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Gabriela Joubert

Publicado 13/dez5 min de leitura

Bancos Centrais dando o tom da semana

Em semana de decisões monetárias nas principais economias do mundo, os mercados mantêm a cautela, com certo otimismo elevado pelos sinais de desaceleração da inflação em nível global. Tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, os principais indicadores de preços mostraram recuo em novembro ante outubro, o que deu certo ânimo às bolsas internacionais, na esperança de uma suavização no ciclo de aperto monetário dos Bancos Centrais. Contudo, vale lembrar que mesmo desacelerando, estamos falando de inflação ainda em patamares bem acima dos níveis históricos e do nível idealizado pelos BCs. O cenário ainda é de cautela ante ancoragem de expectativas e efetividade da política monetária contracionista, antes de se falar em reversão de ciclo.

Na semana mercados acompanham, após dados de CPI melhores que o esperado, as decisões do FOMC na quarta e do BCE e BoE na quinta-feira, nas quais unanimemente espera-se alta de 50 bps e um discurso mais ameno para os próximos ciclos.

Confira na edição desta semana!

América: inflação perde força e mercado comemora antes de FOMC.

Os números da inflação ao consumidor (CPI) deram continuidade ao que vimos nos dados da semana passada (PPI) ao mostrarem desaceleração. O CPI teve leve avanço de 0,1% em novembro, somando 7,1% a/a, menor alta em 11 meses, com núcleo também surpreendendo e subindo 6% a/a. Com isso, mercado espera que o FED também desacelere o ritmo de seu aperto monetário, suavizando as altas para os próximos encontros. No entanto, lembramos que o nível inflacionário no país, apesar de em queda, continua bastante elevado e reforçamos as falas de Powell quanto à necessidade de juros mais altos por mais tempo, encarecendo o crédito no país.

Assim, para 2023, devemos ver os resultados financeiros das empresas pressionados por juros mais elevados, em especial as companhias mais alavancadas, impactando os lucros das companhias. Com quase dez anos de mercado operando com P/Ls acima da média de longo prazo, poderemos ter um ano de correção para o S&P500, conforme ancoram-se as expectativas de lucros menores nas projeções do mercado, pressionando os preços dos ativos.

Ásia: otimismo com reabertura abre espaço para incertezas.

Após a euforia de curto prazo com o anúncio das medidas de flexibilização da política anti-covid, mercados entram em modo de cautela diante de incertezas que aumentam sobre o real impacto das medidas na retomada do crescimento econômico do país. Os números de novos casos de covid aumentam a cada dia, contribuindo para os receios e os impactos no processo de reabertura. Ao mesmo tempo, dados de comércio exterior mostraram que a segunda maior economia do mundo exportou e importou muito menos em outubro, apontando que a China não está imune ao cenário de desaceleração global. A produção industrial também surpreendeu negativamente ao avançar 5% em outubro, menos que o esperado; e o mesmo para vendas ao varejo, que recuaram 0,5% no mês.

Mantemos a cautela para a China nos próximos meses, apesar de vermos oportunidades no curto prazo com a volta da mobilidade, potencializando os setores de Turismo, Aéreo e Serviços.

Europa: inflação amenizando, assim como BCs.

Assim como no resto do mundo, a inflação começa a dar sinais de melhora na Europa, o que deve ajudar a amenizar os ânimos dos mercados e dar alívio aos bancos centrais da região, diante do dilema de aumentar os juros para conter o aumento de preços e levar uma economia já prejudicada por um cenário desafiador à recessão. Esta semana, mercados acompanham as decisões do Banco Central Europeu (BCE) e do Banco Central da Inglaterra (BoE) e espera-se que ambos elevem suas taxas de juros em 0,5 p.p..

O aumento sugere desaceleração, mas vemos este como um dos ciclos mais agressivos do BCE nos últimos ciclos de alta dos juros, que levou a um aumento de 200 bps em menos de três meses. O início tardio do processo de aperto monetário, quando já se questionava que as pressões da inflação não seriam passageiras, forçou o BC a atuar com mais agressividade, gerando crises que se somavam a outros choques na região, como a Guerra na Ucrânia. O resultado, além do crédito mais caro e confiança deteriorada, será a inevitável recessão que o continente adentra.

Flashing Forward

Os olhares da semana estão na decisão do Fed para Intervalo da Taxa de Juros, que de acordo com a estimava de mercado, deve ter um tom mais hawkish, subindo para o intervalo de 4,25%-4,5%. Além da taxa de juros americana, também teremos a decisão da taxa na Zona do Euro concomitante a taxa Chinesa, que devem apresentar uma elevação de 0,5 p.p se elevando para 2,5%. Na atividade, os Estados Unidos junto com a União Europeia irão anunciar o PMI Manufatura e PMI Serviços, com a expectativa de elevação na América e estabilidade na Europa. Por fim, a China divulgará os indicadores de Produção Industrial A/A e Vendas no Varejo M/M, ambos com expectativa de desaceleração.


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