Novas operações ainda não apresentam eficiência desejada
A Equatorial apresentou, nesta quarta-feira (10), resultados abaixo de nossas expectativas para o 2T22. A companhia apresentou crescimento robusto de sua receita, resultante de suas recentes expansões e aquisições, em conjunto com um bom desempenho de suas distribuidoras e de seu portfólio de transmissão, que agora está 100% operacional. Apesar disso, a Echoenergia apresentou um desempenho neutro, mesmo com o início operacional de um novo complexo, que foi penalizado pela menor disponibilidade de ventos no período. Com os novos ativos em operação, a companhia apresentou uma maior pressão de custos, e maior reconhecimento de dívidas, levando a um forte aumento das despesas financeiras que, ajustado a fatores não-recorrentes e cambiais, proporcionou um lucro líquido ajustado de R$ 397 mm.
Com os papéis da companhia próximos do nosso preço-alvo de R$ 26/ação, deixando assim pouca margem para upside, mantemos nossa recomendação para o papel em Neutra, com preço-alvo inalterado para dez/2022.
Desempenho operacional. A companhia apresentou um volume de energia distribuído, ao final do período, de 8.354 GWh, em conjunto com um volume gerado de 843 GWh (+2,3% a/a e +0,2% a/a, respectivamente). A sua base de clientes no período foi de 10,1 milhões, ante os 9,8 milhões reportados no 2T21. O melhor desempenho em distribuição foi resultado de melhoras nos estados do Pará (+5,9%), Maranhão (+5,2%) e Alagoas (3,8%). Essas melhoras são justificadas pelo bom desempenho do setor industrial, e principalmente do comercial, ao longo do trimestre. Em geração, apesar de o 2T22 já contar com a entrada do complexo Serra do Mel 2, com os parques Echo 8, 9 e 10, contribuindo com 135 GWh gerados a mais, o volume total ficou em linha graças à performance abaixo do esperado nos complexos Ventos de Tianguá, São Clemente e de Echo 1 a Echo 7, em razão da menor disponibilidade e velocidade de ventos.
Receita operacional líquida. Excluindo receitas de construção, a receita operacional líquida da companhia foi de R$ 5,4 bi (+4,2% a/a e -1% vs. Inter Research). Essa variação leva em conta a consolidação do resultado de suas novas aquisições CEEE-D, CEA e Echoenergia, que não estavam presentes no 2T21. Além do bom desempenho de suas distribuidoras, a partir do 2T21 também foi registrada a entrada operacional de suas últimas linhas de transmissão.
Custos totais e despesas operacionais. Ao final do período, o PMSO reportado pela companhia foi de R$ 811 mm, 84% superior ao do 2T21, variação decorrente da entrada operacional de novas operações de distribuição, renováveis e transmissão, levando a gastos adicionais com pessoal, materiais e serviços de terceiros. Além disso, somando os provisionamentos e novas depreciações, os gastos totais registraram um valor de R$ 1,3 bi, (+83% a/a).
Resultados operacionais. Com a expansão de sua base de ativos, o EBITDA regulatório reportado pela companhia, ajustado via exclusão de efeitos não-caixa, foi de R$ 1,5 bi (+32,6% a/a). Seguindo os parâmetros de nossas projeções, excluindo os resultados dos ativos CEA e Echoenergia, o EBITDA apresentado pela companhia foi de R$ 1,38 bi (+13% a/a e -15% vs. Inter Research), com a pressão de custos pesando neste trimestre, e esperamos normalização para os próximos períodos.
Resultado Financeiro. O resultado financeiro apresentado pela Equatorial foi de -R$ 1,1 bi, ante os -R$ 310 mm reportados no 2T21, justificado principalmente por: (i) maior volume de dívida contratada ao final do trimestre; (ii) alta de inflação de juros no período; (iii) reconhecimento de despesas financeiras referentes aos novos ativos de transmissão operantes. Entretanto, este resultado leva em conta um fator não recorrente com a devolução integral do crédito da exclusão do ICMS sobre a base de cálculo de PIS/COFINS, que acrescentou -R$ 310 mm nas despesas financeiras. Sem este fator, o resultado financeiro ajustado teria sido negativo em R$ 727 mm. Sendo assim, o resultado líquido apresentado pela companhia foi um prejuízo de R$ 170 mm. Ajustando pelos fatores financeiros não-recorrentes e pela variação cambial, além do alinhamento com o nosso modelo (ex-CEA e Echoenergia) o lucro líquido ajustado foi de R$ 397 mm (-25% a/a e -5% vs. Inter Research).
Dívida e investimentos. Ao final do trimestre, o endividamento líquido da companhia somou R$ 22,9 bi, representando uma variação anual de +122%. Com duas emissões de debêntures de suas subsidiárias e outros empréstimos com o BNDES, a companhia efetuou a emissão de R$ 2,2 bi em dívidas no período. O seu indicador dívida líquida/EBITDA calculado pelos últimos 12 meses ficou em 3,4x ante 2,0x no 2T21.