.20.22

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Gabriela Joubert

Publicado 20/set5 min de leitura

Super semana de Bancos Centrais

A semana deu continuidade ao sentimento de aversão ao risco da semana passada, especialmente após o Banco Mundial e o FMI reafirmarem expectativas mais conservadoras quanto ao crescimento da economia global, em razão do avanço de politicas monetárias mais contracionistas nas principais economias globais. Esta semana, diversos bancos centrais anunciam suas decisões sobre taxa de juros locais e mercados caminham para um novo cenário de juros mais elevados e custos mais altos de dívida, o que deve refletir em resultados financeiros menos favoráveis às companhias, em especial as mais alavancadas, levando a retração de lucros projetados.

Com o mundo em modo contracionista, os índices globais engatam perdas, após décadas de crescimento dos preços dos ativos. Estamos adentrando momento de ajustes na política monetária global, revertendo ciclo de juros negativos ocasionados pela pandemia. Enquanto isso, incertezas prevalecem e cautela é necessária para seguir navegando em águas conturbadas.

Confira na edição desta semana!

América: semana de Fomc.

Antecipando um provável aumento de 75 bps na taxa básica de juros norte-americana, além da possibilidade de juros mais altos por período mais prolongado, mercados retomam o modo risk-on e voltam a penalizar ativos de risco, em especial as companhias de growth e de tecnologia. O yield do Treasury de 10 anos bateu 3,56% esta semana, maior nível desde novembro de 2011. Mercados agora precificam a possibilidade, inclusive, de um aumento de 100 bps na próxima reunião do Fomc, mas a maior probabilidade seriam mesmo novos consecutivos aumentos nos juros, levando a uma taxa terminal de 4%. No campo corporativo, nesta semana, a maior empresa de logística do mundo, FedEx, trouxe preocupação adicional aos mercados ao revisar para baixo suas expectativas quanto à demanda global para o resto do ano, após números decepcionantes de faturamento em agosto. As ações da companhia chegaram a cair cerca de 20%, puxando demais players no setor.

Ainda no rol de notícias ruins, a Ford, uma das maiores empresas do setor automotivo do mundo, anunciou que espera maiores impactos inflacionários por mais tempo em seus resultados, além de atraso de entregas por falta de peças e equipamentos na cadeia, o que fez com que suas ações também caíssem mais de 8% no pregão.

Ásia: na contramão dos juros.

Em movimento contrário às demais autoridades monetárias globais, a China manteve suas taxas de empréstimos inalteradas, em mais uma tentativa de estimular sua economia que lida com pressões internas e externas. O custo da dívida de médio prazo, importante antecedente da taxa de longo prazo, já antecipava este movimento do Banco Central chinês e, na semana passada, os bancos no país reduziram suas taxas de depósito visando aliviar parcialmente as pressões nas margens. Contudo, a manutenção dos juros tem seu preço e ele é cobrado em yuans. Desde o meio de agosto, a moeda chinesa já perdeu mais de 4% de seu valor ante o dólar americano, quebrando a barreira psicológica dos sete dólares e limitando a atuação da política monetária na região.

Com a atual situação econômica do país, em meio a crise no setor imobiliário, escassez de energia, queda de confiança, algumas casas já apostam em possível corte de juros no quarto trimestre deste ano, caso a economia não apresente sinais sólidos de recuperação.

Europa: Bancos Centrais em ação.

Depois do BCE ter elevado os juros em 75 bps na semana passada, esta semana diversos bancos centrais na região são aguardados sobre decisão de suas políticas monetárias, especialmente após o Banco Central da Suécia ter anunciado um aumento de 1 p.p. em sua taxa básica de juros e sinalizar mais contração para os próximos seis meses, surpreendendo os mercados. Com isso, esperam-se novos aumentos agressivos de outras autoridades monetárias, incluindo o FED na quarta-feira e o BoE (Banco Central da Inglaterra) na quinta-feira, com 75 bps cada.

IPO da Porsche: após anúncio da Volkswagen sobre abertura de capital de sua subsidiária dona da marca Porsche – de veículos esportivos de luxo – as ações caminharam de lado, com investidores ainda processando os prós e contras da proposta, apesar do bom apetite apresentado pelos papéis. Com a operação, que poderia ser o terceiro maior IPO da Europa, a Volks espera que a Porsche seja avaliada com base em seu forte track record de entregas e margens mais elevadas que seus pares, vindo a ser precificada entre EUR 70 – EUR 75 bi, abaixo das estimativas de mercado, mas acima de BMW, com valor de mercado de EUR 49 bi, e Mercedes-Benz, avaliada em EUR 61 bi. Além disso, chama atenção a expectativa de pagamento de dividendos já este ano para os detentores do papel. No lado negativo, o mercado questiona a fatia de apenas 25% destinada ao IPO e o fato de serem ações preferenciais, sem direito a voto. Ainda, dentre os riscos mapeados, destacam-se a crise energética que a Europa enfrenta, além das dificuldades de abastecimento na cadeia de suprimentos. O prazo para a oferta será do dia 20 ao dia 28/09 para investidores privados na Alemanha, Áustria, Suíça, França, Itália e Espanha.

Flashing Forward

Na semana, os mercados estão de olho na decisão do FED para o intervalo da taxa de juros americana que, por sua vez, deve apresentar uma medida mais “hawkish”, elevando a taxa de 2,25% - 2,5% para 3,0% - 3,25%. No ramo imobiliário, haverá a divulgação da Construção de Novas Casas, Alvarás Concedidos, Aplicação para Novas Hipotecas e Vendas de Casas Usadas na economia americana. Além disso, teremos a divulgação de importantes indicadores da atividade na Zona do Euro e nos Estados Unidos, como, o PMI Manufatura e PMI Serviços.

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