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Gabriela Joubert

Publicado 10/jan5 min de leitura

De volta aos eixos?

O início do ano trouxe mudanças no humor dos mercados externos, em razão dos dados melhores que as expectativas em todos os níveis, desde a reabertura na China, como possível recessão mais branda que o antecipado na Europa, além de dados de atividade nos Estados Unidos dando sinais de arrefecimento, contribuindo para expectativas de um aperto monetário mais brando pelo FED.

Na primeira edição de 2023, trazemos um olhar mais otimista, apesar de mantida a devida cautela, enquanto mercados apontam para melhores ventos, sinalizando que o pior talvez já tenha ficado para trás, mas ainda atentos às incertezas que pairam no horizonte. O sentimento mais positivo, juntamente com a suavização das expectativas de juros mais elevados contribuem para a retomada do apetite por risco e os índices globais iniciam o ano em alta.

Na Ásia, as bolsas tiveram semana de forte recuperação, seguindo o processo de reabertura na China, novos estímulos econômicos e o movimento de antecipação ao Ano Novo Chinês. Destaque para o Nikkei, que avançou mais de 6%, retomando boa parte das perdas do último mês de 2022. Na Europa, bolsas também entraram em rota altista, refletindo o otimismo que tomou conta dos mercados após dados de inflação e índices de atividade melhores que o esperado.

Nesta semana, olhos estão voltados para mais dados de atividade, mas principalmente para dados de inflação, medido pelo CPI, nos Estados Unidos, uma vez que o ritmo de alta dos preços terá grande influência nas próximas decisões do FED sobre os juros na maior economia do mundo.

Confira na edição desta semana!

América: toda a atenção à inflação e ao FED

Os dados de mercado de trabalho ainda mostram uma economia aquecida, apesar dos sinais de desaceleração que outros indicadores já antecipam. O início do ano seguiu sob cautela, com direito a rali, refletindo bom-humor após uma releitura da ata do FED mostrar que a instituição deverá atentar mais para inflação e menos para demais indicadores. Nesse sentido, mesmo com um payroll ainda acima do esperado, trazendo criação de 223 mil novas vagas versus 200 mil esperadas, mas mostrando desaceleração mês a mês, agentes passam a precificar um aumento de 25 bps na próxima reunião da instituição, uma vez que houve desaceleração nos salários médios, importante indicador para o FED (para uma análise completa sobre o mercado de trabalho, leia este relatório). Agora, mercados digerem fala de Powell sobre a necessidade de independência do FED para fazer o seu papel e monitoram dados de inflação, medidos pelo CPI, que saem esta semana.

No campo corporativo, a temporada de balanços tem início nesta sexta-feira (13) com os grandes bancos e já se espera lucros abaixo na comparação anual, em razão da desaceleração econômica e impactos na demanda por crédito no país. Aliás, devemos observar redução nos lucros corporativos para este trimestre e para o ano vis-a-vis o observado em 2022, reflexo de juros mais elevados e despesas financeiras consumindo parte da lucratividade das companhias.

Ásia: processo de reabertura segue a todo vapor e mercado antecipa movimentos.

Janeiro iniciou com retomada do apetite por risco nos mercados asiáticos, seguindo continuidade no processo de reabertura da China e provável recuperação da demanda no país. As bolsas também foram beneficiadas por novos estímulos a importantes setores da economia, como tecnologia e Real Estate. As expectativas do mercado são de que, após o estresse pelo movimento desordenado de reabertura, deveremos ver o país retomando sua rota de crescimento e recuperando sua capacidade produtiva. Os ativos locais seguem descontados diante de outros pares emergentes, o que abre espaço para alta, justificando o movimento mais acelerado de recuperação dos últimos dois meses.

Desde 2020, quando da eclosão da pandemia, a China vem operando em meio a uma política restritiva anti-covid, o que vinha limitando a economia. No entanto, o avanço nos casos de covid ainda preocupa, assim como dados de atividade que seguem abaixo do esperado, como por exemplo o recuo do PMI de dezembro que caiu para 47 pontos de 48 em novembro, mantendo-se em nível contracionista. Neste sentido, mantemos a visão mais cautelosa ante um cenário global de desaceleração, juros elevados e apetite por consumo ainda limitado, o que poderá limitar as importações e exportações do país, importante motor da economia.

Europa: Há luz no fim do túnel.

2023 inicia com ânimos renovados nos mercados europeus, conforme dados de inflação tanto na Alemanha, quanto França e na zona do Euro mostram inflexão e passam a recuar, em reflexo à política contracionista do BCE. Além disso, dados de PMI manufatura mostraram leve avanço em dezembro, subindo para 47,8 pontos ante 47,1 pontos em novembro, mostrando recuperação, apesar do nível ainda contracionista. Os recentes indicadores sinalizam que o pior para o continente já pode ter ficado para trás. Ajudou também a chegada de um inverno menor rigoroso que o esperado no hemisfério norte, o que contribui para aliviar as tensões sobre preços e dinâmicas de oferta e demanda de energia. O nível de confiança do empresário também avançou em dezembro, saindo do nível contracionista de 48,8 pontos no mês anterior para 53,8 pontos.

No aspecto corporativo, além da recuperação dos papéis fortemente afetados pelo início do ciclo de aperto monetário pelos BCs na região, os setores ligados à economia chinesa também despontam, como mineradoras, farmacêuticas e varejo de luxo, empolgados com o movimento de retomada da segunda maior economia do mundo e grande mercado consumidor de produtos europeus.

Flashing Forward:

Na agenda da semana, o foco será para dados de inflação nos Estados Unidos, medido pelo CPI, na quinta-feira, e no qual se espera leve avanço de 0,1%. Mercados monitorarão o indicador a fim de entender os próximos passos do FED. Teremos também novos pedidos de seguro-desemprego e índice de sentimento de Michigan no final da semana, ambos nos Estados Unidos.


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