Macroeconomia


EZTec | Resultado 1T22

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Gustavo Caetano

Publicado 13/mai5 min de leitura

Serenidade em meio à tempestade

Com dinamismo na receita e maior pressão nos custos, a Eztec divulgou ontem (12/05/22) dados operacionais e financeiros novamente mistos. Apesar da maior robustez observada no reconhecimento de receitas, a companhia entregou nesse trimestre margens mais deterioradas, bem como maior nível de distratos frente ao esperado. Dito isso, reiteramos nossa recomendação neutra para os papeis de EZTC3, com preço-alvo em R$ 21/ação para o final de 2022.

Indicadores operacionais. No 1T22, A Eztec promoveu o lançamento de três empreendimentos que, em conjunto com a entrada no empreendimento Villa Nova Fazendinha, totalizaram um VGV de R$ 489 mm, em linha com o esperado e marginalmente estável (-2% R/E e 0% t/t).

Apesar das vendas brutas em linha, em virtude de um número maior observado no volume de distratos (R$ 48 mm), a companhia encerrou o trimestre com vendas líquidas 10% abaixo das nossas estimativas, de R$ 303 mm (-17% t/t e +29% a/a). Como resultado, a Eztec entregou no período uma velocidade de vendas (VSO) de 9% (-1 p.p. R/E), desaceleração de 2 p.p. frente o trimestre anterior.

Embora as vendas tenham vindo um pouco abaixo devido aos distratos, ressaltamos que a Eztec continua com a diminuição progressiva do seu estoque, com baixo percentual em unidades performadas e com alta concentração na zona sul de São Paulo, o que enxergamos como positivo e demonstra a execução exitosa da companhia na seleção minuciosa dos empreendimentos a serem lançados em meio a um cenário de juros e inflação desafiador.

No próximo trimestre, a construtora espera realizar o lançamento de três novos projetos com VGV próximo de R$ 800 mm, o que sinaliza uma aceleração na atividade da companhia e eleva nossas expectativas de lançamentos para o ano.

Desempenho Financeiro. Diante de um ritmo mais forte de avanço nas obras e maior giro do estoque performado, a companhia reportou no 1T22 uma receita líquida de R$ 289 mm (+63% t/t e +47% a/a), valor 28% superior às nossas projeções. Por outro lado, o forte número apresentado nas receitas foi parcialmente compensado por uma deterioração mais forte nos custos de construção, que levou a margem bruta da companhia para os 39% (-4 p.p. t/t e -3 p.p. a/a) – apesar da sua manutenção em níveis robustos e acima de seus peers – levando a companhia a um lucro bruto de R$ 113 mm (+18% R/E).

Enquanto os sólidos resultados das SPEs contribuíram positivamente na linha de equivalência patrimonial, a Eztec apresentou demonstrou maior pressão que o esperado nas despesas SG&A, o que gerou um EBITDA estimado de R$ 79 mm (+15% R/E e +52% t/t), bem como uma margem EBITDA de 28% (-3 p.p. R/E e -4 p.p. t/t).

Com isso, enxergamos uma inflexão de tendência no desempenho operacional da companhia, que abriu mão parcialmente da eficiência para um maior volume nos resultados, cujo equilíbrio pode ser um caminho para ganhos de rentabilidade. Com peso relevante da carteira de recebíveis (alienação fiduciária), a companhia alcançou uma receita financeira líquida de R$ 41 mm no trimestre, o que impulsionou seu lucro líquido para os R$ 105 mm (+44% t/t e a/a; +27% R/E).

Múltiplos, Dividendos e emissão de Debêntures. Mesmo diante do macro desafiador, especialmente para a Eztec que atua no segmento de média renda, a companhia vem entregando níveis de rentabilidade sólidos concomitante a múltiplos atrativos, com destaque para seu ROE anualizado de 10,7% e preço/valor patrimonial de 0,8x. Nos resultados, a companhia também divulgou a distribuição de dividendos intercalares na ordem de R$ 25 mm (R$ 0,11/ação), bem como a aprovação da emissão de R$ 300 mm para uma robustez ainda maior do caixa.


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