O jogo começa a virar: melhora no a/a, apesar de ainda abaixo do potencial.
A ENGIE Brasil apresentou, nesta terça-feira (02), os seus resultados referentes ao 2T22, com forte crescimento na base anual, apesar de levemente abaixo de nossas expectativas. Com o aumento do volume de chuvas, desencadeando em uma boa performance de suas geradoras hídricas no período, o bom resultado apresentado pela companhia contou também com a contribuição de seus novos empreendimentos de geração complementares, evoluindo em seu desempenho, reforçando a nossa tese de investimentos para a companhia. Ainda acreditamos em evolução de resultados da empresa ao longo do ano.
Diante disto, mantemos a recomendação de Compra para EGIE3, com preço-alvo estipulado em R$ 47,00 para o final de 2022. Entendemos que os ativos da Engie têm grande capacidade de geração de caixa, o que nos leva a esperar um DY de 6%, aproximadamente, além de fortes resultados ao longo do ano.
Comentário ESG. A ENGIE Brasil recebeu no trimestre o prêmio “Melhores do ESG 2022” promovido pela revista EXAME. Além disso, um dos ajustes em seu resultado operacional foi um impairment, no valor de R$ 180 mm, em decorrência do avanço das negociações de venda da sua Usina Termelétrica Pampa Sul, que não operou no período. Apesar de impactar negativamente em seu resultado, ao nosso ver, o impairment simboliza mais um passo em relação a sua transição energética, e as suas metas de desenvolvimento sustentável.
Resultado consolidado. No período, a ENGIE Brasil apresentou uma receita operacional líquida no valor de R$ 3,0 bi, variação negativa de 4% a/a. Apesar da melhora operacional de seu segmento de geração, como abordaremos mais à frente, a receita contábil de transmissão influenciou negativamente, mas lembrando que nesta não existe efeito-caixa. Em relação aos custos operacionais totais, na comparação anual houve queda de 25%, também por causa do efeito contábil dos custos de transmissão. Sendo assim, a ENGIE reportou ao final do período um EBITDA ajustado de R$ 1,89 bi, +24% a/a, com avanço também em sua margem, que ficou em 62% (+14,4 p.p. a/a). Por fim, o lucro líquido ajustado apresentado pela companhia foi de R$ 514 mm (+20,4% a/a.), abaixo de nossas estimativas de R$ 1,6 bi, ex-TAG, empresa de transporte de gás. Quando comparado a parte de geração e transmissão às nossas expectativas, a performance foi 5% abaixo, o que nos leva a um resultado neutro para o 2T22.
Produção de energia. A produção de energia da ENGIE no trimestre foi de 4.718 MWm, variação de +59,8% a/a, isso excluindo a contribuição do Complexo Termelétrico Jorge Lacerda, que foi vendido no 4T21. Desta produção, aproximadamente 84% foram atribuídos a geração hídrica, que registrou uma variação positiva de 94% a/a, avanço consequente do volume favorável de chuvas em todo território nacional. Nas usinas complementares, vimos uma variação de +22,2% a/a, totalizando 736 MWm, em razão da contribuição das suas recentes aquisições, em particular dos Conjuntos Fotovoltaicos Paracatu e Floresta. Além disso, no período a companhia teve a entrada operacional do Conjunto Eólico Campo Largo II.
Geradoras. No segmento de geração, a receita operacional líquida somou R$ 2,4 bi, (+15% a/a), principalmente em razão (i) do aumento de contratos de energia vendidos, tanto no ambiente livre quanto no regulado, e (ii) à elevação da quantidade de energia produzida no período. O preço médio de energia vendida também apresentou alta, de 6,9% a/a, reportando valor de R$ 219,52/MWh. Essa variação leva em consideração principalmente a atualização monetária dos contratos vigentes e a aquisição de seus novos conjuntos fotovoltaicos. Com o aumento de +9,6% a/a em seus custos, o segmento de geração apresentou, individualmente, um EBITDA ajustado de R$ 1,5 bi (+20% a/a).
TAG. A Engie possui 32,5% da TAG, companhia de transporte de gás. Em decorrência do reajuste de seus contratos de longo prazo, que são indexados via IGP-M, a TAG registrou um avanço de 10% a/a em seu EBITDA, totalizando R$ 1,6 bi, além de +8,7% a/a em seu Lucro Líquido, que registrou R$ 492 mm. das obras está em mais de 90%. Por fim, o parque eólico Santo Agostinho Fase 1 está com quase 15% das obras concluídas, e espera-se uma capacidade instalada adicional de 434 MW, devendo gerar resultados a partir do 4T22.
Projetos em desenvolvimento. Neste trimestre, o seu projeto de transmissão, Gralha Azul, chegou em 99,9% de avanço geral, necessitando de apenas uma conexão e um seccionamento para entrar em operação integral. No 2T22, ele estava gerando aproximadamente 94% de sua RAP prevista. Novo Estado, outro projeto de transmissão em desenvolvimento, no trimestre alcançou conclusão de 93,4%, contribuindo no período com aproximadamente 49% do total de sua RAP prevista. O projeto deve ser concluído no quarto trimestre deste ano. Por último, a primeira fase do Complexo Eólico Santo Agostinho, ao final do trimestre, apresentou progresso geral de 19,5%. A previsão de início operacional do complexo é para o último trimestre, e ele irá contribuir com uma capacidade instalada de 434 MW.
Proventos. O Conselho de Administração da ENGIE Brasil aprovou, no dia 2 de agosto, a distribuição de dividendos intercalares no valor de R$ 578 mm, referente ao resultado do primeiro semestre de 2022, o que implica em um payout de 55% do resultado do período e equivale a R$ 0,70/ação. As ações ficam ex-dividendos no dia 17/08/2022, com data de pagamento ainda a ser definida.